Ela é rabina e lésbica: "Acham que Deus é homem, com barba e não sou assim"
Quando a rabina Lisa Grushcow, a primeira rabina lésbica de uma grande sinagoga do Canadá, estava se preparando para a escola rabínica, ela se viu dividida: amar ou servir a Deus.
Seu mundo virou de ponta-cabeça no fim dos anos 1990 quando ela estudava religião em Oxford e se apaixonou por uma mulher. Porém, sua escola não aceitava rabinos abertamente homossexuais. Ao invés de abandonar a vocação, ela optou por se juntar ao Movimento Reformista Judaico, uma área progressista da religião que aceita rabinos gays e casamentos homoafetivos.
"Me assumir me deixou mais próxima de Deus. Foi a primeira vez da minha vida que vi que ser bom em algo e trabalhar duro não eram o bastante para abrir as portas. Mas abraçar meus dois lados moldou minha identidade", conta ao "The New York Times".
Nascida em Ottawa, Lisa atribui aos pais a noção de que uma mulher é capaz de fazer qualquer coisa. Porém, ela se lembra de comentários do Torá, na infância, chamando a homossexualidade de "abismo de depravação". "Estavam falando de mim", diz. O que mudou sua percepção sobre a sexualidade foi seu período vivendo em Nova York. "Você não consegue andar alguns quarteirões lá sem esbarrar numa lésbica rabina!", brinca.
Divorciada e casada novamente, Lisa já é mãe de duas filhas e espera uma terceira. Nomeada como um dos rabinos mais inspiradores da América do Norte pela publicação judaica "The Forward", ela editou um livro seminal sobre judaísmo e sexualidade, trabalha para estreitar as relações entre judeus e islâmicos do Canadá, e aconselha judeus LGBTQ+ da América do Norte inteira.
"As pessoas esperam que o rabino seja um representante de Deus, e acham que Deus é um cara de barba. Eu não me pareço com isso", brinca Lisa, que acredita estar quebrando um tabu num espaço onde existem tão poucas mulheres na posição de rabina. "Ser divorciada e uma rabina lésbica e mãe aprofundou meu conhecimento da experiência humana", opina.
Rabbi Hara Person, rabina e executiva do "Movimento de Reforma Norte-Americano", acredita que Lisa é uma "líder da reforma e uma rabina da era moderna". "Ela exemplifica como uma comunidade pode abraçar a tradição e ainda se adaptar a quem somos como pessoa e comunidade", diz.
"O fato de ela ser lésbica e mulher foi um problema para alguns que disseram que aquilo não os representava", relembra o antigo presidente do templo de Lisa, Stephen Yaffe. Porém, Lisa convenceu os fiéis com sua empatia, inteligência e capacidade de se conectar com todos. Em pouco tempo, a sinagoga estava lotada, especialmente de jovens.
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