Deixar de fazer depilação na virilha é falta de higiene?
Depilação é uma questão que mexe com as mulheres. Por mais que hoje as mulheres saibam que não são obrigadas a cumprir esse ritual para agradar os homens, muitas não conseguem se livrar do hábito. E nem precisa, o que a gente tem é que se sentir bem. Mas é fato que ninguém acha gostoso passar por aquela sessão de tortura na cera -- e até a lâmina, que é indolor faz perder tempo.
E não falta quem cobre que a mulher se depile: mães, maridos e amigas usam a desculpa da falta de higiene para dar um toque em quem "não está em dia"com a depilação.
Mas o que dizem os médicos? Pelos na região da vulva de mulheres são, como alguns dizem, nojentos, sinal de desleixo e falta de higiene?
Não é bem assim. A ginecologista, obstetra e sexóloga Erica Mantelli afirma que a higiene está relacionada à limpeza da área e não com a quantidade de pelos. "Eles dão mau cheiro apenas se a mulher estiver com alguma infecção vaginal ou não estiver fazendo a higiene de forma adequada. Isso ocorre porque na base do pelo há glândulas que produzem gorduras para lubrificar e resfriar a pele, que podem acumular e causar um odor desagradável."
Ação protetora
Na verdade é o contrário: os pelos pubianos, assim como os cílios e as sobrancelhas, funcionam como uma defesa do organismo e a depilação total pode, sim, comprometer essa proteção. "A depilação, seja com cera, lâmina ou cremes depilatórios, deixa a pele da vulva com os poros entreabertos e expostos e as bactérias se aproveitam da situação para penetrar na pele e causar infecções e irritações, como a foliculite e alergia", explica o ginecologista Antonio Pera. Se ocorrer com muita frequência, é preciso procurar um dermatologista para orientação.
O que pode e o que não pode lavar
O genital feminino é composto por duas partes. A vulva, que é a área externa e inclui a entrada da vagina, os grandes e pequenos lábios e o clitóris; e a vagina (canal vaginal), que é a parte interna. Entre as suas funções está eliminar o fluxo menstrual, permitir a saída do bebê no momento do parto e permitir relações sexuais com penetração. "A higienização íntima deve ser realizada apenas na parte externa, a vulva.
O canal vaginal não deve ser lavado, pois é autolimpante. Ou seja, possui um conjunto de lactobacilos que formam a flora vaginal, mantendo o PH da região ácido e pronto para matar fungos e bactérias. Portanto, quando a mulher lava a vagina, ela retira a proteção natural e fica sujeita a corrimentos e infecções", esclarece a ginecologista Barbara Murayama.
Vulva limpinha
Devemos, claro, manter a região limpa, mas sem exageros. A vulva também tem uma proteção natural que a reveste. "A higiene deve ser feita, no máximo, duas vezes por dia, com água corrente, sabonete com PH parecido com o da vagina (ácido) e de preferência líquido e sem cor (branco ou transparente). Os corantes podem conter agentes que aumentam a secreção vaginal e causam coceira e alergia", diz Barbara.
Os especialistas também aconselham ficar longe de sabonetes bactericidas, pois podem retirar toda camada protetora da região. "Esponjas, cotonetes ou qualquer outro apetrecho devem ser descartados, pois podem raspar a vulva e provocar ferimentos. A melhor opção para lavar e retirar a gordura genital é usando os dedos, com movimentos leves e circulares", aconselha Erica.
Lenços umedecidos: bom ou ruim?
Eles não devem ser utilizados com frequência. "Sentiu odor desagradável na rua ou no trabalho? Use. Mas seque o excesso, pois manter a região muito úmida pode intensificar o mau cheiro e desencadear doenças como a candidíase", conclui a ginecologista e obstetra Alyne Vieira.
Portanto, depilar ou não é uma questão pessoal e nada tem a ver com a higiene. O que importa é estar bem consigo mesma.
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