Advogada assassinada no PR sustentava a casa: "Ela tinha pena do marido"
A advogada criminalista Angelina Silva Guerreiro Rodrigues, de 42 anos, estava casada havia duas décadas. Deste relacionamento, teve um filho, hoje estudante de Engenharia. O marido, Nilson Aparecido Rodrigues, era aposentado por invalidez, porque tinha doença de Crohn -- uma inflamação séria do trato gastrointestinal.
A família não entende o porquê dele provavelmente ter golpeado a mãe de seu único filho dezenas de vezes com uma faca no rosto, pescoço e cabeça, na manhã da última segunda-feira, 22. O corpo de Angelina foi enterrado nesta terça, em Curitiba.
O caso, investigado na Delegacia da Mulher de Curitiba, está sendo tratado como feminicídio, e o suspeito está foragido. A assessoria de imprensa da polícia civil local informou que Nilson tinha um mandado de prisão por outro homicídio, cometido em 1996. O órgão informou que, à época, a Justiça determinou sua internação num hospital psiquiátrico por incapacidade intelectual, o que nunca ocorreu. E não deu mais detalhes.
Angelina era considerada uma segunda mãe para estudante de história Ana Paula de Oliveira, sua sobrinha, de 20 anos. A jovem contou à Universa que a tia sabia desse mandado: ele teria matado, também a facadas, uma ex-companheira, por não aceitar o fim do relacionamento. Mas sempre negou que tenha cometido o crime, e Angelina acreditou.
Nilson era religioso, não bebia, fumava nem usava drogas. "Não que a família tivesse conhecimento", atenta Ana Paula. Mas agredia a mulher. Apesar disso, Angelina dizia sentir pena dele, motivo que a impedia de deixá-lo.
O próprio filho do casal, nas palavras de Ana Paula, expulsou o pai algumas vezes de casa após presenciar uma briga. No dia do crime, ele não estava no local. Os vizinhos, no entanto, escutaram gritos de brigas vindos da casa no dia em que Angelina foi morta. Desde então, Nilson não foi mais encontrado.
"Quando você ama alguém, não espera aquilo da pessoa. E ele praticava bastante serviço comunitário, dava aula de música na favela. Por isso, ninguém pensou que poderia cometer um crime assim", tenta justificar a sobrinha da vítima.
Angelina perdeu a mãe para o câncer aos 29 anos. A irmã mais velha, mãe de Ana Paula, também enfrentou a doença e foi a advogada quem zelou por ela:
"Minha tia cuidava de todo mundo. Ela era muito pobre, da região periférica de Vila São Pedro, e mesmo assim sempre sustentou esse homem. Ele nunca trabalhou. Comprou a casa e o carro deles sozinha, pagou a faculdade, se transformou em alguém importante, numa advogada criminalista conhecida e querida na cidade. Mas tinha pena dele", lamenta a estudante.
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