Amigo de Clarice Falcão sofre homofobia e agressões em Uber: "Apontou arma"
Resumo da notícia
- A cantora Clarice Falcão usa o Twitter para denunciar ataque homofóbico sofrido por um amigo durante uma corrida do app Uber
- Célio Junior estava acompanhado do namorado, Felipe, a mãe, Maria, e o afilhado no trajeto até a região Central do Rio de Janeiro
- O motorista agrediu o roteirista e o namorado verbalmente e fisicamente com tapas, rasteiras e coronhadas com uma arma de fogo
- Em comunicado, a Uber diz ter afastado o profissional e considerar inaceitável qualquer forma de discriminação
Na quarta-feira (24), Clarice Falcão usou o Twitter para cobrar um posicionamento da Uber após seu amigo Célio Junior e o namorado, Felipe, sofrerem homofobia e diversas agressões durante a corrida com um carro pedido pelo aplicativo na Praça 15, região central do Rio de Janeiro.
"Meu melhor amigo estava em um carro da Uber com a mãe, o namorado e o afilhado e foi fisicamente agredido pelo motorista armado enquanto era chamado de 'viadinho'. Ele levou uma coronhada na cabeça, o namorado levou um soco e uma rasteira", escreveu ela na publicação, que repercutiu rapidamente na rede social.
Agressões verbais e físicas
Em entrevista para Universa, o roteirista, de 29 anos, afirmou ter percebido o comportamento estranho do motorista desde que o encontrou no ponto de partida para a corrida, pedida pelo celular da mãe.
"Eu e meu namorado fomos primeiro até o carro, porque minha mãe tinha esquecido o casaco dela em casa. Eu e ele estávamos de mãos dadas e quando tentei abrir a porta do carro, ele não deixou. A partir dali achei estranho, então ele abriu a janela e disse: 'é para a Maria'. Avisei que era a minha mãe e ela já estava vindo", relembra.
Segundo Célio, ao longo da viagem, o motorista, que não foi identificado pela empresa, demonstrou estar incomodado com atitudes agressivas enquanto dirigia: "Ele ficava bufando, batendo no volante".
Assim que estavam próximos ao ponto final da viagem, Célio perguntou ao profissional se ele poderia deixá-los um pouco mais à frente do local sinalizado no aplicativo do celular, já que precisavam parar em uma farmácia próxima dali.
"Ele disse 'não, é aqui' e se recusou a deixar a gente onde pedimos. Enquanto saíamos do carro, eu falei: 'o senhor é muito mal-educado, não custava ter deixado minha mãe um pouco mais para a frente, ela é uma senhora de 70 anos", relembra. "Assim que saímos do carro ele abriu a janela do carro e começar a gritar 'viadinho' para mim".
Célio e a mãe então foram até a janela do motorista e conversaram com ele, que teria mantido a agressividade em suas reações: "Ele tentou avançar para cima de mim e na segunda tentativa deu um tapa na minha cara. Quando percebi que ele era violento de verdade, puxei minha mãe para ir embora".
O motorista teria então saído do carro e confrontado Felipe, o namorado de Célio. Depois que a situação aparentemente estava controlada, ele teria voltado para o veículo e surgido com uma arma, ameaçando dispará-la.
"Ele apontou uma arma para o peito da minha mãe. Ela só pedia para ele não matar a gente. Puxei todo mundo para sair de lá. Quando estávamos de costas, ele deu uma rasteira no meu namorado, uma coronhada com o revólver na minha cabeça e entrou no carro de volta, ainda nos xingando."
Posicionamento da Uber
Após a repercussão do caso, proporcionada por Clarice Falcão, o carioca foi procurado pela Uber, mas, segundo Célio, a empresa não fez nada: "A minha sorte é que minha mãe é do grupo Mães pela Diversidade, então temos contato da Comissão da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Direitos Humanos. Estamos fazendo o contato com eles, que vão nos acompanhar até a delegacia".
A Universa, a Uber informou que o motorista foi desativado do aplicativo e a empresa considera inaceitável qualquer forma de violência e discriminação em suas viagens. Veja a íntegra:
"A Uber considera inaceitável qualquer forma de violência e de discriminação em viagens pelo aplicativo. O motorista citado foi desativado do app assim que soubemos do caso. Entramos em contato com o usuário para oferecer apoio e informar que seguimos à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.
A empresa se orgulha em oferecer opções de mobilidade eficientes e acessíveis para todos - ao mesmo tempo em que oferece também uma oportunidade de geração de renda democrática, independente de credo, etnia, orientação sexual ou identidade de gênero (sendo a primeira empresa de ridesharing que permite nome social na plataforma).
Fornecemos diversos materiais informativos a motoristas parceiros sobre como tratar cada usuário com cordialidade e respeito e frequentemente realizamos e apoiamos campanhas em favor da diversidade e do respeito como forma de conscientizar usuários, motoristas parceiros e a sociedade em geral. Um exemplo é a campanha 'Carnaval de Respeito, realizada em parceria com a ONG Plan International, que foi divulgada para milhões de usuários e motoristas.
Como empresa de aplicativos de Internet, a Uber está sujeita à legislação sobre esse tema, incluindo o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/ 2014), e só pode compartilhar dados respeitando essa legislação. O Marco Civil da Internet é a lei federal que regula qualquer tipo de compartilhamento de dados no Brasil e proíbe o compartilhamento de dados pessoais com terceiros, exceto nos casos expressamente previstos em lei."
Denúncia
Nesta quinta-feira (25), acompanhado de um representante da Comissão da OAB de Direitos Humanos, Célio Júnior registrará o boletim de ocorrência contra o agressor em uma delegacia no Rio de Janeiro.
"Eu sei que sou muito privilegiado só por ter uma rede de suporte perto de mim. Sou branco e de classe média alta. Se isso acontece comigo, imagina com quem tem menos privilégio do que eu. Se eu posso colocar a cara e denunciar, é isso o que eu vou fazer. Não por mim, porque eu agora estou bem, mas para mostrar como a Uber, que tem o maior carro da Parada e que sempre demonstra apoio à comunidade LGBTQ, na hora do vamos ver é relapsa e não se responsabiliza por nada."
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