Mulheres sofrem constantes abusos e estupro em fábricas de roupas no Vietnã
Mulheres que produzem roupas e calçados no Vietnã, muitas provavelmente para grandes marcas dos EUA e da Europa, enfrentam assédio sexual e violência no trabalho constantemente. Os nomes das fábricas e das marcas para onde elas fornecem seus serviços foram mantidos em segredo.
Um estudo da Fair Wear Foundation e da Care International, organizações que atuam para melhorar as condições de trabalho na indústria de vestuário e têxtil, aponta que quase metade (43,1%) das 763 mulheres entrevistadas em fábricas localizadas em três províncias vietnamitas disseram ter sofrido pelo menos uma forma de violência e/ou assédio no ano passado. Entre os crimes estão apalpar o corpo das funcionárias até o estupro. Algumas dessas fábricas vietnamitas têm até 20 mil funcionárias.
A especialista em violência baseada em gênero e autora do estudo, Jane Pillinger, disse ao "The Guardian" estar chocada com o resultado. Ela revela ainda que os números podem ser maiores.
"Há uma cultura significativa de silêncio em torno disso, e os números provavelmente são ainda maiores. Soubemos que algumas mulheres não responderiam às perguntas nas entrevistas, talvez por temerem que suas respostas se voltassem de alguma forma contra elas ou seus maridos".
A pesquisa é a primeira a correlacionar violência e assédio sexual em fábricas de roupas. Isso inclui horas extras excessivas, salários baixos, longas jornadas de trabalho e metas de produção surreais, impostas por marcas muitas vezes bem conhecidas.
Cerca de 2 milhões de pessoas estão empregadas no setor de vestuário no Vietnã, e mais de 80% delas são mulheres. A grande maioria dos entrevistados (87,7%) sofreu abuso verbal e assédio, definidos como comentários inadequados ou ofensivos sobre seu corpo; metade (49,5%) havia sofrido violência ou assédio enquanto se dirigiam para o trabalho; um terço (34,3%) foi tocado, beijado ou apalpado; e um terço (28,9%) sofreu assédio não verbal, como gestos obscenos.
Os funcionários também disseram trabalhar até 90 horas extras por mês durante períodos de maior movimento, além de suas jornadas de 12 a 13 horas. Quase metade de todas as mulheres trabalhavam mais de 60 horas extras por mês, mas muitas afirmaram que as horas extras não eram remuneradas. Devido à pressão, elas admitiram ainda que tiveram medo de parar o trabalho para irem ao banheiro, sob ameaça de terem o salário reduzido.
O estudo lembra que o Vietnã tem um código de conduta sobre o assédio sexual no local de trabalho, mas atenta que poucos estavam cientes deste código ou cumprindo com ele. Apesar disso, endossa o documento, novos acordos comerciais entre a União Europeia e o Vietnã estão em andamento, à medida em que o país se prepara para uma nova legislação trabalhista, incluindo a ratificação das convenções da Organização Internacional do Trabalho sobre negociação coletiva e liberdade de associação.
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