A história oculta do abuso contra atrizes de "Azul é a Cor Mais Quente"
"Azul é a Cor Mais Quente" foi um dos maiores sucessos cinematográficos lá em 2013. A trama ganhou elogios por retratar a adolescência de uma jovem que começa a desvendar a própria sexualidade e se envolve com outra mulher. Ou seja, representatividade e visibilidade sobre relacionamentos lésbicos, assuntos que ainda engatinhava, na época.
Um dos maiores "destaques" do longa foi a cena de sete minutos de sexo entre as duas protagonistas, interpretadas por Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux. Mas o que poucas pessoas tem ciência é que os bastidores do filme vencedor do Festival de Cannes e Palma de Ouro é "enojador", como opinaram algumas pessoas após uma thread ganhar repercussão no Twitter.
Nela, a Mareilhas escancarou os diversos casos de abuso que aconteceram nos bastidores de "Azul é a Cor Mais Quente" - muitos deles ocultados pela mídia na época por não serem "tão interessantes ou importantes".
A jovem deu início a thread com duas fotos de Léa Seydroux chorando em coletivas de imprensa para a divulgação do projeto na época. Enquanto muitos veículos se aproveitaram das imagens para propagar a ideia de que ela estava "emocionada", a realidade (pouco falada) é que essa reação era consequência do que ela tinha sofrido no set de filmagens.
Em entrevistas feitas com as atrizes na época, ambas disseram ter usado próteses de vagina durante as filmagens para as cenas de sexo, que duraram mais de 10 horas consecutivas. Adèle inclusive chorava durante as gravações, em consequência da dormência e sangramento da vagina, mas era impedida de interromper a cena.
As informações são de uma entrevista de Léa Seydoux à revista "Esquire", em 2013.
"O diretor fazia as atrizes rodarem cena de sexo por horas, com as vaginas sangrando. Muitas vezes, ele enfiava o próprio dedo nas vaginas e seios das duas para mostrar como fazer"
"Você pode ver que estávamos sofrendo de verdade. Ela me bateu muitas vezes e ele (Kechiche) gritava: acerte-a! Bata nela outra vez, tudo com violência e humilhação"
O diretor Abdelliatif Kechiche posteriormente foi acusado por agredir e estuprar outra jovem atriz - que não se identificou
A conclusão, tirada por Mareilhas e apoiada pelas mais de 40 mil mulheres que curtiram a publicação, é de que o filme foi feito para satisfazer os fetiches de homens em relação ao sexo lésbico
"O diretor ainda acusa várias vezes as atrizes, justificando que elas estavam felizes no "tapete vermelho", ignorando que era uma das obrigações do contrato. Ele também justifica como sendo 'arte'"
Representatividade LGBT em Hollywood
Em 2018, O GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation) anunciou o seu relatório anual sobre a representatividade LGBT nos grandes filmes de Hollywood, e os resultados não são nada bons.
Em 2016, 23 filmes produzidos pelos grandes estúdios continham personagens LGBT, mas este número caiu para apenas 14 em 2017.
O relatório contém não apenas os números, mas também uma avaliação da qualidade desta representação. Trata-se do teste Vito Russo, que julga três elementos: 1. Se o personagem é claramente LGBT, e não apenas sugerido como tal, 2. Se ele não é definido apenas por sua orientação sexual ou identidade de gênero e 3. Se possui um papel importante na trama.
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