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Deu Match!?

Como apps de paquera os ajudaram a superar o fim de relacionamentos longos

Calie Arantes e Jason Widawski: pedido de casamento no Pão de Açúcar - Arquivo Pessoal
Calie Arantes e Jason Widawski: pedido de casamento no Pão de Açúcar Imagem: Arquivo Pessoal

Eligia Aquino Cesar

Colaboração para Universa

06/08/2019 04h00

Diferentemente de muitos anos atrás, não é porque o relacionamento é longo que ele precisa durar para sempre. E, quando acaba, a pessoa que estava há um tempão "fora do mercado" tem que encarar um novo desafio: descobrir as maravilhas do mundo dos aplicativos.

Se o último parceiro foi conquistado da maneira tradicional -- encontrando num bar, por exemplo -- a mudança de comportamento pode causar algum estranhamento. Mas quem está sozinha teve de se adaptar aos novos tempos, nos quais os apps de paquera são grandes aliados na busca por flerte, diversão, namoro ou até mesmo casamento.

"O app ajudou muito na aproximação, já que não curto o jogo da sedução"

Calie Arantes Sampaio, 37, se encaixa perfeitamente nesse perfil. A administradora de empresas resolveu estudar inglês no Canadá poucos meses após o divórcio de uma relação de mais de dez anos. "Uma amiga do Brasil perguntou se eu estava saindo com algum gatinho em Toronto e eu respondi que estava em outra pegada. Ela, então, insistiu para que eu baixasse um app de paquera, dizendo que era uma ótima forma de treinar meu inglês e que os encontros na América do Norte eram mais casuais e tranquilos do que no Brasil. Resolvi arriscar".

A jovem conta que a experiência realmente a fez melhorar muito seu inglês, aprender diversas coisas em um curto espaço de tempo e, de quebra, conhecer muita gente legal. "Um dia, aceitei um convite de um rapaz para tomar um drinque e jantar. Depois de vasculhar o Face dele e conversar muito fomos a um bar em Toronto que tem muitos brasileiros. Foi engraçado porque eu nunca tinha encontrado alguém nessa situação. Ele disse que sabia algumas coisas sobre o Brasil, perguntei, então, qual era a comida brasileira favorita dele e ele respondeu 'beijinho'. E eu o beijei".

Após nove meses no Canadá, Calie voltou ao Brasil. O namorado, Jason Widawski, 38, veio visitá-la e aproveitou a ocasião para pedi-la em casamento no Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro. Em 2017, data em que fizeram um ano de namoro, casaram-se: estão juntos desde então. "Se dependesse da minha iniciativa, sem tecnologia, ainda estaria solteira. Sempre tive dificuldade de paquerar, nunca soube trocar olhares, sou meio defensiva, sabe? Antes eu tinha um grande preconceito em relação a aplicativos de paquera, mas hoje acho que é uma ótima forma de dar filtrar as pessoas que estejam de acordo com o que você procura. Ajuda muito na aproximação", avalia.

"Gosto do olho no olho, mas acho que os apps também são uma ótima alternativa para paquerar"

Marco Aurélio Ribeiro, 40, conta que uma das principais razões para investir em um app de paquera foi que queria aproveitar o momento após o casamento de oito anos chegar ao fim. "Quando me falaram dos apps, achei estranho, mas resolvi entrar. Confesso que tinha preguiça de ficar olhando os perfis e no começo pensei que havia pessoas buscando apenas curtir e achava que era isso que eu queria também".

Marco Aurélio Ribeiro e Danieli Junco: uma noite inteira conversando no app - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Marco Aurélio Ribeiro e Danieli Junco: uma noite inteira conversando no app
Imagem: Arquivo Pessoal

Essa imagem foi totalmente desfeita após, nas palavras dele, ter encontrado ótimas pessoas no app. Foi ali que o empresário conheceu Danieli Junco, sua atual companheira. "Nosso match aconteceu no dia 15 de janeiro de 2014, conversamos a noite inteira e saímos no outro dia. Após dois meses, ela descobriu que estava grávida, decidimos morar juntos e estamos assim desde então", resume o empresário.

Embora se descreva como o tipo de pessoa que gosta da paquera olho no olho, do contato mais pessoal, Marco diz que acha os apps uma ótima alternativa para quem quer encontrar alguém. "Muitas pessoas estão cansadas dos 'meios tradicionais' de se relacionar. Conheço ao menos mais dois casais que se conheceram em apps de paquera, que estão casados, com filhos e felizes, como eu estou", conclui.


"Você não tem nada a perder. Se de fato for legal, quem sabe as coisas evoluem?"

Marina Vaz Vianna, 33, vê nos aplicativos ótimos facilitadores. Após a separação, a empresária ficou dois anos focada nos cuidados com o filho pequeno. Quando sentiu vontade de ter alguém em sua vida novamente não pensou duas vezes e recorreu aos apps de paquera. "Como meu filho era pequeno, fui prática! Precisava otimizar os períodos que ficava fora de casa. Não dá para ficar perdendo tempo que eu tinha antes de ser mãe, indo a bares ou pedindo que amigos apresentassem alguém".

Marina Vaz e Diego Locci: amor depois de relacionamentos longos - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Marina Vaz e Diego Locci: amor depois de relacionamentos longos
Imagem: Arquivo Pessoal

Outro ponto decisivo para que a carioca tomasse essa decisão foi que ela queria conhecer alguém fora de seu círculo de relações. "Todo mundo que está solteira acaba indo dentro da própria bolha: é um amigo do amigo ou alguém do trabalho, por exemplo. Eu queria fazer diferente. Por isso, surgiu a ideia de baixar o app. Se não acontecesse nada, eu ao menos me divertiria um pouco".

Marina lembra que sua estratégia era ser ela mesma, da maneira mais espontânea possível. Acreditava que, se ainda assim a pessoa quisesse sair com ela, ao menos assunto teriam. Ela gostava também de testar o humor do pretendente e fugia de perfis clichês. "Tem um lugar-comum que é 'adoro viajar'. Quem não curte? Outra coisa que não fazia sentido para mim era uma moda de todo mundo postar foto com lhama. Que graça tem uma lhama? Por que todo mundo está fazendo isso?", se recorda, aos risos.

Marina conta ter conhecido muita gente legal nos apps de paquera, com quem teve vários momentos incríveis. Porém, foi o jornalista Diego Locci, 34, quem a conquistou. Os dois levaram o romance do app para a vida real e, além de dividirem o mesmo teto, são pais de um bebê de 10 meses. "É perda de tempo fazer tipo no aplicativo. Se não jogar a real logo de cara, realmente não adianta. O app é um bom lugar para testar como é ser você mesma. Pode rolar muita coisa se você permitir que isso aconteça", aconselha Marina.

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