10 expressões racistas que deveríamos tirar do nosso vocabulário
A escravidão negra é um capítulo muito marcante da história do Brasil. A influência desse período está presente, inclusive, no vocabulário da língua portuguesa. Não se sabe a origem exata de várias expressões que usamos no dia a dia, mas algumas delas podem ser consideradas ofensivas por lembrarem de situações diversas -- e na maior parte das vezes muito dolorosas -- que foram vividas por negros ao longo da história.
Por isso, assim como precisamos deixar para trás preconceitos que surgiram durante a escravidão, podemos repensar algumas palavras que usamos. A Universa reuniu dez expressões que podem ser consideradas racistas e que deveríamos tirar de nosso vocabulário:
Denegrir
De acordo com o dicionário Michaelis, a palavra significa "tornar negro" ou "difamar". O dicionário dá conta que há duas formas corretas de escrever o termo: denigrir e denegrir. Ambas as palavras, no entanto, tem o latim "denigrare" como origem. A expressão é ofensiva porque considera algo negro como negativo.
Criado-mudo
O nome da mesa de cabeceira vem de um dos papéis desempenhados pela criadagem dentro de uma casa: o de segurar as coisas para seus senhores. Como o empregado não poderia fazer barulho para atrapalhar os moradores, ele era considerado mudo.
Fazer nas coxas
Não se sabe exatamente quando a expressão entrou para o nosso vocabulário, mas a versão da origem mais popular é a de que o termo viria do possível hábito dos escravos moldarem telhas em suas coxas. Como eles tinham corpos de diferentes formatos, as telhas acabavam não se encaixando corretamente e, por isso, estariam mal feitas.
Mercado negro, lista negra, ovelha negra...
Assim como em "denegrir", o uso do adjetivo "negro" em palavras como "mercado negro", "lista negra" e "ovelha negra" tem peso muito negativo, tornando-o pejorativo. Esse juízo de valor acaba afetando também as pessoas negras, reforçando o preconceito estrutural.
Mulata
O termo é usado para se referir a pessoas negras de pele clara. A palavra faz referência à "mula", filhote do cruzamento de égua com jumento. Ou seja, compara uma pessoa negra a um animal. A expressão se tona ainda mais pejorativa quando usada como "mulata tipo exportação", reforçando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria.
Não sou tuas negas
Ao usar a expressão, você diz que "não é qualquer um com quem pode se fazer tudo". Então quer dizer que as mulheres negras podem ser submetidas a qualquer coisa? Hoje não, mas na época da escravidão, quando surgiu a expressão, sim. As escravas negras eram literalmente propriedade dos homens brancos e usadas para satisfazer os desejos sexuais deles -- que "preservavam" suas mulheres brancas.
Trabalho de preto
De acordo com a crença popular do século 19, escravos eram preguiçosos e burros -- ou seja, não desempenhavam bons serviços. Por isso, ao dizer que algo é um "trabalho de preto", você está dando a entender que a atividade foi tão mal concluída que só poderia ter sido feita por uma pessoa negra.
Doméstica
A expressão designava as escravas que trabalhavam dentro das casas das famílias brancas. Normalmente, elas tinham a pele mais clara e traços semelhantes aos dos europeus, por isso tinham um "status superior" ao dos escravos da lavoura. Por receberam uma educação diferenciada e aprenderem algumas lições de bons modos, eram tidas como escravas "domesticadas".
Ter um pé na cozinha
A frase é muito usada para se referir a uma pessoa que não é exatamente branca nem negra. No século 18, a casa de famílias brancas tinham escravas trabalhando como cozinheiras e assistentes. Como elas eram, muitas vezes, assediadas e estupradas por seus senhores, era comum que tivessem filhos de peles mais clara. Por isso o "pezinho na cozinha".
Da cor do pecado
Normalmente usada como elogio, a expressão dá a entender que a pele mais escura é mais tentadora, representa algo sedutor, porém negativo. A frase torna, ainda, a cor da pele da mulher negra algo exótico e extremamente sexual.
Fontes: dicionário Michaelis, a militante e escritora Stephanie Ribeiro e o artigo "Metáforas Negras", de Vera Menezes
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