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Especialista sobre "palmadas boas" de Piovani: "Nunca bata nas crianças"

A atriz Luana Piovani com os filhos Dom, Bem e Liz: "Não tem manual para ser mãe" - Arquivo pessoal
A atriz Luana Piovani com os filhos Dom, Bem e Liz: "Não tem manual para ser mãe" Imagem: Arquivo pessoal

Luiza Souto

De Universa

26/07/2019 04h00

Num vídeo de quase 11 minutos e 69,9 mil visualizações, a atriz e apresentadora Luana Piovani desabafa: "Voltei a dar umas palmadas boas, me sinto mal e não quero mais fazer isso". Ela está ali dividindo com suas seguidoras no Youtube um desentendimento recente com o filho mais velho Dom, de 7 anos, fala que já fez de tudo, conversou, tirou o tablet e que pela primeira vez não sabia o que fazer. Mãe ainda de Bem e Liz, de 3, de seu casamento com o surfista Pedro Scooby, ela finalizou: "Não tem manual para ser mãe. E é difícil, bastante difícil".

A psicopedagoga Thais Emilia de Campos, doutora em Educação pela UNESP (Universidade Estadual de São Paulo) ensina: nunca é orientado bater nas crianças. Em nenhuma situação, ainda que o filho esteja fazendo birra, ou quando o menor se põe em perigo colocando o dedo na tomada. Bater, não. Ela explica:

"Bater nos filhos para corrigir algo é ensiná-lo que, quem ama, bate. Tudo começa com tapinha e vai virando agressões maiores. Não vamos pensar somente em traumas futuros, mas na formação da personalidade, num possível futuro agressor, que vai achar que pode bater em quem ama porque a pessoa, por exemplo, não correspondeu à sua expectativa. Ou ainda: a pessoa aceita ser agredida por quem ela ama, já que cresceu apanhando de quem deveria dar afeto e carinho".

Mas mãe perde a cabeça, se irrita, sai do controle. E aí? O que fazer quando respirar não está ajudando e todos os castigos já foram aplicados, como a atriz disse na gravação?

"O correto é desviar o foco da criança ou adaptar o ambiente. Enfiou o dedo na tomada? Coloque uma tampinha nela. Ou distraia com brinquedo. Está fazendo birra? Descubra o motivo e mude o foco. Ou ignore. Com o tempo, vai passar. A educação é um processo longo", Thais aponta.

Mesmo em situações extremas, quando a criança tenta revidar, ou morder, colocando a si mesma ou o outro em risco, a especialista insiste que bater não é o caminho.

"O correto é imobilizar a criança. Às vezes é necessário fazer a contenção, mas nunca segurar para agredir".

Segundo Thais, não existe um castigo ideal. Ela fala que depende da idade e característica do filho. Mas a saída recomendável, na sua avaliação, é o diálogo para que, juntos, mãe e filhos possam refletir e chegar a um denominador comum.

"O castigo não precisa ser a retirada de algo, ou proibição, mas auxiliar, por exemplo, a criança em alguma atividade para que ela aprenda a reparar o erro, como limpar a parede que ela riscou. E sempre explicar o porquê daquilo, senão a criança não vai entender e pode gerar revolta", conclui.