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Lázaro Ramos lança disco infantil: "Lá em casa, tudo tem resposta"

Lázaro Ramos lança o projeto multimedia infantil "Viagens da Caixa Mágica" - J.Vitorino/Divulgação
Lázaro Ramos lança o projeto multimedia infantil "Viagens da Caixa Mágica" Imagem: J.Vitorino/Divulgação

Luiza Souto

Da Universa

15/06/2019 04h00

"Esse negócio de paternidade não tem muito formato, né?", começa explicando o ator Lázaro Ramos, pai da Maria Antônia, de 4 anos, e do João Vicente, de 7. "Como trabalho com arte, a conversa com meus filhos inspirou livros e música, e ela deixa tudo isso mais lúdico. Foi o jeito que eu encontrei e confesso que funciona muito".

Ele está falando do projeto "Viagens da Caixa Mágica", composto por nove clipes em que, ao lado do músico Jarbas Bittencourt e da atriz Heloísa Jorge, explica para as crianças, por exemplo, o que é um "Denguindacho" ("São os seus dedos enrolados nos meus cachos") ou o que é uma rima. Lázaro se inspirou nos dois livros ("Caderno de rimas do João" e "Caderno sem rimas da Maria") escritos para homenagear os filhos com a atriz Taís Araújo.

"O exercício lá em casa é assim: tudo o que se pergunta tem resposta, mas a gente vai calculando para ser de acordo com a maturidade deles, e nos termos que eles conhecem. E sem antecipar temas. Acho que o bacana é meu filho saber que, se quiser falar, eu estarei aqui para acolher e responder", ensina ele.

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Lázaro Ramos se inspira nas conversas que têm com os filhos para criar obras infantis
Imagem: Julia Rodrigues/Divulgação

Gênero nunca foi questão

A desenvoltura com crianças começou nos tempos em que Lázaro atuava como técnico em patologia clínica numa maternidade pública. "Conviver com criança pequena foi um hábito na minha vida", conta ele. Talvez por isso questões como criar filhos de gêneros diferentes nunca foi "um grande tema em casa", assegura o artista.

Ele frisa: são crianças com suas questões, que têm ciúmes e vontade de atenção, que querem escolher as suas roupas mas, no fim, são criados igualmente, "na base do afeto para serem afetuosos, terem autoestima sobre si e entenderem o coletivo". E entrega:

"Eu, como pai, achei que não fosse ficar apreensivo em nada, no cuidado com o João e a Maria. Mas quando a Maria nasceu, curiosamente, eu fiquei mais apreensivo, carregava com o corpo mais rígido, com medo de derrubar. Demorei um tempo para relaxar. Não sei explicar exatamente o que é, mas acho que foi porque o parto dela foi mais difícil, demorou mais. Não sei se tem a ver com o gênero".

Tempo certo para tecnologia

Nesse bate-papo todo "babão" por telefone, Lázaro acaba viajando para o enorme quintal da casa da tia-avó, na Bahia, onde havia um pé de manga. Sem condições financeiras para ter um videogame, conta ele, mergulhava na leitura que seus pais lhe ofereciam e transportava aquele mundo de dragões e princesas valentes para o quintal. "Eu não tinha recurso nenhum, mas me dava a possibilidade de brincar do que eu quisesse. O pé de manga virou até navio pirata".

Tradição que ele fez questão de manter com os filhos. E orgulha-se: João e Maria "não são crianças adictas de tablet e celular". Gostam de coisas de montar, correr, pular.

"Inclusive, fazem com que a gente fique atento o tempo todo para não quebrarem a cabeça", ri, e em seguida indica um caminho para pais que não conseguem tirar os eletrônicos das mãos dos filhos: "Ir a praças. É uma coisa que eles valorizam muito. E estar num ambiente que tem o espaço aberto cria o hábito e o prazer de brincar com essas coisas".

Vem dessas infinitas possibilidades o "Caixa Mágica". O nome apareceu em 2014, quando Lázaro estreou o espetáculo teatral "A menina Edith e a velha sentada", adaptação do seu primeiro livro infantil, "A velha sentada".

"Eu apresentava às crianças essa caixa mágica que é o teatro, onde acontecem coisas, um mundo de possibilidades. São várias caixas que a gente tem, como o coração, ou aquelas em que guardamos objetos. Eu tinha uma em que colecionava pelos. Para mim, era uma caixa mágica".

Uma surpresa atrás da outra

"Maria Antônia, outro dia, me pediu um salto alto de criança. Eu respondi que isso poderia atrapalhar seu crescimento e que tenho que ser responsável com ela, senão poderia até ser preso. E ela perguntou: 'pai, se você for preso, eu posso usar salto alto?'. Ou seja: todos os dias eles vão surpreendendo quando a gente dá atenção", diz.

Em casa, Lázaro conta com o pai e a sogra para a educação dos filhos. Mas a atenção não se limita à rede de apoio de que tem disponível. Junto à mulher, propõe constante conversa com o colégio em que estudam.

"Escola e família têm que ser parceiros. Todos nós somos responsáveis pela criação deles. A gente conversa bastante, fica atento. Não é só achar que colocou lá que está resolvida a questão". E conclui:

"Não sei se tem modelo perfeito de paternidade. Tem é que estar junto e atento".