Superar uma traição: 9 etapas a encarar para poder seguir em frente
As pessoas são diferentes e, portanto, agem e reagem de modos distintos diante de uma traição. Sentimentos e atitudes dependem de uma série de questões: há quanto tempo os dois se relacionam, se têm filhos, se administram um negócio juntos e por aí vai. As etapas para enfrentar uma infidelidade, portanto, variam de casal para casal e conforme a trajetória de cada um. Porém, de acordo com especialistas, uma traição só se torna página virada na vida de alguém se alguns estágios forem vivenciados. A ordem, basicamente, seria:
1. Surpresa
Normalmente, idealizamos o par e a relação. Mesmo sabendo que ninguém está livre de uma traição, pensamos que conosco será diferente. A surpresa diante da materialização da infidelidade faz com que as pessoas caiam na real, o que é sempre muito doloroso. "O momento da descoberta é muito difícil, porque paralisa: é uma espécie de choque com uma alta descarga de energia emocional. A pessoa fica sem ação e sofre demais por isso, pois pensa que nunca vai superar tamanha dor", explica Rejane Sbrissa, psicóloga clínica de São Paulo (SP).
2. Negação
A negação é um mecanismo de defesa que o ser humano utiliza diante de fatos dolorosos, como descobrir que um grade amor agiu de modo desleal. É mais fácil negar, em princípio, fingir que não aconteceu a traição. O tempo de duração dessa etapa pode ser breve --minutos-- ou durar dias, até a pessoa encarar a realidade.
3. Culpa
De acordo com Livia Marques, psicóloga do Rio de Janeiro (RJ), após a descoberta algumas pessoas se sentem culpadas por terem sido traídas. "É comum acharem que se tivessem feito algo diferente poderiam ter mudado o resultado final. Meu conselho é: não se culpe. Se o outro a traiu foi porque ele quis", afirma. Nem todo mundo passa por essa fase; há quem a "pule" e vá direto para o próximo estágio, o da raiva.
4. Raiva
É um momento permeado por muita confusão, porque a raiva pode ser direcionada não só a quem cometeu a traição, mas a si mesma. Embora dolorosa, é uma etapa crucial. É importante abrir o jogo sobre os sentimentos, mostrar a insatisfação. A raiva é produtiva porque gera movimento, ação, questionamentos e reflexões sobre a relação.
5. Mágoa
Quando a raiva passa ou diminui, é hora de encarar a mágoa. "Ela faz você se lembrar de tudo de bom que viveram, de tudo o que construíram juntos e foi colocado em risco com a traição. Diferentemente das etapas anteriores, a mágoa permite que a relação possa ser vista como um todo, com diversos bons momentos partilhados, e não somente como um episódio ruim", pontua Rejane. Claro que dói muito passar por essa fase, mas ela gera aprendizado. Os prós e os contras são avaliados com maior critério e a cabeça começa a entrar no eixo para tentar superar a traição.
6. Sentimentos de vingança
É válido destacar: nem sempre eles são, de fato, efetivados. Em muitos caso, ficam só no plano da imaginação. Segundo Joselene L. Alvim, psicóloga clínica de Presidente Prudente (SP) e especialista em Neuropsicologia pelo setor de Neurologia do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), concretizá-los ou não depende da maturidade emocional e do tipo de personalidade da pessoa. "Dar o troco, traindo também, é uma forma de alívio para muita gente, mas trata-se de um alívio momentâneo, que pode causar muitos problemas depois", avisa. É preciso refletir se "pagar com a mesma moeda" é a melhor forma de tentar resolver as coisas.
7. Diálogo
Conversar com calma, depois que os sentimentos de raiva e mágoa foram abrandados, é fundamental. "Dialogar consiste em uma fase importante para tentar entender o que houve e ressignificar a relação, caso o casal deseje permanecer nela", diz Joselene.
8. Perdão
Para Joselene, ao entender o que houve é preciso decidir se o casal segue junto ou se separa. Em ambos os casos, pode existir o perdão ou não. Perdoar é seguir a vida, com ou sem o outro, mas sem dores emocionais. "As razões pelas quais as pessoas têm dificuldade para perdoar nem sempre estão ligadas à exclusividade sexual, ao orgulho ou à opinião dos outros. Em geral, os motivos são muito mais profundos, ligados à confiança, lealdade e à desconstrução de sonhos e expectativas. Mas, se a escolha é perdoar, é preciso fazer isso de verdade, compreendendo e aceitando os fatos", explica Rejane.
9. Superação
"É o momento em que a pessoa se vê livre, consegue seguir em frente e não se abalar mais pela traição do outro. Ela está pronta para um novo relacionamento ou para tentar reconstruir aquele", define Lívia. De acordo com Joselene, se os dois desejam resgatar a confiança e investir na relação o foco deve ser o casal, e não o caso ocorrido. "O que não pode é dizer que perdoa, ficar no relacionamento e toda vez que há alguma discussão, o traído joga na cara do outro a infidelidade", diz. De qualquer forma, superar é um processo doloroso e inevitável. É preciso respeitar cada etapa. Decisões precipitadas, como optar pela separação ou passar por cima da situação, produzem apenas alívio temporário. Tais alternativas não devem ser desconectadas de reflexão. "Superar não é esquecer, mas entender e reconfigurar suas crenças na relação. É lembrar não com rancor, e sim com o aprendizado, para que tudo que foi vivido sirva de referência para suas atitudes daquele momento em diante, com ou sem seu parceiro", explica Rejane.
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