"Game of Thrones": a série em que as mulheres ganham como os homens
Falem o que quiser, mas as últimas temporadas confirmaram que "Game of Thrones" é das mulheres.
A série em que as personagens femininas se fazem protagonistas também paga um dos salários mais caros da historia da televisão -- para se ter ideia, a HBO desembolsou ao longo das oito temporadas cerca de 650 milhões.
Não à toa, cinco dos atores do elenco principal estariam recebendo 2 milhões de dólares (cerca de 8 milhões de reais) por episódio.
E em tempos de movimentos o #MeToo, que pede a igualdade salarial entre homens e mulheres, a turma de Westeros pode se orgulhar também da divisão de ganhos entre o elenco.
Como ficam as minas nessa lista? No top 7 dos que têm a conta bancária milionária, apenas três são homens. Isso mesmo! Na linha de frente estão Emilia Clarke, a Daenerys, que foi considerada na temporada passada a atriz mais bem paga da historia da televisão, e Lena Headey, a Cersei.
Além das duas, que teriam embolsado 12 milhões pelos seis episódios finais de GoT, estão ainda Peter Dinklage (Tyron Lannister), Kit Harington (Jon Snow) e Nikolaj Coster-Waldau (Jamie Lannister). Já as irmãs Sansa Stark e Arya Stark, vividas pelas atrizes Sophie Turne e Maisie Williams, estariam embolsando 800 mil dólares -- o equivalente a 3,2 milhões de reais.
Em entrevista recente Sophie chegou a comentar sobre a diferença salarial entre ela e seu irmão no programa, o ator Kit Harington.
"Kit ganha mais do que eu, mas ele tem uma participação no enredo muito maior do que a minha. E além do mais, para a última temporada ele filmou à noite umas setenta vezes, enquanto eu não precisei fazer isso", disse ela, que comentou como reagiu quando soube da diferença.
"Pensei 'Quer saber? Esse dinheiro é seu. O importante é que essas conversas sobre igualdade salarial sigam acontecendo. Agora os executivos estão mais dispostos a ouvir alguém dizendo que quer ser pago de forma justa."
Mas se em GoT a disparidade salarial não é uma realidade, a questão continua sendo discutida calorosamente na indústria cinematográfica. Tanto é que movimentos como o #MeToo e Time's Up ganharam endosso de milhares de celebridades.
O pedido em uníssono é mais que justo. Mesmo com todo o aporte da imprensa e o barulho feito nas redes, ainda existem episódios que causam revolta, mas também promovem a sororidade. Na série "The Crown", por exemplo, houve muita discussão em torno da quantia recebida por Claire Foy, a rainha Elizabeth II, e Matt Smith, que interpretou o Philip de Edimburgo e ganhou mais que ela apesar do papel menos relevante.
E quem não lembra da confusão envolvendo a atriz Michelle Williams? No início de janeiro ela admitiu ter recebido mil dólares para regravar cenas do filme "Todo o dinheiro do mundo". E quanto recebeu seu colega de elenco Mark Wahlberg para a mesma função? 1,5 milhão de dólares. Em função da polêmica ele decidiu doar toda a quantia para o fundo de defesa da Time's Up, que combate o abuso sexual no showbusiness.
Essa disparidade salarial é de fato histórica, não há como negar. Há algumas décadas a sociedade machista tornou comum o papel da mulher submissa. A quase regra era praxe nos lares: o homem cuidava do sustento e a mulher da casa.
Passados anos deste cenário, é fato que muita coisa mudou. Mas pesquisa de março deste ano do IBGE mostra um dado ainda alarmante. Mesmo com uma queda na desigualdade de salários entre 2012 e 2018, mulheres ainda ganham 20,5% a menos que os homens. Em tempos de crise política e econômica a gente só espera que movimentos que lutam por direitos iguais continuem reunindo muita gente e fazendo a diferença.
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