Casal gay sofre homofobia ao provar trajes para casamento: "Quero respeito"
Depois de quatro anos juntos, Will Oliveira, de 26 anos, e Marcelo de Brito Silva, de 34, vão se casar -- mas, menos de dois meses antes do grande dia, foram vítimas de homofobia e tiveram que prestar queixa em uma Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância).
Tudo aconteceu na terça-feira (16), quando o casal foi à loja Tutto Uomo, no bairro Anália Franco, zona leste de São Paulo, para alugar os ternos -- o que seria um presente de uma amiga.
Will, que terminou de provar os modelos que tinha escolhido primeiro, esperava Marcelo no andar de cima da loja, onde ficavam os provadores.
"Nós ficamos em salas diferentes para um não ver a roupa do outro antes do casamento", lembra.
Quando terminou de provar suas peças, ele decidiu esperar o companheiro ali mesmo, até que um senhor teria se aproximado dele e perguntado se precisava de ajuda. "Eu disse que não, obrigado, e que estava ali esperando meu noivo. Na hora percebi que ele estranhou e perguntou 'seu o quê?'. E eu repeti: 'meu noivo'".
Segundo o casal, o mesmo senhor teria ido até o provador de Marcelo para confirmar a história.
Apesar de ter dito que esperaria no andar de cima, em frente aos provadores, Will decidiu descer as escadas e tomar um café no andar de baixo, quando teria visto o idoso discutindo com uma moça.
O idoso teria dito, de acordo com o relato de Will, que "não atenderia esse tipo de público" e que "prefere ficar sem clientes na minha loja do que ter que atender esses gays".
"Eu fiquei péssimo. Quando o Marcelo saiu do provador, sem saber de nada, só falei para ele deixar a roupa lá e fomos embora", lembra.
O noivo, que dá aulas de Libras em uma escola de Guarulhos, na Grande São Paulo, denunciou o caso nas redes sociais -- em menos de uma semana, a publicação acumula mais de 400 comentários e 180 compartilhamentos.
Consequências
O casal foi à Decradi no mesmo dia prestar queixa por injúria.
Os noivos decidiram levar o caso à justiça e pedir indenização por danos morais, afinal, por causa desse episódio, tiveram de adiar o casamento em duas semanas.
"Se a gente se cala, a comunidade não avança em direitos", acredita Will. "Eu não estou enfiando minha orientação sexual goela abaixo de ninguém, mas eu quero ser respeitado."
Após a repercussão do caso, Will e Marcelo receberam mensagens de empresas dispostas a presenteá-los com álbum de fotos e roupas para o casamento.
"A comunidade gay pode ser uma minoria, mas quando se junta faz barulho", diz o professor de Libras.
O outro lado
Na quinta-feira (18), Will recebeu uma ligação de um representante da Tutto Uomo pedindo desculpas pelo ocorrido e convidando o casal para voltar à loja e conversar, mas Will e Marcelo preferiram recusar a proposta.
A Tutto Uomo disse, por meio de nota publicada nas redes sociais, que "repudia e é contra qualquer ato discriminatório".
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