"Ele me ensinou a ver o mundo de outra forma", diz top sobre filho autista
Lais Ribeiro é uma das modelos brasileiras mais importantes da atualidade. Angel da Victoria's Secret, a piauiense começou a carreira em 2009, aos 18 anos, e logo ganhou lugar de destaque em desfiles e campanhas mundo afora. Mãe de Alexandre, 10, a top model se tornou também uma voz sobre a conscientização do autismo -- condição com a qual o menino foi diagnosticado há cinco anos.
Por algum tempo, Lais preferiu tratar o assunto com discrição e o restringiu apenas ao seu círculo próximo. Há cerca de um ano, no entanto, ela tornou público o autismo de Alexandre, ao fazer uma tatuagem em homenagem ao menino. Neste Dia Mundial de Conscientização do Autismo, ela conta à Universa como foi descobrir que o filho se enquadrava no Transtorno do Espectro Autista e como isso mudou sua forma de ver o mundo.
"Há cerca de cinco anos, Alexandre foi diagnosticado com autismo. A sensação é de um mundo novo que se abre, e que você precisará enfrentar, como todo desafio. O desconhecido pode causar apreensão, mas com informação, logo você entende que a vida seguirá normalmente. Eu aprendi muito com o Alexandre. Ele me trouxe a possibilidade de aprender sobre algo que, naquele momento, era um mundo novo diante de mim. Com o passar dos anos, isso deixa de ser um susto, e passa a ser uma nova forma de enxergar o mundo.
Sete meses depois de ser descoberta, fui morar em Nova York e o Alexandre ficou no Piauí com a minha família. Então, no início da minha carreira, eu ficava entre Nova York e o Brasil. Foram quatro anos longe, uma fase em que eu sofria muito com as saudades dele. Logo que me estabilizei, pude trazê-lo para morar comigo nos Estados Unidos. Daquele momento em diante, tudo melhorou. Tê-lo por perto, morando comigo, transformou meus dias, e pude levar a carreira adiante com mais facilidade.
Nossa família é muito unida e sempre contei com o apoio dos familiares mais próximos, especialmente da minha mãe e da minha irmã. A adaptação em um país diferente leva algum tempo. É claro que também foi assim com ele, até aprender o idioma, se adaptar à cultura e criar novas amizades. A proximidade da família ajudou muito para que essa adaptação acontecesse da forma mais tranquila possível. Como ele é novo, é mais fácil aprender novos idiomas. Hoje ele já tem a turma de amigos aqui nos Estados Unidos, se sente em casa e leva a vida normalmente. Mas, assim como eu, ele também ama ir ao Brasil, estar próximos das raízes e rever a família no Piauí. Fica muito feliz toda vez que vamos ao país.
Ainda existe preconceito com o autismo. Procuro lidar com isso de forma didática e com bastante amor no coração. Acredito que a informação é um poderoso transformador. Aos que não sabem lidar com a condição do autista, um pouco de informação pode ajudar a entender e respeitar as diferenças. A vida de um autista não precisa ter nenhum tipo de limitação.
Nosso cotidiano é normal: somos uma família unida, que se ajuda. Como toda criança, o Alexandre brinca com os amiguinhos e frequenta a escola normalmente. É uma condição, apenas uma característica. Não é um impeditivo para absolutamente nada. Por isso, procuro fazer com que ele viva normalmente, assim como todas as crianças da idade dele.
Como o diagnóstico dele é algo relativamente recente, neste tempo, busquei informações para saber a melhor forma de lidar com a condição dele. Passei a consultar especialistas e a ler relatos de mães que já haviam passado pelo mesmo momento pelo qual eu estava passando, e foi então que encontrei conforto e base para lidar com o autismo. Como os relatos de muitas mães me iluminaram com informação, achei que era algo que eu deveria falar a respeito, para ajudar outras pessoas a lidarem com a mesma questão, e para que minha vivência pudesse ser construtiva para quem precisasse de informação sobre o assunto.
O Alexandre me abriu novos horizontes e me ensinou formas diferentes de enxergar o mundo. Ele é um ser humano iluminado e que me ensina diariamente. Temos uma troca muito enriquecedora. Os autistas, como ele, são pessoas especiais e sensíveis, que enxergam o mundo de maneira própria. Essa é uma condição que torna as pessoas simplesmente diferentes. Aos que estão aprendendo a lidar com isso, digo que a informação é algo transformador. Busque informação com especialistas e leia relatos de pessoas que passaram por algo semelhante.
Não há nada a temer. Muito pelo contrário: desde que recebi o diagnóstico do Alexandre, tenho aprendido cada dia mais sobre a riqueza da diversidade."
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