Ela abriu rede de salas de estudo compartilhadas e fatura R$ 480 mil ao ano
Após a morte do pai e sem saber ao certo o que fazer da vida, Thais Bittencourt, na época com 29 anos, veio de Cuiabá, Mato Grosso, para São Paulo com o objetivo de estudar e passar em um concurso público. Insatisfeita com a infraestrutura dos locais que frequentava por horas com seus livros, decidiu montar, em 2017, seu próprio cantinho de estudos, hoje um negócio em crescimento.
"A minha empresa, Meu Cantinho de Estudos, surgiu do desejo de ter um ambiente onde eu pudesse estudar na hora que quisesse, com tranquilidade, limpeza, conforto e organização. Em um ano e três meses de preparação intensa para o concurso, tentei vários lugares, como a casa da minha tia, onde eu morava, e as salas dos cursinhos que fazia. Até que meu desempenho caiu e dividi com meu namorado, hoje meu marido, a ideia de montar um espaço de estudos", diz Thais.
Quem quer dividir uma sala de estudos?
O plano era ganhar algum dinheiro e, ao mesmo tempo, ter um lugar adequado para ela estudar até passar no concurso. Para saber se havia gente interessada em alugar um espaço para estudar, Thais fez um teste: disparou no WhatsApp, em todos os grupos de concurseiros dos quais fazia parte, uma mensagem sobre sua proposta. No mesmo dia, recebeu oito respostas positivas.
"No Instagram, eu também tinha contato com vários influencers de concurso público que me ajudaram com a divulgação. Então, meu sogro, que tem um prédio no bairro Bela Vista, em São Paulo, nos alugou uma sala, com carência de seis meses. Após 50 dias, abrimos o cantinho com 40 cabines individuais montadas", diz Thais.
O valor do investimento inicial saiu de suas economias pessoais, das do namorado e mais uma parte da herança que havia recebido do pai. Ao todo, ela e o namorado Gustavo investiram R$ 48 mil na compra de marcenaria feita sob medida, cadeiras, ar-condicionado e eletros de cozinha. Como a sala era compartimentada, não precisaram fazer nenhum tipo de obra estrutural e, para economizar, eles mesmos se encarregaram de pintar as paredes, arrumar a parte elétrica e instalar câmeras de segurança e internet. Montaram, ainda, uma copa para refeições e uma sala de convivência com um sofá comprado em um site de usados.
Terapia holística e chuveiros
Thais revela que, em seis meses, recuperou todo o investimento que fez e, aos poucos, ampliou seu negócio. Depois de seis meses, inaugurou a segunda sala, com mais 40 cabines individuais e, na sequência, a terceira, com mais 40 cabines. Hoje, no prédio em que tudo começou, ela e o marido administram 120 cabines que ocupam três andares. Um deles tem, dede o ano passado, o escritório em que ela trabalha, uma área de convivência, também usada para terapias, e um espaço com chuveiro, caso os clientes que usam bicicleta ou chegam suados queiram tomar banho.
"No Meu Cantinho, as pessoas ainda podem tomar chá e café à vontade nas suas cabines individuais, que não são compartilhadas nem quando estão ausentes. Também podem estudar no dia e horário que quiserem, pois funcionamos 24 horas e também aos finais de semana e feriados. Além disso, desde o começo, me preocupei em humanizar o espaço, com lanchinhos e surpresinhas de aniversário nas cabines das pessoas. Também disponibilizamos serviços como terapia em grupo, terapia holística, massoterapia e yoga. Cuidar do lado emocional também é importante para atingir os objetivos", diz Thais.
A maior parte dos clientes do Cantinho são mesmo de pessoas que estudam para concursos, mas também há estudantes de medicina, vestibulandos, alunos de mestrado, de MBA e até mesmo de cursos online. Não é preciso a presença de administradores para que as salas funcionem: para garantir segurança e boa convivência, os alunos assinam um contrato com as regras e passam por um controle biométrico na entrada das salas.
Mudança de planos
Apesar de não ter enfrentado dificuldades no percurso de seu negócio, Thais teve que superar uma crise existencial que a afetou por quase quatro meses. É que, ao assumir de vez o empreendedorismo, ela deixou de lado seu principal objetivo: passar no concurso público. Desmotivada, parou de estudar (algo que fazia por até oito horas diárias) para se dedicar a assuntos relacionados à empresa.
"Para aceitar que meu caminho era empreender, precisei fazer terapia por um tempo. Foi tudo muito intuitivo e rápido. Eu vim para São Paulo morar na casa da minha tia, com o dinheiro contado. Em dois anos e meio, abri 11 unidades do Meu Cantinho, porque também licenciei o uso da marca. Hoje eu amo o que eu faço", explica Thais.
Com as 120 cabines de estudo que gerencia com o marido, Thais fatura aproximadamente R$ 40 mil por mês. Recentemente, ela inaugurou outra unidade própria em Campinas. Além disso, tem unidades licenciadas em mais duas regiões de São Paulo e nas cidades de Santos, Sorocaba, São José dos Campos, Curitiba, Porto Alegre e Goiânia. Em breve, haverá um Cantinho também em Belém do Pará. Além disso, Thais criou um aplicativo de organização dos estudos de uso ilimitado para clientes, mas que pode ser baixado pelo público em geral por meio de planos disponíveis em seu site.
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