Quer ter filho e o parceiro não? Como resolver dilema de muitos casais
Chris Martin, vocalista do Coldplay, e Dakota Johnson, estrela da franquia "50 Tons de Cinza" deram um fim ao relacionamento de dois anos. O motivo para isso seria o fato de que Chris, de 42 anos e pai de duas crianças de um relacionamento anterior, queria muito ter um filho e Dakota, de 29 anos, não compartilhava do mesmo desejo. O motivo não é exclusivo de casais famosos -- tem muita gente por aí que termina a relação por causa disso.
Universa conversou com mulheres que passaram por essa situação e contam suas histórias para buscar entender quais são as possibilidades para um casal quando há uma discrepância de vontades em um assunto tão crucial. Confira:
Ou uma família ou a separação
A produtora Luana Alves, de 37 anos, viu a relação virar uma sinuca de bico quando, em uma relação de nove anos, decretou que a maternidade não era para ela.
"Eu conheci meu ex com 23 anos. Namoramos por quatro anos e depois moramos junto por outros cinco. A gente não tinha nem 30 anos e já estava namorando há um tempão e ele começou a me pressionar muito para ter filhos. Eu nunca quis e, acho que, no começo, ele achava que eu iria mudar de ideia, porque eu era realmente muito nova. Ele não podia ver uma criança na rua que brincava, era nítido que ele tinha uma vocação para ser pai -- e eu não", o tempo foi passando e as convicções de Luana quanto à maternidade seguiam intactas.
"Trabalhava como bancária quando decidi que queria ser jornalista. Comecei a focar nisso, e eu não tinha indicações nem ajuda financeira. Larguei meu emprego estável para correr atrás de um estágio, às vezes não tinha nem grana de passagem, imagina se eu ia ter filho!", conta ela, que, à época, estava com 30 anos.
"Consegui o emprego que eu queria e foquei. Além da minha carreira, sem hipocrisia, outras coisas pesavam. Sempre fui muito vaidosa e nunca quis mexer no meu corpo. Não me sentia preparada para cuidar de uma criança financeiramente, via amigas passando dificuldades pagando creche, escola e eu estava começando a ganhar melhor e queria gastar meu dinheiro comigo, investir em mim, estudar, não me via deixando de viajar pra cuidar de uma criança", lembra ela.
"Um dia ele me deu um ultimato: ou você deixa isso de lado para a gente constituir uma família ou será a nossa separação. Foi a nossa separação. Nossos sonhos já não se cruzavam. Fiquei sabendo que a mulher dele está grávida! Fico feliz dele ter tocado a vida. Por aqui, continuo sem vontade de ter filho", diz ela.
Um ex decidido a ser pai
A roteirista D., de 38 anos, que prefere não se identificar, viveu uma situação parecida com a de Luana.
"Quando eu tinha 28 anos, namorei por um ano e pouco e a gente estava morando junto, ele queria muito ter filho e eu não. Quando eu era mais nova, minha mãe sempre falava para mim 'a gente é pobre, se você tiver filho, não vai poder estudar'. E eu sempre tomei muito cuidado. Mas, nessa relação, eu já era mais velha, estava formada, trabalhava e comecei a entender que eu não queria mesmo ter filho, não era uma vontade minha. Sou negra, sofri preconceito criança e não queria que meu filho passasse por isso, enfim, várias questões. Eu sei que não quero", conta D.
A negativa dela, no entanto, não fazia o ex, de 27 anos e resoluto de seu projeto de paternidade, parar de abordar o tópico.
"O assunto virou um desgaste para o nosso relacionamento. Ele dizia 'eu vou conseguir convencer você', e eu dizia 'olha, se você realmente quer ter filhos, não vai ser comigo'. Parecia que ele achava que eu iria mudar. Aí um dia ele disse que queria um tempo para pensar e eu disse que não queria tempo e que, se era assim, o melhor era terminar. Depois um amigo falou que ele não queria terminar e, sim, me dar um choque", relembra ela.
"Fiquei triste na época, mas eu também entendi que era uma coisa muito importante para ele e que também não era justo que eu o privasse daquela vontade que ele tinha. Foi ficando chata a relação, porque a família, as pessoas já pressionam tanto, cobram filhos, se o seu parceiro também faz isso, fica muito ruim. Hoje em dia estou com um homem de 40 anos que já tem um filho, sabe que eu não quero e estamos bem assim",
Separar é sim uma solução, mas não a única
Terapeuta de casais há 25 anos, Denise Figueiredo, do Instituto do Casal, já cuidou de muitos casos em que os lados têm desejos distintos em relação a filhos e diz que, nos últimos anos, essas situações vêm aumentando.
"Cada vez mais casais têm me procurado com essa queixa principal: como negociar quando uma das partes tem um projeto de vida que inclui um filho e a outra não. É uma das decisões mais difíceis. Não é como fazer uma viagem, é um projeto que requer um investimento e vai representar um impacto para o resto da vida dessas pessoas. Essa é uma queixa nova, cresceu de uns 8 anos para cá. Quase sempre as pessoas se casavam para ter filhos, era um caminho natural", explica ela.
Ela conta que, entre as soluções possíveis, o congelamento de óvulos tem sido adotado.
"Existe um movimento muito novo de casais que estão adiando a decisão e congelando os óvulos, para que possam pensar nisso depois", conta ela. Entre os que mais reclamam, estão homens e mulher de 30 a 40 anos. Ela diz que não há muita diferença: tanto homens como mulheres não se interessam por ter filhos.
Outra solução para esses casais é buscar entender as motivações de cada um para buscar um consenso.
"Independentemente do cenário, o mais importante é conversar. Pensar nas diferentes possibilidades e entender qual vai trazer mais conforto para esse casal. Alguns casais não conseguem chegar em uma conciliação e aí o melhor é o término. Mas, se a relação é muito boa é muito difícil que abram mão. Acontece de uma parte entender que deseja muito ter filho, mas que sem aquele parceiro, esse projeto não faz sentido. Ou que, pelo parceiro, vale tentar a maternidade ou paternidade. Já vi todos os casos", relata.
"A melhor dica que eu posso dar para um casal que está vivendo isso é buscar ajuda, um mediador pode ajudar a entender melhor quais os motivos pelos quais eles querem ou não ter um filho, pode ajudar a achar mais pontos de concordância do que de discordância", explica a psicóloga especializada na vida a dois.
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