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Blaya, gravada por Anitta e Madonna: "Existe funk que inferioriza a mulher"

Blaya em cena de clipe: funk portuga com arroz e feijão - Arquivo Pessoal
Blaya em cena de clipe: funk portuga com arroz e feijão Imagem: Arquivo Pessoal

Elisa Soupin

Colaboração para Universa

14/05/2019 04h00

Você já deve saber que a rainha do pop Madonna e a toda poderosa Anitta gravaram juntas uma música que será lançada no próximo álbum da diva pop (a americana), Madame X. A música chama "Faz gostoso", da funkeira portuguesa Blaya.

A cantora que compôs o hit, um típico batidão de funk, é Karla Rodrigues. Conhecida pelo apelido, ela é sucesso em Portugal, onde foi viver com os pais quando ainda era um bebê, Blaya nasceu em Fortaleza, no Ceará, e tem 31 anos.

Em meio a uma rotina de shows e ensaios, Blaya conversou com Universa. "A minha turnê é por todo Portugal. Talvez faça três shows por semana, no máximo quatro, dependendo do mês", conta ela, com um sotaque carregado de português "de lá".

Blaya conheceu Anitta no Rock in Rio Lisboa de 2018, quando conversou com a funkeira brasileira, de quem é fã, no camarim, e lhe deu as boas vindas à terrinha. Embora sua música tenha figurado no primeiro lugar dos hits portugueses ano passado, é modesta quando perguntada pela ansiedade em ouvir sua música cantada por dois nomes femininos tão expressivos da cena atual. "Eu não sou de criar expectativas, mas espero que todo o público goste."

Semelhanças com Anitta vão além do Funk

As semelhanças de Blaya com Anitta vão além do ritmo, danças e figurinos sensuais. Assim como a carioca, Blaya coordena todas as etapas de seu trabalho. "Gosto de estar envolvida em tudo, desde coreografias, arranjos musicais, figurinos etc.", diz. Outro paralelo é a bissexualidade, que ela assumiu publicamente em 2012, de maneira natural.

"Não houve nenhum processo em abrir o jogo. Apenas aconteceu numa conversa: perguntaram e eu respondi. Não é uma coisa que eu tenha decidido gritar ao mundo que era bissexual, da mesma maneira que os heterossexuais não gritam que são heterossexuais. Mas acho superimportante mostrar que ninguém, seja ou não gay, deve ter vergonha de quem realmente eles são. Por isso temos sempre que levantar a bandeira da igualdade, união", diz.

Funk e feminismo

Feminista declarada, Blaya comentou o estigma do funk como um ritmo que, por vezes, inferioriza as mulheres. " O que importa é a luta por direitos iguais", diz

Claro que existe funk que inferioriza a mulher. Mas não é só o funk, é basicamente todo o tipo de música. Agora, cabe a cada um de nós entender ou não se aquela música faz sentido.

Haters online

Como todas as mulheres famosas, Blaya recebe uma enxurrada de críticas. Há quem questione seu talento ou diga que ela só sabe rebolar. Nada que Anitta ou a própria Madonna já não tenham vivido. A forma como os haters a afetam depende do dia. "Tem dias que fico chateada, outros dias que não, tem dias que respondo, outros não, às vezes bloqueio", diz.

Brasil na música e no prato

Blaya gosta do Brasil, e, em suas preferências musicais, está um cardápio brasileiro bastante variado.

"Sabe o que me dá mais gosto em ouvir? Toquinho, Caetano Veloso, Djavan, Exaltasamba, Asa de Águia, Netinho, Furacão 2000, Raça Negra, É o Tchan e muitas mais! Como você pode ver, existem várias fases aqui, desde os meus pais até a minha infância e adolescência. Adoro a sonoridade tropical, e o sentimento que transmite, seja uma letra triste ou alegre. Também amo arroz e feijão", conta.

O público brasileiro pode esperar "muita dança, música, energia e felicidade" de seu show no Rock In Rio desse ano.