Ménage, troca de casais, abrir relação: o que fazer quando tudo vai mal?

A busca por novas experiências sexuais como forma de esquentar a relação pode ter consequências negativas sob certas circunstâncias, mesmo que a curiosidade e a vontade sejam enormes. A mais comum é quando a expectativa, na verdade, não é do casal, mas apenas de um dos dois —aquele que propõe uma prática ou uma fantasia diferente, geralmente envolvendo outras pessoas.

Não são poucas as pessoas que topam coisas a fim de agradar ou para reconquistar o outro. Porém, abrir mão do que você quer para atender o desejo de alguém é receita para o desastre. Em nenhuma instância do relacionamento esse tipo de pensamento funciona.

Nem todo mundo está preparado para a realidade de vivências como sexo a três, swing, suruba ou abrir a relação. Uma boa autoestima é pré-requisito fundamental para encará-las, além de segurança e maturidade para entender que as coisas, na realidade, se desdobram de modo diferente do plano da fantasia. Ciúme, sentimentos de posse, raiva e apego podem entrar em cena.

Por isso, é fundamental criar um espaço de diálogo na relação. As pessoas podem e devem discutir outros formatos de interagirem, mesmo que não envolvam sexo.

Desejo não se controla

No entanto, é válido lembrar que, por mais que um casal estipule regras de convivência, inclusive para a realização de fantasias, ninguém é capaz de controlar o sentimento, o interesse e o desejo alheios. E, mesmo quando os dois entraram num consenso e estão dispostos a experimentações, é possível que o resultado seja, justamente, o contrário do almejado.

Isso acontece, principalmente, entre casais que buscam novas aventuras sexuais para contornar problemas na relação: traições, tédio, ausência de diálogo, comunicação truncada, inveja e por aí vai. Se o relacionamento já não anda tão bem, certas tentativas de melhorar as coisas podem torná-lo ainda mais frágil.

Um exemplo é abrir o relacionamento ou se aventurar em uma troca de casais numa casa de swing. Essas alternativas são para homens e mulheres que estão em perfeita harmonia, que sabem diferenciar o que sentem um pelo outro de prazer.

Fragilidade emocional

Casais em crise atravessam um momento de extrema fragilidade não estão conseguindo lidar nem com os próprios sentimentos, quanto mais saber administrar os do outro e, ainda, achar que algo diferente pode inovar a relação. Se a criatividade não existe entre o próprio casal, dentro do próprio relacionamento, a busca por novas experiências pode ser frustrante e decisiva para o rompimento.

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Apostar num relacionamento aberto ou partir para a troca de casais não são decisões tão simples de serem mantidas. Elas exigem honestidade, maturidade, confiança e, sobretudo, controle emocional. Quando o casamento está em crise, por qualquer que seja o motivo, não existem soluções mágicas. Muito menos diferentes práticas sexuais surgirão como tábua de salvação. O mais importante é parar, conversar, refletir e enfrentar essas diferenças, tratando de encontrar a melhor solução para os dois.

Fracassamos, e agora?

O fracasso de experiências sexuais diferentes a dois pode sinalizar várias coisas sobre a relação do casal. Uma delas é a necessidade de ambos sentarem e terem uma boa conversa. Ménage, troca de casais e relacionamento aberto podem, sim, ser algo saudável e positivo, mas o par precisa estar bem e em sintonia. Afinal, a base para qualquer relacionamento bem-sucedido, seja aberto ou monogâmico, é a transparência, a honestidade, o diálogo franco, aberto e respeitoso.

As pessoas podem entender que a perda do interesse sexual afeta o relacionamento como um todo, no entanto pode estar acontecendo exatamente o contrário: algo não vai bem e isso está afetando o lado sexual. Avaliar o relacionamento como um todo, assim como algumas questões individuais, é um bom começo para identificar falhas e lacunas existentes que precisam ser reparadas.

Alguns casais estão juntos simplesmente por conveniência e hábito.Não se olham, não dialogam. Então, como tentar reparar a relação através do sexo se mal existe interação e vínculo no dia a dia? O insucesso com as experimentações só amplifica o vazio e o distanciamento entre os dois. Nesse caso, o melhor a fazer para reparar o dano - ou melhor, descobrir se ainda é possível reparar o dano - é buscar o apoio de uma terapia de casal.

O terapeuta pode ajudar a encontrarem uma visão mais aprofundada e verdadeira sobre os conflitos. Além disso, é uma ferramenta ótima para homens e mulheres praticarem a escuta, algo que nem sempre acontece no cotidiano. No dia a dia, é comum um interromper o outro como forma de se defender e de não revelar suas dores. A terapia desnuda e desmascara aquilo que incomoda, mas que ninguém quer trazer à tona.

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Fontes: Breno Rosostolato, psicólogo, educador sexual e cofundador do projeto de imersão para casais LovePlan; Raquel Fernandes Marques, psicóloga clínica; e Ricardo Desidério da Silva, docente do Mestrado em Educação Sexual da Unesp/Araraquara.

*Com matéria publicada em 29/04/2019

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