Bruna Lombardi: bilhetes de amor, chazinho na cama e 2ª temporada de série
A ideia era não falar, ao menos na abertura do texto, sobre a beleza de Bruna Lombardi. A ideia era não limitar a atriz, escritora, diretora e roteirista à sua beleza. Mas, fazer isso, depois reavaliamos, seria usurpar - mesmo que com boa intenção - um pedaço notável e, mais importante, valorizado por ela. Tirado portanto o elefante da sala, Bruna foi, é e certamente continuará assombrosamente bonita, falemos aqui de outros informes sobre ela.
No ano que vem, a série "A Vida Secreta dos Casais", da HBO, vendida para 87 países, ganha sua segunda temporada. O trabalho é feito por Bruna, Carlos Alberto Riccelli, seu marido há 41 anos e o filho do casal, Kim. Sim, perguntamos para ela como essa dinâmica é possível, uma vez que não só o trabalho acontece, como o casal exala sensualidade -- lembrando, há quatro décadas -- e não parece viver às turras.
Bruna, que fez 10 livros, cinco filmes e oito novelas fala também, nesta entrevista, sobre felicidade, um de seus temas favoritos -- e sobre o qual trata no portal Rede Felicidade, em que dá dicas que vão de trabalho à alimentação --, infelicidade, por exemplo, com a situação do país e da vergonha de ser impaciente.
Você posta nas redes sociais fotos de biquíni ou com o corpo à mostra de outras maneiras, com bastante frequência. Você se pergunta por quê?
Se minha sensualidade não estiver à mostra, vou tirar um pedaço do que eu sou. Eu sou solar, exuberante. Eu lido com sensualidade como uma libertação. Passa pelos sentidos, é sensorial, e isso também está ligado à espiritualidade, outro lado meu a que dou muita atenção. Mas, olha, também adoro ficar de pijama, encolhida na cama.
Essas fotos geram comentários sobre como você está "inteirona" aos 66 anos; como se, nesta idade, as mulheres fossem perdendo um braço, uma perna, sem mais estarem "inteiras". Isso é chato para muitas de nós; para você, que é muito bonita, causa que tipo de sentimento?
Não me incomodam. Você pode imaginar, em todos esses anos, conhecida como sou, quantos milhões de notícias, opiniões e deturpações sobre mim já fizeram? Entendi que não posso controlar isso, não está no meu registro. Quando as pessoas fazem comentários, bons ou ruins, o julgamento pertence somente a elas.
É o seu marido, aliás, quem faz muitas dessas imagens. Esse é um tipo de brincadeira entre o casal, algo que faz parte da manutenção da tensão sexual?
O contato físico é muito importante. Gosto de dormir de perna entrelaçada, de abraçar e de beijar muito. Temos vários pequenos rituais no dia a dia. Um deles é parar para ver o pôr-do-sol juntos, mesmo quando temos muito trabalho. O Ri é gentilésimo, todos os dias ele acorda mais cedo que eu e me traz um chá porque sabe que eu gosto. Deixo bilhetinhos pela casa, falando que o amo, com marquinhas de batom. Sou muito da gracinha. A cumplicidade que esse tempo junto traz é imbatível. A gente se entende sem nem precisar se olhar; em meio a uma multidão, já saca o que o outro está pensando.
Vocês estão casados há 41 anos, parecem felizes emocional e sexualmente e trabalham juntos. Estamos falando de uma relação perfeita?
Tem momento de tempestade também. Mas nossa regra é não ir para a cama brigados. Quando a gente se conheceu, eu não pensei que fosse durar tanto. Na época, escrevi um verso: "Se a paixão há de ser provisória, que seja louca e linda nossa história". A paixão tem esse elemento provisório. Mas o que descobri é que a gente é que renova a relação. Tem momentos que a energia está em outros lugares, no trabalho, por exemplo.
Seu pai era uma cineasta italiano e sua mãe, uma atriz turca. Como foi sua criação?
Meus pais me estimularam muito a ler, estudar e perguntar. Lembro uma conversa que tivemos sobre o universo quando eu tinha 11 anos. Minha mãe era uma atriz supermoderna, altamente emocional, intuitiva, inteligente, falava nove línguas. Também gostava de animais. Sempre havia muitos cães na minha casa, que ela resgatava para doar. Meu pai tinha um pensamento mais cartesiano. Herdei um pouco das características de cada um.
"Acenderam-se os porões e a brutalidade da natureza humana deixou marcas e perdas irreparáveis", você escreveu, no ano passado, em suas redes. Que porões eram esses?
São assuntos e temas que muita gente acreditava que não existiam, como racismo e violência contra a mulher. Ainda estão se revelando. Tem gente que diz que o mundo está chato, mas acho que é porque não querem resolver esses problemas, querem ficar nas suas ideias confortáveis. O problema é que nesse conforto tem racismo e tem machismo.
Felicidade é um tema comum nos seus trabalhos. Gostaria de saber se você está feliz ou infeliz com o governo Bolsonaro.
Quem é que pode estar feliz no Brasil de hoje? Não falo exatamente do presidente, porque não me interessa quem está no governo. Mas é um momento complicado, tem barbaridade todos os dias, notícias sobre falta de investimento na educação, na saúde. Vou continuar tendo esperança no país. Estamos em um navio que não queremos que afunde. Gostaria que os serviços fossem bons a ponto de todos os políticos mandarem seus filhos para escolas públicas e suas famílias para hospitais públicos.
Além da situação hedionda do país, o que mais a deixa brava?
Tenho um temperamento explosivo e, por isso, fico brava facilmente. Já me vi em um posto de gasolina de beira de estrada brigando com um motorista de caminhão porque ele estava jogando pedras em um cachorro. Queria sair no tapa com ele. Mas eu não gosto de ser briguenta. Fui vendo, com o tempo, que não é assim que se resolvem as coisas. Mas tenho muita dificuldade em me segurar. Esse homem no posto de gasolina, por exemplo, eu poderia ter conversado com ele, mas não consegui. Chego a gritar, saio de mim. Tenho vergonha da minha impaciência.
Você, seu marido e seu filho criaram e dirigem a série "A Vida Secreta dos Casais", da HBO, vendida para 87 países, cuja segunda temporada deve estrear no ano que vem. Sobre o que vai falar?
Vai ser uma continuação da primeira temporada, em que um paciente da minha personagem, Sofia, uma terapeuta tântrica, é morto em frente à casa dela. E, na segunda, Sofia está envolvida na investigação do crime, que envolve política e poder. Vai ter um grupo de hackers acompanhando a investigação. A história está surpreendentemente atual, e foi escrita há um ano.
Seu nome completo é Bruna Patrícia Maria Teresa Romilda Lombardi. Quem são todas essas homenageadas?
Minhas duas avós. E olha que nem está aí o Sandner, sobrenome da minha mãe. Ela conta que, quando foi me registrar, não cabiam todos na linha, e ela deixou o dela de fora. É grande, né? Já pensaram até que eram duas pessoas. Eu brinco que tenho um nome para cada humor.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.