Cinco filhos, nunca usou mamadeira: "Passei mais de nove anos amamentando"
Mirélle Rosa Nunes, tem 29 anos e cinco filhos. Foram duas gestações gemelares espontâneas e além de fertilidade, a moradora da cidade de Capivari de Baixo (SC), também esbanjou leite materno. Contrariando as estatísticas brasileiras, nenhuma das crianças usou mamadeira com fórmulas artificiais e os cinco passaram mais de dois anos mamando no peito.
A primogênita Liliany, hoje com 13 anos, mamou por três anos e meio; as gêmeas Alicy e Isabely que completam 6 anos neste mês também mamaram esse período. Finalmente, Mirélle amamentou os gêmeos Yuri e Davy por mais de dois anos. Conheça essa história bem-sucedida de amamentação que marca a Semana Mundial do Aleitamento Materno iniciada nesta quinta-feira (1º):
"Tenho cinco filhos, sendo duas gestações gemelares e no total passei mais de nove anos amamentando. Nenhum deles usou mamadeira. Parei de amamentar meus gêmeos [completaram 3 anos em junho] agora no mês de março. Às vezes, é até meio estranho não dar de 'mamar' quando eles estão deitados em cima de mim. Um deles ainda pede, capaz de sugar e ainda sair leite. Tenho hora que eu sinto saudades deles mamando. Para mim sempre foi muito natural amamentar. Claro que era cansativo, mas não era um fardo, não fazia só por obrigação. Nunca pensei: 'lá vem eles querendo mamar de novo', ou 'ai, engravidei, vou ter de voltar amamentar'.
Casei muito jovem, com 15 anos, e aos 17 já tive minha primeira filha [Liliany, 13 anos]. Sempre quis ter parto normal e poder amamentar, as pessoas falavam que não ia conseguir porque era muito nova, muito pequena... Entrei em trabalho de parto, fui para o hospital, fiz força e minha filha nasceu em dez minutos.
Amamentá-la foi bem tranquilo, tinha muito leite, até jorrava na carinha dela. No começo, os seios arrebentaram um pouco e chegou a empedrar o leite. Tirava e doava para o hospital. Antes de ela mamar, tinha de tirar porque enchia muito. Usava aquelas conchas para não vazar o leite e elas viviam cheias. A Liliany mamou até os 3 anos e meio, as pessoas viviam falando que não precisava mais amamentar porque ela já era grande, mas nunca liguei. Mas minha mãe e meu marido sempre me apoiaram. Tirei do peito porque tive um aborto e precisei ficar dois dias internada no hospital. Ela não sentiu falta e eu aproveitei para desmamar.
Quando a Liliany tinha 7 anos, ganhei as gêmeas. Quando soube da gravidez gemelar levei um susto porque não tinha histórico na família. A gravidez foi tranquila, mas precisei ficar internada porque havia risco de serem prematuras, e acabaram nascendo com 33 semanas. Ficaram 14 dias no hospital para ganhar peso, mas já as amamentei desde o primeiro dia de vida. Elas recebiam o leite materno pela sonda.
Já tinha a experiência de amamentar minha primeira filha, então foi natural com as gêmeas [Alicy e Isabely, completam 6 anos neste mês de agosto]. Elas mamavam sempre juntas, foram pouquíssimas as vezes em que as amamentei separadas. As pessoas falavam que eu não daria conta, que não teria leite suficiente, que iria me acabar... Era cansativo sim, tinha de acordar a noite inteira, mas preferia isso do que a mamadeira. Além do mais, elas estavam se desenvolvendo bem, não tinha necessidade de entrar com fórmula.
Para mim seria mais desgastante levantar de madrugada para fazer mamadeira, além da questão do custo. Elas dormiam comigo, era tranquilo, voltava logo a dormir. Foi assim por três anos e meio, dei até começarem a ir para a creche e o desmame também foi bem natural.
Grávida de gêmeos de novo
Desmamei as meninas numa sexta-feira e na segunda seguinte descobri que estava grávida. De novo. De gêmeos. Meu marido estava com vasectomia marcada para o mês seguinte. Fiquei preocupada, mas segui. Também precisei ficar internada quando estava com 24 semanas de gestação [foi assim na primeira gravidez gemelar] porque eles tinham o risco de nascer muito antes, já estava com dois dedos de dilatação. Tomaram a injeção para amadurecer os pulmões e nasceram com 34 semanas, por cesárea. Um dos bebês estava sentado e não tinha como ser parto normal.
Amamentar os gêmeos foi muito parecido [Yuri e Davy, 3 anos], sempre dei para os dois juntos. Até porque quando um pedia, o outro vinha correndo atrás. A única questão é quando eles nasceram eu já tinha outros três filhos, achei que não fosse dar conta. Até pensei por um momento em introduzir a mamadeira, mas depois desisti.
No começo, o leite deu uma empedrada porque eles eram muito pequenos e não conseguiam mamar bem, mas depois a coisa engrenou. Eles mamaram por dois anos e meio, pararam em março deste ano. Só o desmame que foi bem pior do que o das meninas, muito mais difícil. Até hoje um deles ainda pede, quer deitar em cima, cheirar meu peito. Mas quis desmamar porque eles são muito agarrados comigo, não ficavam com ninguém e, como agora estão na creche, achei que era melhor. E eles também já comem de tudo.
Eu gostava muito de amamentar, era prazeroso. Todos eles, assim que nasceram, na sala de parto, já foram para o peito. Com os gêmeos, o leite demorou um pouco para descer porque fiz cesárea. Mas lembro que quando as gêmeas chegaram, na maternidade, queriam que eu esperasse a fonoaudióloga chegar para ajudar a estimular. Mas quando ela chegou no quarto, eu já estava amamentando.
Como também não dei chupeta para nenhum deles, o tetê era solução pro sono, pra dor, para fome. Era mamãe 24 horas por dia. Sei que algumas mulheres têm vontade de amamentar, mas não conseguem, talvez seja por conta do organismo. Também para algumas, a correria do dia a dia pode atrapalhar. Vejo as mães que dão mamadeira para os filhos e botam para ver TV enquanto elas fazem outras coisas. Não dá para julgar. Outras nem querem amamentar porque têm medo de o peito cair. Ainda hoje a gente escuta essas besteiras. Quando me falavam isso, sempre brincava: é a lei da gravidade, tudo que sobe, desce."
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