Elas fazem sexo anal e o marido paga: "Se quiser, tem que recompensar"
Começou com uma brincadeira: o companheiro queria muito fazer sexo anal, mas a mulher não curtia. Aí ele veio com um "quanto você quer?" inocente, e o que era só "jogar um verde" se transformou num celular, um dia no salão de beleza, um jantar. E sexo anal em troca, claro. A Universa conversou com três mulheres que praticam esse tipo de relação com seus parceiros em troca de alguma recompensa. Na visão delas, está tudo certo. Afinal, se pode envolver um pouco de dor, elas têm que receber algo de volta. Mas a psicóloga e sexóloga Carla Cecarello alerta: uma relação baseada nesse tipo de troca pode não se sustentar. O nome das personagens que relatam suas histórias abaixo foi alterado, a pedido delas.
"Primeiro pedi R$ 500"
Em dez anos de casamento, nunca curti fazer sexo anal com meu marido. Mas ele insistia muito. Uma vez, veio de forma bem sutil com um "o que você quer para deixar?". Achei que era sacanagem, mas repetiu a pergunta e eu resolvi topar. Primeiro pedi R$ 500. E ele me deu no dia seguinte. Então, passei a aceitar essa troca, dependendo da minha necessidade. Às vezes, precisava pintar o cabelo, o que custa uns R$ 700, então eu cobrava.
Não acho que isso seja abuso, porque é um acordo bilateral. E eu trabalho, sou independente dele, tenho meu dinheiro. Mas admito que, na maioria das vezes, eu não estava a fim. Em dez anos de casamento, devo ter feito isso umas dez vezes. Concordo que seja certa prostituição, sim. Você está negociando uma parte do seu corpo. Mas melhor ser prostituta do próprio marido do que correr risco por aí.
Carol, 35 anos, casada há dez, administradora de empresas
"Não tenho obrigação de sentir dor"
Há cinco anos, meu marido me ofereceu R$ 100 para fazer sexo anal, e foi só naquela vez. Nem achei que ele realmente estava falando sério. Também não me senti mal ou ofendida com a proposta. Considerei uma coisa de casal. Você aceita ou não. Eu aceitei. Teria me sentido abusada se ele tivesse feito sem a minha permissão. Com o dinheiro, fui a um restaurante com uma amiga.
Sexo anal dói muito. E, para mim, o ânus não foi feito para isso. Então, se eles querem, têm mais é que pagar. Mesmo eu sendo mulher dele, não tenho obrigação de sentir dor. Mas acabei curtindo. E ele sempre quer de novo. Agora eu faço em ocasiões especiais, sem cobrar. E de boa.
Suzana, 40 anos, 24 de casada, empregada doméstica
"Trato como uma recompensa"
Conheci meu namorado quando estava grávida de 8 meses. Ele se tornou meu melhor amigo e temos uma relação de muita parceria. Por isso, confiamos muito um no outro.
Por causa da gravidez, transamos muito pouco no início do relacionamento, e ele foi bem paciente. Um dia, eu precisava trocar o celular e ele disse que me daria se fizéssemos sexo anal. Não me senti ofendida e levei na brincadeira. Eu topei, mas de qualquer forma ele teria me dado o aparelho. Meu namorado é muito carinhoso e sempre me dá presentes.
Trato como uma recompensa. Toda vez que a gente faz sexo anal, ele me dá alguma coisa diferente, ou eu posso escolher o presente. É uma brincadeira boa. Devia ter pensado nisso antes. Gosto de fazer e não me sinto na obrigação.
Ana , 23 anos, há 2 num relacionamento sério, vendedora
Carla Cecarello, que é também fundadora da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade), diz que quando há consentimento, não se aplicam os termos abuso ou estupro. Foi escolha dessas mulheres aceitar esse tipo de relação. E de muitas outras. Carla fala que chega a ser comum receber casais em seu consultório que fazem a mesma coisa. O problema, atenta ela, é que esse tipo de troca acaba se tornando tão frequente que tudo vira negócio, não sobrando espaço para o afeto.
"Se os dois vivem bem assim, ok. Cada um compra e vende o que pode. O que me parece é que a mulher perde mais, já que ela está sentindo dor, fazendo algo sem prazer, forçando o corpo, em troca de qualquer coisa, menos de afeto. A relação acaba esgotada. É ruim viver num casamento onde, para se ter algo, você tem que se submeter a esse tipo de situação. Mas é uma escolha. Por isso, não dá para falar em abuso ou estupro".
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