Menos prejuízo no divórcio: o que fazer com a aliança após a separação?
Por mais que os tempos tenham mudado, colocar uma aliança no dedo ainda tem um quê de eternidade. O ritual antigo do enlace parece ter obrigação de seguir a versão religiosa: aquela que só a morte vai separar. O símbolo, um anel geralmente de ouro, metal valioso e que dura muito, serve para unir os dois apaixonados para sempre.
Muito bem. A teoria é bonita, mas a prática é diferente. Casamentos acabam -- segundo o IBGE, um a cada três acabou em 2017 no Brasil. E o que acontece com um terço das alianças?
Além das decisões sentimentais, como fazer ou não o ex virar um inimigo, quem terminou um relacionamento ou casamento precisa decidir o que fazer com os pertences do antigo companheiro. A aliança está no pacote. De uma hora para a outra, o acessório, que antes simbolizava toda uma história, perde a utilidade.
Passar para a frente
A primeira e mais "rentável" alternativa é vendê-la em alguma casa especializada em metais preciosos. No entanto, não espere sair com o mesmo dinheiro pago na aliança, uma vez que ela perde valor assim que sai da loja. É que, quando você a compra, paga o design, mão de obra e grife daquela peça. Quando vai vendê-la, a joia só vale o peso em ouro. Ainda assim, dá para sair com uma graninha: nesta segunda-feira (1), a cotação de ouro era de cerca de R$ 173 o grama. Uma joia simples, de 3 mm de largura, pode pesar 2 gramas.
Com o dinheiro no bolso, você pode usá-lo para lidar com as cicatrizes emocionais do término do jeito que achar melhor. Foi o que a autônoma Poliane Lopes, 26, de Belo Horizonte (MG), fez. Ela terminou um casamento, como estava louca para se livrar da aliança, parou na primeira casa de ourives que encontrou. "Consegui R$ 300 por ela", conta à Universa. A grana foi gasta em visual novo e uma viagem para curtir o Carnaval em Diamantina, no interior de Minas Gerais. "Gastei R$ 80 para cortar e pintar o cabelo de loiro e o resto eu tomei em cerveja", narra. Este é o tipo de conselho que Poliane dá para as pessoas que conhecem que saíram em um relacionamento. "Vendam a aliança e paguem uma viagem, gastem em um salão, massagista. Façam somente o que traz felicidade", fala.
Transformar em uma nova joia
No entanto, não é todo término de relacionamento que precisa de um "exorcismo". Em alguns casos, há boas lembranças sobre aquela época da vida e o que resta é transformar a experiência em algo positivo. A designer de joias Lívia Müller, da marca Efyra Joias, usou a habilidade para transformar um divórcio que teve há um ano em memórias, e oferece o serviço para outras pessoas. "Eu converso com as clientes, pego a aliança e as sinto para ver o que podemos fazer com elas", afirma à Universa.
"Teve um caso em particular que foi bonito o processo. Ela me mandou as alianças e me deixou livre para criar. Percebi que ela estava em um momento em que precisava de cura e de amor próprio, então transformei os dois aros em um anel que é quase uma espiral, para simbolizar a aliança e o amor dela com ela mesma", fala Lívia.
O valor do trabalho depende muito da ideia da cliente e da quantidade de metal que será utilizado. "Às vezes preciso adicionar prata ou fazer mais de uma peça, no caso de alguém que queira um anel e um pingente, por exemplo", diz. "É uma maneira bonita de transformar algo que antes causava dor".
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