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Mulher morta com ácido pelo ex havia feito B.O.: "Onde está a lei?"

Vítima (foto) foi enterrada em Limoreiro, Pernambuco  - Reprodução/Facebook
Vítima (foto) foi enterrada em Limoreiro, Pernambuco Imagem: Reprodução/Facebook

Marcos Candido

Da Universa

02/08/2019 04h00

Mayara Estefanny Araújo, 19, pediu ajuda. Mais de uma vez. Por três vezes, fez um boletim de ocorrência na polícia civil de Pernambuco. Dias antes antes de morrer, o ex-namorado, William César dos Santos Junior, 30, foi impedido de se aproximar devido a uma medida protetiva de urgência.

Mas no início de julho, Mayara foi atacada com ácido sulfúrico pelo ex e um amigo de acordo com informações da perícia e da polícia civil. Na última quinta (25), o hospital onde ela foi internada em Recife anunciou sua morte. Agora, o corpo de Mayara jaz em um cemitério na cidade de Limoeiro, no agreste pernambucano. Os dois homens foram presos como suspeitos pelo crime.

Denunciado pelo Ministério Público, William César dos Santos Junior (foto) afirmou à polícia que gostaria de dar 'um susto' na ex. Vítima morreu - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Denunciado pelo Ministério Público, William César dos Santos Junior (foto) afirmou à polícia que gostaria de dar 'um susto' na ex. Vítima morreu
Imagem: Reprodução/Facebook

O episódio abalou o Nordeste e demonstra um padrão em relação à morte de mulheres no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, mulheres que sofreram violência têm oito vezes mais chances de morrer do que a população feminina em geral. O levantamento foi feito a partir de 800 mil notificações de violência física, sexual ou psicológica.

A vítima morta em Pernambuco teve um relacionamento de quatro anos com o suspeito, que não teria aceitado o término. Os dois também tinham um filho de dois anos. Segundo testemunhas, o rosto de Mayara pegou fogo com a substância. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos dois suspeitos.

Logo após o ataque, promotores estaduais denunciaram William e Paulo Henrique por homicídio qualificado. Além do agravante de feminicídio, a denúncia também consta motivo torpe e por meio de substância que poderia causar perigo comum. Com a morte, o Ministério Público prepara-se para fazer uma nova denúncia contra o suspeito.

Vereadores recifenses reclamaram da ineficiência das medidas protetivas de urgência para reduzir o índice de feminicídios causados pela violência reiterada contra mulheres.

"Onde estão as leis protetivas? A gente tem que insistir que a Lei Maria da Penha seja efetivamente cumprida e elas não continuem morrendo", defende a vereadora Goretti Queiroz (PSC).

Para suprir a falha na proteção às mulheres, ela vai pedir regime de urgência para um projeto de lei que proíbe a venda de determinados tipos de ácidos a pessoas físicas, com previsão de multa a quem desrespeitar a lei.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado na matéria, a cidade de Limoeiro pertence ao agreste de Pernambuco. A informação foi corrigida.