Topo

Monique Evans: Homem mete e pronto. Minha namorada quer saber do meu prazer

Monique Evans, 63, diz que a relação com a mulher é a melhor que ela já teve - Reprodução/Instagram
Monique Evans, 63, diz que a relação com a mulher é a melhor que ela já teve Imagem: Reprodução/Instagram

Camila Brandalise

Da Universa

17/07/2019 04h02

Preste atenção ao que Monique Evans responde quando instada a falar sobre o que ela admira na namorada, a DJ Cacá Werneck:

"Ela é a pessoa mais gentil que eu já conheci. Nós conversamos sobre tudo, resolvemos nossos problemas juntas e uma confia na outra. É a melhor relação que já tive, inclusive sexual. Homens não se preocupam com a gente. Não conhecem o corpo feminino, só sabem meter e pronto. A Cacá quer saber se estou tendo prazer. E é muito atenciosa, abre a porta do carro, carrega minha bolsa".

Pode haver uma relação melhor?

Aos 63 anos, uma das mulheres mais lindas do país vira a vida de cabeça pra baixo: além de viver o primeiro amor homossexual, largou a igreja evangélica --por se sentir desrespeitada, justamente por essa escolha -- e está cuidando, como nunca fez, de seus transtornos mentais. Com o olhar apurado de quem já enfrentou tudo isso e mais inúmeros tabus femininos (quem não se lembra que ela foi a primeira da Sapucaí a botar o peito de fora?), Monique fala com lucidez e honestidade a Universa.

Depois de quatro casamentos com homens e até de participar de um quadro na TV para encontrar um namorado, há cinco anos, você namora uma mulher. Tirando o fator mistério, que faz parte de todo encantamento, sabe explicar o motivo dessa mudança?
Quando abracei a Cacá pela primeira vez, pensei: "Que coisa estranha que estou sentindo. Será que estou ensapatando?". E estava. Fui me apaixonando por ela, mas não aceitava. Não me imaginava nem segurando a mão de uma mulher. Mas foi ficando impossível de resistir. A gente ficou nessa amizade, malhava junta, se falava por telefone, até que um dia ela disse: "Quer saber? Eu posso te fazer mais feliz do que qualquer homem". Senti uma coisa muito forte e decidi tentar. Mas pedi para pegar leve porque não sabia como fazer. Nosso primeiro beijo demorou uma semana.

O que a encanta nela?
Ela é a pessoa mais gentil que já conheci. Eu pedia para Deus: "me mande um homem que me coloque no colo e que tome conta de mim". Ele me mandou uma mulher. A Cacá divide tudo comigo. Conversamos, resolvemos nossos problemas juntas e uma confia na outra. Além disso, ela foi a primeira pessoa que se preocupou em me dar prazer. Meus ex vão pirar, mas muitas vezes eu não tinha prazer. Tinha uma sensaçãozinha ou outra, e fingia. Até já chorei depois de transar porque não sentia nada, só fazia por obrigação. Isso não acontece comigo hoje. O homem não se preocupa com o que a mulher está sentindo. Eles acham que prestam a maior atenção, mas não pensam nem no antes nem no depois. Não conhecem o nosso corpo, só sabem meter, e é isso.

Monique Evans elogia pique sexual de Cacá Werneck: "Incansável, insaciável"

RedeTV! Entretenimento

E em que situação "Ele" a mandou?
A Cacá comentava minhas fotos no Facebook e eu achava que ela era a Tatá Werneck [apresentadora]. Aí olhei melhor e vi que ela tinha um abdômen todo sarado. Passamos a nos falar e, pouco depois, fui internada com depressão. Pedi a uma amiga que a avisasse porque ela também tinha depressão, sabia o que era. E ela quis me ver. Nós nos conhecemos, então, pessoalmente, quando eu estava internada em uma clínica psiquiátrica. E estamos juntas desde então, faz cinco anos.

Como está a sua saúde mental?
Tenho síndrome de borderline, cujo sintoma principal é a alternância de momentos de muita euforia com outros de profunda tristeza. Outro sintoma é a depressão. Continuo em tratamento, mas agora, com um psiquiatra que acertou direitinho meus remédios. Tomo dois por dia, um de manhã [para controlar a doença] e outro para me animar e ficar mais ativa. Estou na linha do "normal" para quem tem problemas de cabeça.

Quais foram os piores momentos desses transtornos psiquiátricos?
Tive crises de pânico muito sérias. Uma das primeiras foi quando a minha filha Bárbara era pequena [hoje ela tem 28 anos]. Entramos em uma loja, e as pessoas começaram a chegar perto, pedindo foto. Quando me vi rodeada de gente, com o tempo contado, e sem conseguir andar, fiquei apavorada e comecei a chorar. A Bárbara afastou as pessoas, disse que eu estava passando mal, e um segurança me colocou em um táxi. Em 2013, eu estava sozinha no Rio, e lutava contra a depressão. Dizia para o Armando, meu filho, que eu estava doente. Achavam que eu queria chamar a atenção. Um dia, tomei um monte de remédio para dormir. E mandei uma mensagem no Facebook para o meu irmão, me despedindo. Quando ele viu, ligou para uma prima e pediu para que ela fosse em casa. Me encontrou e me levou para o hospital, onde passei por procedimentos de desintoxicação. Um dia, acordei no quarto desse hospital e vi um enfermeiro tirando uma foto minha... Pouco tempo depois dessa crise, fui internada na clínica psiquiátrica.

Além do tratamento químico, procurou ajuda espiritual?
Vinte anos atrás, eu entrei para a igreja evangélica. Mas quando fiquei doente, me senti uma ovelhinha desgarrada. Fiquei um tempo sem ir aos cultos, e ninguém se deu conta; não se importaram em saber como eu estava. Abandonei a igreja. Depois de um tempo, já com a Cacá, retomei essa ligação espiritual, na Igreja Cristã Contemporânea, também evangélica, e que tinha um pastor gay. A gente era super bem recebida lá. Mas abandonei novamente.

E por quê?
Eu me senti agredida porque me cobravam muito nas redes sociais. Diziam: "Você é evangélica? Mas pode ser homossexual?". Essas pessoas não pensam que eu posso estar com uma mulher e firme na palavra de Deus? Como alguém que conhece a palavra tem essa maldade? Continuo com meu pensamento em Jesus, e uma época quase virei pastora. Fiz vários cursos sobre textos bíblicos, só faltava um para ser pastora propriamente, mas aí achei que não tinha a ver e desisti.

Você foi a primeira rainha de bateria a desfilar com os seios de fora e tomava sol nas praias cariocas de topless, nos anos 1980. Diria que foi, portanto, uma feminista à frente do novo feminismo?
Não sei dizer, mas fui porta-voz de muitos comportamentos. As pessoas me censuravam, diziam que eu era louca de sair nua nas capas de revistas. Mas nunca deixei ninguém me podar e isso revoltava muita gente. Colocavam as outras modelos como santinhas e eu era a maluca. Mas, ao mesmo tempo, as coisas eram mais liberadas. Hoje em dia, não pode colocar peito de fora no Instagram, que a foto é censurada. Por que o mamilo não pode aparecer? Na minha época, todo mundo amamentava naturalmente, e hoje isso virou uma questão.

É verdade que seu primeiro orgasmo foi com 30 anos?
Sim. A gente só sabe que tem um orgasmo quando tem. Na época, lembro que falei: "Gente, o que foi isso que aconteceu? Que absurdo, o que é isso?". Eu apresentei um programa sobre sexo na TV e acho que buscava nele informações que eu mesma procurava [um dos quadros desse programa, o "Noite Afora" era com médicos e sexólogos, que tiravam dúvidas sobre sexualidade]. As dificuldades que eu tinha eram basicamente duas: ir ao banheiro e transar; por isso, falava tanto de sexo e prisão de ventre [Monique gargalha]. Eu brincava tanto porque queria aprender.

Você está fora da TV há anos. Com o que trabalha hoje?
Estou fora desde a primeira vez que me internei, em 2013. Eu estava fazendo um quadro num reality do Rodrigo Faro para encontrar um namorado e tive que sair. Não trabalhar me afeta muito. Pensei em fazer um programa no YouTube, mas precisaria ter dinheiro ou patrocínio. Tem gente que me pede para fazer algo no estilo do "Noite Afora", que eu apresentava sentada na cama. Mas hoje, no YouTube, está todo mundo na cama. E fui eu que comecei essa moda! Hoje ganho dinheiro alugando imóveis que tenho.