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Naomi Campbell lembra luta por igualdade: "Exigia os mesmos salários"

Naomi Campbell - Getty Images
Naomi Campbell Imagem: Getty Images

Da Universa

15/04/2019 10h51

Naomi Campbell falou sobre a importância de valorizar todas as culturas dentro da moda e reforçou a riqueza e o talento do design na África durante um evento promovido pela revista editora Condé Nast, na Cidade do Cabo, na África do Sul.

Na conversa, a supermodelo relembrou um episódio em que foi informada que uma campanha estrelada por ela não seria veiculada em um determinado país por ela ser uma mulher negra. "Foi uma constatação da nossa realidade", afirmou.

Naomi aproveitou para enaltecer a figura de Nelson Mandela e contou de sua relação muito próxima com o ex-presidente, que chamava carinhosamente de vovô.

"Quando você pensa na África do Sul você pensa em Mandela e é assim que sempre será", disse a modelo que contou ligar para a família de Mandela quando está em Joanesburgo. No bate-papo, ela relembrou o primeiro encontro com o ex-presidente, que aconteceu na África do Sul durante um evento do Miss Universo.

"Quando eu subi ao palco, recebi uma ligação dizendo que eu conheceria Nelson Mandela. Eu gritei, porque ele era um símbolo de esperança para mim e muitos outros. Ele representava liberdade, solidariedade, não julgamento, humildade", declarou.

"Lembro dele ter me dito tempos depois que renunciaria à presidência e eu perguntei por quê. Ele disse que seria muito mais fácil para ele cuidar da geração que seria o futuro da África do Sul não sendo político. Assim ele conseguiria mais ajuda. O vovô me disse para falar a minha verdade, para não ter medo de usar minha voz para ajudar aos outros", contou Naomi.

A modelo, de 48 anos, relembrou seu primeiro desfile depois de 33 anos na indústria da moda. Ela era a única negra.

"Eu costumava brigar para ter os mesmos salários que as minhas colegas brancas que estavam ali fazendo o mesmo trabalho que eu. Naquela época estilistas famosos ainda nem cogitavam em usar uma modelo negra em suas campanhas e desfiles. Acho que melhorou muito, mas ainda não existe um equilibro. Eu sou o novo rosto de uma campanha e fui informada que por causa da minha cor alguns países não vão usar as minhas fotos. Nunca acreditei no hype, então sempre mantive as coisas na minha perspectiva. Mas agora eu gostaria muito de saber que as modelos negras têm as mesmas oportunidades e salários que as brancas", afirmou.

"Existem muitas agências aqui. E eu vi modelos incríveis na última semana de moda. Rostos incríveis que não fazem a mínima ideia do quanto são especiais", desabafou.