Mulher morta com ácido pelo ex havia feito B.O.: "Onde está a lei?"
Mayara Estefanny Araújo, 19, pediu ajuda. Mais de uma vez. Por três vezes, fez um boletim de ocorrência na polícia civil de Pernambuco. Dias antes antes de morrer, o ex-namorado, William César dos Santos Junior, 30, foi impedido de se aproximar devido a uma medida protetiva de urgência.
Mas no início de julho, Mayara foi atacada com ácido sulfúrico pelo ex e um amigo de acordo com informações da perícia e da polícia civil. Na última quinta (25), o hospital onde ela foi internada em Recife anunciou sua morte. Agora, o corpo de Mayara jaz em um cemitério na cidade de Limoeiro, no agreste pernambucano. Os dois homens foram presos como suspeitos pelo crime.
O episódio abalou o Nordeste e demonstra um padrão em relação à morte de mulheres no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, mulheres que sofreram violência têm oito vezes mais chances de morrer do que a população feminina em geral. O levantamento foi feito a partir de 800 mil notificações de violência física, sexual ou psicológica.
A vítima morta em Pernambuco teve um relacionamento de quatro anos com o suspeito, que não teria aceitado o término. Os dois também tinham um filho de dois anos. Segundo testemunhas, o rosto de Mayara pegou fogo com a substância. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos dois suspeitos.
Logo após o ataque, promotores estaduais denunciaram William e Paulo Henrique por homicídio qualificado. Além do agravante de feminicídio, a denúncia também consta motivo torpe e por meio de substância que poderia causar perigo comum. Com a morte, o Ministério Público prepara-se para fazer uma nova denúncia contra o suspeito.
Vereadores recifenses reclamaram da ineficiência das medidas protetivas de urgência para reduzir o índice de feminicídios causados pela violência reiterada contra mulheres.
"Onde estão as leis protetivas? A gente tem que insistir que a Lei Maria da Penha seja efetivamente cumprida e elas não continuem morrendo", defende a vereadora Goretti Queiroz (PSC).
Para suprir a falha na proteção às mulheres, ela vai pedir regime de urgência para um projeto de lei que proíbe a venda de determinados tipos de ácidos a pessoas físicas, com previsão de multa a quem desrespeitar a lei.
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