Ela cortou cana e, hoje, vende "semijoias" online e fatura R$6 mi
A empresária Sabrina Nunes, 34, sempre que pode, durante suas conversas, reafirma que teve uma vida dura. O que é a pura verdade. Nascida em Itinga, interior de Minas Gerais, desde criança, ela trabalhou para ajudar a família: a mãe tinha um pequeno restaurante de beira da estrada e o padrasto era cortador de cana. "Estudei a vida toda em escola pública. Minha cidade era muito pobre", lembra. Aos 14, Sabrina ia à feira de seu bairro para vender picolé.
"Quando eu já estava maior, aos 20 anos, fazia faculdade de serviço social à distância e já tinha uma filha. Terminei o curso e fui para o Mato Grosso do Sul procurar trabalho. Não achei oportunidades boas e acabei cortando cana com meu padrasto. Trabalhei como agricultora por quase um ano e, depois, consegui um serviço como secretária". Passados sete anos, Sabrina passou no ProUni para a faculdade de engenharia, mas no Rio de Janeiro. Não pensou duas vezes: fez as malas dela e da filha e partiu para a casa de sua irmã, que morava na cidade --com o dinheiro contado: um salário mínimo.
"No Rio, li numa revista que uma pessoa tinha conseguido vender R$ 5 mil em bijuterias por meio de um marketplace, uma espécie de shopping virtual que reúne diversas marcas. Fui então para o centro da cidade, com R$ 50 no bolso, e comprei tudo em brincos, anéis, pulseiras e colares e anunciei os produtos na internet", diz ela, que nunca antes havia trabalhado com moda.
Lucro veio com a ascensão das redes sociais
"Comecei anunciando em uma loja online super conhecida de venda de artesanato. Nessa mesma loja, investi R$ 300 para que eles disparassem emails com os meus produtos para seus visitantes virtuais", conta Sabrina.
"Logo no começo, em um dia, consegui fazer R$ 5 mil!. Acreditei, então, que era possível fazer mais dinheiro e fui estudar, por minha conta, marketing digital. Ainda era o comecinho do Facebook no Brasil, então, não era preciso pagar por publicidade. Apliquei o dinheiro na contratação de uma empresa que criou um site para a minha marca, a Francisca Joias", relata. O nome é uma homenagem à avó materna de Sabrina, que morrera pouco antes da criação da loja.
Sabrina conta que outra de suas estratégias era ir a todas as feiras de beleza e moda para divulgar sua marca. Ela também criou o costume de fazer embalagens personalizadas para enviar os produtos, inclusive com perfume. Todo o dinheiro que era ganhava com a venda das peças era reinvestido, para vender cada vez mais. No terceiro ano da faculdade, a Francisca Joias atingiu faturamento mensal de R$ 18 mil. Sabrina decidiu largar os estudos e focar na empresa.
Da bijuteria à semijoia
O próximo salto de Sabrina foi parar de vender bijuterias e se concentrar nas chamadas semijoias, que são peças banhadas e/ou feitas com materiais mais nobres como ouro e prata.
Hoje, sua empresa conta com 15 funcionários e a empresária não tem a intenção de abrir uma loja física; entre outros motivos, porque ela exigiria gastos maiores, como aluguel e segurança.
Sabrina saiu do Rio de Janeiro com a filha e o marido, com quem está junto há 11 anos, e foi morar em Limeira, interior de São Paulo. "Queríamos ter uma qualidade de vida melhor, e a cidade é um grande foco de produção de semijoias".
Em Limeira, a empresa subiu outro degrau: abrir uma fábrica própria, onde produz cerca de 65% de seus produtos; os outros 35 são feitos por parceiros que fornecem o material. "E 80% dos nossos designs são autorais", diz Sabrina. Atualmente, ela conta que o faturamento da empresa é de R$ 500 mil mensais, somando R$ 6 milhões ao ano.
Por causa do sucesso que conseguiu, Sabrina hoje dá cursos de empreendedorismo para mulheres. "Ganhamos bastante com a nossa expertise de venda", conta ela. A próxima empreitada é a nova campanha da loja com a influenciadora Bianca Andrade --ela foi fotografada em Cartagena, na Colômbia.
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