Laura Fernandez relembra depressão na gravidez aos 17: "Vivi um pesadelo"
Laura Fernandez tem no seu currículo fotos de moda para grifes como Gucci e Dolce & Gabbana. Aos 21 anos, a carioca acumula mais de 230 mil seguidores no Instagram, rede social em que capricha nas postagens de cliques dos seus trabalhos e da sua filha, Sol de Maria, do relacionamento com Francisco, filho de Preta Gil.
A modelo engravidou quando tinha 17 anos e questiona a visão romântica da gravidez — percepção da qual ela passou longe, já que encarou a depressão durante a gestação. Laura também enfrentou julgamentos ao engravidar tão jovem. "As pessoas diziam que eu tinha dado o golpe da barriga", completa.
"Eu não queria, nem sonhava em ficar grávida. Chorava no espelho quando me olhava e repetia para mim mesma: 'eu não quero estar assim'. Foi um pesadelo e acabei descontando tudo na comida. Ganhei 20 quilos na época. Lembro que a aliança ficou presa no meu dedo e tive que chamar o bombeiro para tirar (risos)", diz, em entrevista para Universa, durante encontro da Salon Line em Tulum, no México.
A conexão de Laura com a maternidade não foi imediata. "Demorei para me conectar com a minha filha. Eu não entendia o que era ser mãe. Tinha acabado de fazer 17 anos, era uma criança. Só percebi que era mãe, de fato, depois que saí do hospital", conta.
Não tem problema não se sentir mãe. A sociedade impõe que a gente tenha filhos. Eu, antes da maternidade, não me sentia nessa obrigação.
Em casa, além de se dedicar aos cuidados com a filha, Laura se viu diante da pressão de voltar ao físico que tinha antes de engravidar. "Depois de parir, parecia que eu estava gestando uma criança de sete meses. Todo mundo me falava que eu ia ficar linda e maravilhosa. Acham que é normal, até porque essa ideia vende muito. Então criei a expectativa de que voltaria ao 'normal', pois me diziam isso, já que eu era muito nova", complementa.
Na primeira semana, 15 dos 20 quilos adquiridos na gestação foram embora, mas as consequências da mudança tão rápida no corpo foram inesperadas. "Se eu tivesse 30 anos quando fiquei grávida, não voltaria ao meu peso com essa facilidade. Varia de acordo com cada pessoa. Emagreci tudo isso, mas meu corpo ficou uma bagunça", relembra.
Novo caminho e padrões questionados
Com as dificuldades em aceitar o corpo pós-parto, Laura descobriu uma nova profissão: a de influenciadora digital. "Não lembro exatamente quanto tempo depois voltei a trabalhar após a maternidade, porque não me sentia preparada para a agência e os castings. Foi um processo longo, que me levou a virar influencer. Amo modelar, mas sentia a necessidade de ir para outros caminhos em que eu pudesse ser mais eu."
Passar por essa experiência abriu os olhos de Laura para a imposição de padrões de beleza. "As questões de autoestima vêm da falta de a gente enxergar a própria identidade. É preciso olhar para a nossa raiz brasileira. A mulher negra, com curvas. Não aquela alta, loira de olho azul, como eu. Mas simplesmente nasci assim, ao contrário de muitas mulheres que sofrem com essa imposição de padrão em suas vidas. A gente entra nesse ciclo ditador muito cedo e tem de tomar cuidado para que isso não cresça cada vez mais".
Esse e outros ensinamentos são parte da educação de Sol de Maria, de 3 anos. Laura diz que falar sobre feminismo e criar um ser humano que esteja preparado para encarar a sociedade de hoje é um desafio. "Ao mesmo tempo em que cresço, aprendo com minha filha e desenvolvemos uma amizade. Existe um peso de criar um ser humano com todos preconceitos de lado. É um trabalho pesado e tento buscar o equilíbrio."
Ter outros filhos não é algo descartado pela modelo, que se considera mais preparada: "Hoje, ser mãe é um prazer. Eu penso muito em ter mais filhos, mas ao mesmo tempo me sinto satisfeita com a Sol. Não sei se planejaria. Gostaria que o universo me surpreendesse".
* O jornalista viajou a convite da Salon Line
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