Falar sobre feminismo ou machismo te irrita? Veja o que 9 mil pessoas dizem
Pesquisa divulgada na sexta-feira (29) pelo Instituto Avon mostra que, quando o assunto é feminismo, a resistência para o diálogo vem dos dois lados: tando do de quem apoia quanto do de quem é contrário.
O levantamento, feito com 9.000 pessoas de diferentes cidades, apontou que 80% dos entrevistados que se consideram contra o feminismo não querem conversar com quem pensa diferente.
O número não muda muito quando o recorte é feito com quem se considera feminista: 70% diz não ter interesse em dialogar com quem tem ideias divergentes das suas.
Ainda sobre esse assunto, a percepção de 64% dos entrevistados é de que diálogos sobre machismo e feminismo vêm carregado de agressividade.
A pesquisa, que tem o tema "Como conversar com quem pensa muito diferente de nós", foi apresentada durante o 6º Fórum Avon Fale Sem Medo, no dia 29, em São Paulo. Ela foi feita em parceria com o portal Papo de Homem e mostra ainda que só dois em cada dez brasileiros procuram interagir ativamente com pessoas que têm posições contrárias - embora sete em cada dez acreditem que esse diálogo é benéfico.
Veja outros números da pesquisa, sobre machismo e feminismo:
64% das pessoas afirmam que o principal obstáculo para o diálogo sobre esses temas é a agressividade
Outras 36% se sentem cansadas nessas conversas, mesmo número das que se sentem curiosas. 31% ficam frustradas, e 24% dizem perder a paciência. Tristeza (21%), raiva (13%), animação (8%) e alegria (2%) também aparecem nas respostas.
46% dizem que não se envolvem nessas conversas por "não gostar de radicalismos"
Para outros 39%, falta energia para se envolver no diálogo, mesmo número dos que dizem que a grande dificuldade é o outro lado não ter empatia para escutá-las. 30% têm pouca paciência e 8% afirmam que a dificuldade em ser empático é o grande problema.
58% dos entrevistados entendem feminismo como um "movimento por direitos iguais"
E 26% das pessoas, mesmo apoiando, dizem que "às vezes é agressivo e radical demais". Já 16% acreditam que o movimento "defende a superioridade das mulheres" e que é "o oposto de machismo".
O apoio ao diálogo aumenta de 69% para 87% quando não são usadas as palavras gênero ou feminismo
Entre as pessoas mais fechadas, que evitam conversar com quem pensa diferente, suprimir os termos tem um efeito ainda maior: salta de 44% para 75%. E, no final, a maioria concorda em um ponto: 75% das pessoas dizem que conversar sobre gênero, machismo e feminismo, mesmo que sem o uso dessas palavras especificamente, foi benéfico para construírem seus posicionamentos.
"Conversar sobre temas de gênero sem usar palavras como feminismo, machismo, masculinidade tóxica, patriarcado, equidade, cultura de estupro e gênero pode facilitar a construção de pontes com quem está muito fechado", conclui o estudo.
Sobre querer conversar com quem pensa diferente
O estudo mostra que 15% das pessoas buscam dialogar, regularmente, com quem discordam; 50% oscilam no interesse por conversar com quem tem opiniões contrárias; e 35% evitam conversar com quem diverge delas e não têm interesse em ler sobre opiniões diferentes.
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