Meu filho está usando drogas, e agora? Veja o que especialistas aconselham
De repente, você descobre que seu filho adolescente começou a usar drogas. Dezenas de pensamentos vêm à mente. Medo, insegurança, desespero e até raiva. A situação pode ser bastante complexa, mas especialistas no assunto tem alguns caminhos para lidar com a situação, especialmente quando o filho acabou de começar a usar drogas.
É o caso de Rue (foto), personagem interpretada pela atriz Zendaya na série "Euphoria".
Diálogo
A dica é que um adolescente não use drogas e álcool (ou os dois). E ponto. Apesar disso, quem tem filhos sabe que é uma situação que acontece com muita frequência.
Inicialmente, traga o assunto para a mesa. Não coloque para debaixo do sofá, mas também não chegue com os dois pés na porta. A ideia é criar um ambiente em que afeto e autoridade andem juntos.
Como conversar?
Antes de partir para uma bronca, se interesse por outros aspectos da vida de seu filho. Ouça o que ele gosta de fazer no colégio, em casa e com quem ele se relaciona.
Uma dica dos especialistas é criar um momento e um espaço de convívio com o filho. Pode ser um jantar, assistir a um filme ou uma série em determinados dias da semana -- ou até mesmo diariamente. Sem forçar a barra, isso tem de ser natural.
É importante analisar o histórico desses encontros para notar se há alguma mudança de comportamento física (como olhos avermelhados, falas desconexas) ou psicológica (irritado demais, sonolento, problemas e escolares etc.).
Aos poucos, traga o assunto à tona e o alerte sobre os riscos para a saúde que o uso de drogas pode acarretar.
É importante, nesta etapa, questionar quais drogas o filho está usando, onde, com quem e há quanto tempo.
É bem possível que o filho se sinta mais confortável para falar sobre o assunto com um membro da família ou uma figura de afeto: pode ser o pai, a mãe, tio, primo e até mesmo um professor. Respeite essa vontade. O importante é que ele se abra.
Mude hábitos e fale sobre isso
Pais bebem. Pais fumam maconha. Pais usam drogas (controladas ou recreativas). Enquanto isso, os filhos observam tudo.
Se você faz uso de alguma substância psicoativa e até mesmo controlada em casa, também é importante conversar sobre o assunto com o filho. Não finja que nada aconteceu.
Nestas horas, a dica é falar para o filho o porquê desse hábito ser mais prejudicial a ele, com um cérebro ainda em formação, do que a você. Ou fale do quanto esse hábito já te fez mal no passado e ainda faz no presente. Coloque na mesa as consequências com sinceridade.
Uma boa saída é o adulto parar com o hábito ou mudar o local de uso. Não vale abrir uma "exceção" durante uma festa -- é incoerente e o filho não vai entender nada.
É comum a ideia de que é "melhor meu filho usar em casa do que na rua". Pensamento errado, segundo especialistas. É melhor aplicar a bronca: em casa, não. A permissividade pode agravar um vício ainda em estágio inicial ou dificultar muito a interrupção de uma dependência já em curso.
Estude
Acredita-se que só quando o adulto tem 20 anos é que o cérebro se desenvolve completamente. O uso de drogas durante o processo prejudica a trajetória de desenvolvimento.
Na adolescência, os neurônios estão "afinando" suas conexões. O comportamento mais impulsivo vai dando lugar a um cérebro que compreende melhor os riscos e consegue pensar a longo prazo. Os psicoativos fazem a chamada "poda neural", em que as ligações entre os neurônios são eliminadas.
A conta vem: imediatamente, pode intensificar a mudança de humor e instabilidade. Também podem agravar ou maquiar a presença de doenças como depressão e ansiedade.
Na parte social, é na adolescência que o jovem começa a construir uma identidade social. Caso exista a interferência da droga no meio do caminho, pode haver problemas em ser menos impulsivo e para tomar decisões mais calculadas e menos arriscadas.
Procure ajuda profissional
Se consulte com um especialista que indique meios para lidar com a situação. A ideia é pedir ajuda antes de levar o próprio filho ao consultório. Além de cuidar do seu filho, nesta etapa é possível se conhecer a si próprio e apresentar maneiras mais adultas e racionais para resolver o problema.
(Fontes: Dra. Renata Abdalla, professora do curso de Medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic e médica psiquiátrica, doutora em Ciências Médicas pela Unifesp com especialização em dependência química pela mesma instituição; Prof. Dr. Paulo Jannuzzi Cunha, do departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pesquisador do Laboratório de Neuorimagem dos Transtornos Neuropsiquiátricos e com aprimoramento em Dependências Químicas pelo GREA-IPq-HC-FMUSP)
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