Karina Buhr: "Há uma cultura da mulher ser vista como uma propriedade"
Neste mundo inquieto e repleto de notificações, Karina Buhr sabe o valor do olho no olho. "As comunicações são cada vez mais feitas atrás de celulares, tablets e computadores. A gente acaba virando um avatar da gente mesmo", diz à Universa. "Muitas vezes acaba todo mundo meio perdido e perdendo a essência de cada um".
Assista "Sangue frio", novo single de Karina Buhr
É por isso que a artista pernambucana vai se unir a outras mulheres na primeira edição da Universa Talks. O encontro acontece nesta segunda (27), no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Mulheres que estão transformando o mundo se reúnem para apresentar seus múltiplos olhares. Elas debatem, conversam e contam suas histórias de vida ao longo do dia. A missão de Buhr será a de pegar esse turbilhão de experiências e transformá-lo em um show de encerramento intimista.
Não à toa, Buhr é uma das vozes femininas mais premiadas desde o lançamento de seu primeiro álbum solo, "Eu menti para você", de 2010. Nesses nove anos, a artista estrelou turnês internacionais pela Europa, teve videoclipes, álbuns e composições eleitas pela mídia especializada, como a "Rolling Stone" e a MTV, como melhores obras musicais do ano.
A artista acaba de lançar o clipe de "Sangue frio", música que abre os caminhos para um álbum ainda está em gravação. A ideia era gravar o novo disco mais para frente, mas os planos foram adiados após agentes do Exército dispararem mais de 100 vezes contra um carro e matarem duas pessoas no Rio de Janeiro, em abril. A Justiça militar concedeu liberdade a nove militares envolvidos na ação.
A composição que reflete esse momento é de 2016, embora soem atuais. O refrão lamenta: "O tempo tá matador // Precisando exercitar paz e amor (...) // O Exército tá matador!". Ela explica. "Quando o presidente falou que o 'Exército não matou ninguém', eu fiquei com refrão entalado. Com a fala, essa música me veio como um grito".
Buhr também vê com urgência outra realidade violenta que adquire ares de epidemia no Brasil: a violência contra a mulher. O feminicídio e a violência doméstica serão colocados na mesa na Universa Talks.
É urgente falar da violência contra a mulher
"Para mim é urgente noticiar o feminicídio e bater na tecla que a sociedade se reeduque sobre o que é ser homem -- e entenda que há uma cultura da mulher ser a propriedade ser vista como uma propriedade de um cara", diz.
É por isso que Buhr permanece em uma múltipla e constante evolução -- é ilustradora, escritora e atriz -- e não aceita imposições de gênero sobre sua individualidade. "A sociedade indica os modos que a gente deve ser e entramos na caixinha que nós engolimos e repetimos", diz.
"No fim, são construções que aprisionam a mulher e servem para dizer que a mulher é delicada que cuidam da casa e do filho". E conclui: "acho que a urgência é a reeducação de todo mundo".
Universa Talks
Instituto Tomie Ohtake
Rua Coropé, 88, Pinheiros (São Paulo - SP)
27 de maio de 2019, 9h - 16h
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