Mulheres iranianas são atacadas por tentarem assistir a partida de futebol
Enquanto diversas nações se enfrentam na Copa do Mundo Feminina na França, torcedoras iranianas foram atacadas por seguranças ao tentarem assistir a um jogo de futebol entre Irã e Síria. As mulheres conseguiram comprar ingressos para o jogo quando a federação iraniana de futebol inicialmente disponibilizou a venda sem bloquear a opção de compra para mulheres, mesmo que no Irã elas sejam proibidas de assistir a competições esportivas.
Porém, a federação bloqueou a opção para mulheres adquirirem ingressos no dia seguinte, sem providenciar nenhuma explicação. Enquanto mulheres iranianas entravam no estádio e eram violentamente atacadas pelos seguranças mesmo com seus ingressos na mão, mulheres sírias tiveram sua entrada permitida.
Ao menos duas das iranianas foram presas e colocadas atrás das grades e seu destino permanece desconhecido, de acordo com o Comitê Feminino do Conselho Nacional de Resistência do Irã. Várias mulheres atacadas foram entrevistadas pelo jornal local "Eternad".
"Um dos guardas colocou seu pé no peito de uma das mulheres, confiscou seu celular e destruiu sua bolsa", lamentou uma torcedora, chorando. "As forças de segurança nos atacaram e arrastaram mulheres pelo chão", continuou.
"Eles nos chutaram, socaram e nos xingaram, sem que tivéssemos feito nada errado. Nós éramos muitas mulheres, apenas aguardando para entrar no estádio. Não estávamos gritando, falando ou mesmo segurando a bandeira do Irã", defendeu outra mulher.
"Mais uma vez, as autoridades iranianas estão perseguindo mulheres apenas por amarem futebol", disse Mansoureh Mills, pesquisadora da Anistia Internacional do Irã. "Por décadas, as autoridades vêm banindo mulheres de estádios de futebol, com dezenas sendo detidas tentando entrar em estádios apenas no ano passado. As autoridades deveriam remover esses banimentos discriminatórios e permitir que mulheres e meninas acessem estádios sem medo", completou.
De acordo com o Monitoramento de Diretos Humanos do Irã, seguranças homens invadiram o vestiário de jogadoras de futebol na cidade iraniana de Shiraz, as atacando verbal e fisicamente no dia 25 de maio. A seleção feminina de futebol do Irã não está participando da Copa do Mundo, apesar de ter vencido os campeonatos na Ásia. As jogadoras não recebem nenhum tipo de suporte público ou privado e não conseguem patrocínio porque esportes femininos não são transmitidos na televisão do país.
A Federação de Futebol da República Islâmica do Irã já recebeu diversos avisos da FIFA sobre banir mulheres de frequentar estádios. A federação anunciou que nenhuma mudança foi feita no regulamento e que mulheres continuam banidas. Sobre a venda dos ingressos, é afirmado que se tratou de um erro técnico do site.
Mulheres iranianas são barradas de assistir a partidas de futebol há pelo menos 40 anos, desde a Revolução Islâmica. O regime inclusive teria contratado seguranças mulheres em agosto para lidar com torcedoras que tentavam invadir o estádio se fantasiando de homens.
No Irã, mulheres que não usam o hijab ou que usem um modelo que mostre seu cabelo, por exemplo, sofrem punições deste multas até a prisão. As atletas do país devem usar o hijab até durante as competições. No entanto, nos últimos anos, algumas mulheres se rebelaram contra as ordens pelo uso da peça, raspando totalmente seu cabelo e se vestindo de homens.
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