"Engravidei três vezes de gêmeos e na última meu marido era vasectomizado"
Em três anos, a fotógrafa Steffany Azevedo, 28, teve três gestações de gêmeos seguidas, sendo a última confirmada após o marido ter feito uma vasectomia. Entre dificuldades e alegrias, ela conta, em depoimento à Universa, como é cuidar dos seis filhos. "Com a maternidade, eu aprendo o amor, a ser forte e paciente".
"Nenhuma das minhas três gestações foi planejada. Na primeira, eu e o meu marido, o Juliano, ficamos chocados quando descobrimos que teríamos gêmeos. Ele chegou a debater com o médico dizendo que era impossível, mas o doutor mostrou os dois fetos. A gestação foi tranquila, e o Sales e Sara nasceram no dia 24 de fevereiro de 2013.
Eu não queria ter mais filhos, morria de medo de engravidar e de ter gêmeos novamente, mas, em 2014, soube da segunda gravidez. Uma amiga me acompanhou no ultrassom e o médico disse: 'Parabéns, mãezinha, Deus te abençoou com dois'. Eu comecei a chorar e ele não entendeu. Minha amiga explicou que era minha segunda gestação gemelar seguida. Ele ficou surpreso e disse que nunca tinha visto um caso assim. Chegando em casa, meu marido disse: 'É só um, né?'. Eu falei que não, ele olhou o exame e ficou sem reação.
Meu segundo casal de gêmeos nasceu prematuro
A gravidez do Guilherme e da Geovanna foi de risco, eu passava mal e sentia muita dor. Eles nasceram prematuros de sete meses, em 19 de maio de 2015. O meu menino ficou internado por 15 dias e a minha menina por quatro meses. Ela não ganhava peso, pegou uma bactéria no hospital e ficou no isolamento. Foi uma fase complicada com dois bebês e um recém-nascido em casa e outro na UTI. A Geovanna não respondia ao tratamento, uma médica disse que só um milagre para fazer ela passar do fim de semana. Dizem que a oração que Deus mais escuta é a de uma mãe, eu pedi a ele e ele curou a minha filha.
Meu marido fez vasectomia e, mesmo assim, tive a terceira gestação gemelar
Após um ano do nascimento dos segundos gêmeos, meu marido fez vasectomia, mas depois de quatros meses, os exames mostraram que a cirurgia não tinha dado certo e que ele precisaria refazer o procedimento. Nesse tempo, eu tive enjoos, fui no posto de saúde, fiz um exame de sangue e o médico disse: 'o seu mal-estar tem nome, é gravidez'. Eu tinha certeza que seria só um bebê, mas, de novo, recebemos a notícia de que seriam dois. Eu e meu marido entramos em desespero. Eu só chorava. Recebi muitas críticas, as pessoas me chamavam de irresponsável por ter engravidado três vezes com tantos métodos contraceptivos disponíveis. Uma parente disse: 'Aborta, você já tem quatro, se você tirar dois não vai ser pecado'. O Kauan e o Luan nasceram em 24 de maio de 2016. Eu fiz laqueadura e retirei as duas trompas para não engravidar.
Passava um monte de coisa na minha cabeça, pensava como iria sustentá-los, comprar leite e fralda. Com tantas famílias em melhores condições que a minha, me perguntava por que aquilo estava acontecendo comigo. Enfrentamos muitas dificuldades, nós oito moramos em uma casa improvisada de três cômodos com a minha sogra. Meu marido vende açaí e eu trabalho com fotografia aos finais de semana.
Já tive que pedir dinheiro emprestado para pagar as contas e comprar comida. Houve vezes em que não tínhamos nada no armário e na geladeira ou só o suficiente para as crianças. Eu e o meu marido já fomos dormir sem comer para elas poderem dormir de barriga cheia. Faríamos tudo de novo se necessário.
Eu e o Juliano nos dividimos nos cuidados com os gêmeos. Nós estabelecemos uma rotina para nos organizarmos e não virar uma bagunça. Meu marido dá banho nos quatro meninos, e eu nas duas meninas. Na hora das refeições, eu cozinho a quantidade que cada um come, e meu marido coloca cada um no seu canto e distribui os pratos. Nos períodos livres, temos o nosso momento em família. Assistimos filmes, desenhos, brincamos de desenhar e de pintar. Desde pequeno, já os ensino a se virar e a ser independentes. Em 2018, eu criei um canal no YouTube "Três Vezes Gêmeos em Ação", onde conto a minha história e mostro a rotina das crianças.
A palavra que eu mais escuto durante o dia é "mãe", "mãe, "mãe"
Tem hora que eles me deixam doidinha me chamando ao mesmo tempo. Um fala 'mãe, quero água', o outro, 'mãe, fiz xixi', o outro, 'mãe, o Guilherme está me batendo", a outra, 'mãe, a Geovanna pegou a minha boneca'. A palavra que eu mais escuto durante o dia é mãe, mãe, mãe. Até quando eles estão dormindo ou estão na creche parece que ouço isso. Mesmo com a colaboração do meu marido, a pressão é grande.
Em momentos de estresse e cansaço extremos, eu já tive vontade de desaparecer e de morrer. Eu sinto falta de ter um tempo para mim, de um dia poder ir à praia sozinha e ouvir o barulho do mar. Eu não sou uma mãe ruim ou sou menos mãe por sentir a necessidade de respirar e de pôr a minha cabeça em ordem.
Ensino meus filhos a serem boas pessoas e a fazer a diferença no mundo
Apesar do aperto e dos perrengues, nunca me arrependi de ter tido meus filhos, eles são tudo para mim e não os troco por nada nesse mundo. Todo o estresse passa quando ganho um beijo, um abraço, um carinho deles ou quando eles pedem: 'mamãe, vem brincar comigo'. Olho para cada um e sou grata por serem lindos, perfeitos e saudáveis. Com a maternidade, eu aprendo o amor, a ser forte, paciente, resiliente, a lidar com o medo e a ansiedade. Não sei os planos de Deus ao ter me dado os seis, só sei que todos os dias luto para educá-los, ensiná-los o respeito ao próximo, a serem boas pessoas e a fazer a diferença no mundo".
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