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Ela largou as revendas, abriu uma barbearia-balada e fatura R$ 3 mi por ano

Luciana Barros abriu um salão de beleza e uma barbearia-balada no Rio de Janeiro - Divulgação
Luciana Barros abriu um salão de beleza e uma barbearia-balada no Rio de Janeiro Imagem: Divulgação

Talyta Vespa

Da Universa

21/03/2019 04h00

A relação da empresária Luciana Barros, de 45 anos, com o dinheiro começou cedo. Ela nasceu em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, em uma família de classe média. No entanto, ainda na infância, o pai, dono de farmácia, perdeu a empresa e se endividou. Isso fez com que Luciana entendesse: "eu preciso guardar dinheiro".

A carioca se casou cedo, aos 17 anos, com um homem dez anos mais velho, dono de um hortifrúti. Casada, ela fez faculdade de design de interiores apostou nas revendas como forma de faturamento -- viajava para visitar a irmã, que mora na Holanda, e trazia maquiagem para revender aqui.

Com a grana, acumulada por dez anos, comprou um salão de beleza e, hoje, é dona, também, de uma barbearia-balada que recebe até 400 pessoas em uma noite.

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Balada recebe, aos sábados, em torno de 400 pessoas
Imagem: Divulgação

Luciana sabe que o fato de o marido ter segurado as contas de casa enquanto ela apostava nas revendas foi crucial para que economizasse dinheiro. A cada viagem, ela conta, o lucro chegava a R$ 5 mil. Ela pagava apenas a faculdade, cuja mensalidade era de R$ 500 à época. O que sobrava ia para a aplicação.

"Eu viajava duas, três vezes por ano e comprava um monte de coisa para revender em um salão de beleza perto de casa. Eventualmente, ia até a zona sul do Rio para vender semijoias".

"Até que, em 2014, a dona do salão de beleza onde eu vendi produtos por dez anos decidiu fechar o espaço. Ela o colocou à venda por R$ 250 mil. Eu não tinha todo o dinheiro, mas dei uma boa entrada com o que eu tinha economizado e parcelei o resto. Deu certo. Além das semijoias e maquiagem, coloquei bolsas, roupas e acessórios à venda no cabeleireiro. Era funcional. As pessoas cortavam o cabelo e sempre se presenteavam com uma coisinha", conta.

A empresária continuou com as viagens para abastecer esse estoque. "Meu faturamento, nessa época, aumentou para R$ 600 mil anuais. Então, achei que precisava investir. Decidi apostar no mercado de risco e investir 3% do meu lucro mensal na bolsa de valores. Gostei da brincadeira. Não parei até hoje. Sempre aposto metade do que ganhei. Se, com a aposta, ganho R$ 1 mil, coloco para jogo só R$ 500. Ela, inclusive, foi a única mulher a participar de um reality show de ações promovido pela empresa Ativa Investimentos em fevereiro.

Esse negócio de ser dona de um espaço fez a cabeça de Luciana. Em uma das viagens que fez para visitar a irmã, percebeu a tendência que eram as barbearias lá fora. Aqui no Brasil, ela conta, a moda havia começado a voltar. "Decidi que queria abrir uma barbearia, mas que queria que ela fosse um espaço de interação que iria além da cerveja e do espaço masculino. Pensei: vou abrir uma barbearia que também é uma balada".

Ao lado do cabeleireiro de Luciana, havia uma capela que tinha sido desativada. Ela achou que seria interessante ter um negócio ao lado do outro, então decidiu que transformaria o espaço em seu novo negócio. Ela alugou a capela por R$ 8,3 mil mensais e investiu R$ 300 mil em reformas, compra de materiais, contratação de funcionários e aparelhagem de som. Hoje, a barbearia-balada Old Hunters fatura R$ 3 milhões anualmente e rende, de lucro, R$ 600 mil.

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Balada recebe, aos sábados, em torno de 400 pessoas
Imagem: Divulgação

O espaço abre de terça-feira a domingo e funciona das 10h até o último cliente, garante Luciana. Aos sábados, que é quando tem karaokê com banda, mais de 400 pessoas se unem no espaço de 250m². A cada dia, o show leva um tema, que vai de rock até sertanejo.

"O serviço de barbearia e corte de cabelo funciona até às 20h, em dias de semana, que é quando começa a festa. Aos sábados, até as 22h. Às vezes, realizamos eventos em que os cortes acontecem ao mesmo tempo que a balada".

As viagens, agora, acontecem com menos frequência pela falta de tempo. O cabeleireiro já não tem tantos produtos à disposição dos clientes, o que, para Luciana, não é um problema. "Não dá para fazer tudo".

Ela conta que, no próximo mês, vai começar a lecionar em um curso sobre investimentos. "Com turmas pequenas, para que as aulas atendam ao que cada um espera. Além disso, meu sonho é abrir uma ONG que ajuda mulheres a empreender. Quem sabe um dia eu consiga".