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Perigo em casa: como evitar que seu filho seja assediado nas redes sociais?

As crianças não podem ficar sem supervisão no computador - iStock
As crianças não podem ficar sem supervisão no computador Imagem: iStock

Lucas Vasconcellos

Colaboração para Universa

18/05/2019 04h00

Há algumas semanas, uma menor de idade postou no Instagram prints de uma suposta suposta conversa com a cantora MC Mirella que viralizou nas redes sociais. No bate-papo, a artista oferecia dinheiro para que a garota, na época com 16 anos, saísse com um empresário do Paraguai. O bafafá levou o Ministério Público Federal (MPF) a instaurar uma investigação contra a funkeira por suposta prática de tráfico internacional de crianças e adolescentes para fins sexuais.

As investigações ainda estão acontecendo, mas desperta um alerta para os pais. Quais cuidados menores de idade precisam ter em redes sociais e como auxiliá-los? Como minimizar esse tipo de abordagem e evitar desdobramentos negativos?

"Os pais de um adolescente não tiveram essa vivência na infância com a internet. A família ainda tenta entender a velocidade das redes sociais e conteúdos com os quais os jovens são bombardeados a todo tempo. Quem é adulto hoje, escutava quando criança, por exemplo, para não aceitar nada ou conversar com estranhos na rua. Agora, dentro de casa se tornou perigoso, já que o filho está navegando na internet constantemente", conta a neuropsicóloga e mestre em psicologia do desenvolvimento humano pela USP Deborah Moss.

De acordo com a profissional, o primeiro passo para que os adultos possam auxiliar crianças e adolescente é entender o que são as redes sociais. "Não dá para compreender à distância, precisa estar antenado com o que está acontecendo, quais as notícias do momento, quais os interesses dos menores quando estão conectados", explica.

Além disso, Deborah alerta para a importância de determinar limites. Ou seja, assim como tem hora para estudar, brincar, tomar banho, entre outros, é importante impor tempo de uso. "É preciso também oferecer alternativas para as horas vagas, seja com brincadeiras, cursos, práticas esportivas… Sem wifi, parece que se cria um vácuo, mas é no tédio que as pessoas conseguem ser criativas e liberar a imaginação", diz Moss.

Jogo aberto

O diálogo é a chave para maximizar a chance de coisas ruins aconteçam. Para isso, converse livremente com os filhos, principalmente os adolescentes. O jovem tem capacidades de ter autonomia, mas os pais ainda são seus responsáveis. Abra o diálogo sobre os perigos, oriente, crie um canal aberto de comunicação quando perceber algo fora do normal. "Não dá para ter medo do diálogo e só assim o menor conversará quando tiver dúvidas", orienta a neuropsicóloga.

Senha conjunta?

Ter a senha das redes sociais do seu filho vai de cada família, claro. Deborah Moss indica que, se o responsável quiser os dados, que converse sobre isso, já que uma relação é construída na confiança. "E não dá para esquecer que sempre é possível burlar. Assim como os adolescentes de anos atrás escreviam em códigos nos diários, por que os filhos não fariam o mesmo nas redes sociais?", diz.

Outro fato importante, ressalta a profissional, é que os pais lembrem que são modelos de conduta. Ou seja, como querer que o adolescente largue o celular se você passa o dia todo em frente à tela?

Procure ajuda

Caso aconteça dentro de sua casa algo suspeito envolvendo menores de idade e redes sociais, é preciso buscar ajuda. Segundo Jonatas Lucena, advogado da Lucena e Milani, escritório especializado em crimes virtuais,"a família deve levar o caso para alguma delegacia, Ministério Público ou advogados". Lucena aponta ainda que apenas a palavra não basta e é necessário levar provas robustas do que está sendo relatado, como prints e testemunhas.

Dependendo do que aconteceu, mesmo que tenham se passado alguns anos e você resolva contar agora, ainda vale procurar ajuda, embora alguns delitos tenham prazo de prescrição. Contudo, o advogado deixa claro que cada caso é um caso e, por isso, as penas e o resultado da investigação podem variar.