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Tempo de licença-maternidade e paternidade aumentou no Brasil, diz pesquisa

Carol é mãe de Maya, de dois anos. Ela garante que os 20 dias que o marido ficou em casa foram insuficientes - Arquivo Pessoal
Carol é mãe de Maya, de dois anos. Ela garante que os 20 dias que o marido ficou em casa foram insuficientes Imagem: Arquivo Pessoal

Talyta Vespa

De Universa

07/08/2019 04h00

Cinco dias é o tempo que a legislação trabalhista pede que pais fiquem em casa quando seus bebês nascem. No entanto, uma pesquisa realizada em 640 companhias brasileiras mostra que a licença-paternidade já é estendida em 21% delas --ou seja: uma em cada cinco empresas permite que pais fiquem mais tempo em casa.

Os dados foram divulgados pela Aon, uma empresa britânica de análise de riscos. Os números mostram, ainda, que, das empresas que oferecem a licença-paternidade estendida, 83% delas permitem que os pais fiquem em casa por mais 15 dias, totalizando 20 dias de licença. Foi o caso do marido da jornalista Carol Pacobahyba, de 34 anos.

Ela deu à luz Maya em 2017, e o marido, que era diretor de uma empresa de segurança da informação, conseguiu a licença estendida e ficou em casa por 20 dias. Segundo ela, a empresa em que ele trabalha é cadastrada no programa do governo federal "Empresa Cidadã", que prorroga a licença-maternidade por 60 dias e que, em 2016, beneficiou, também, os pais.

Carol garante que a presença do marido em casa foi essencial e que, ainda assim, 20 dias não foram suficientes. "Era tudo muito novo para mim, a dinâmica familiar era totalmente nova. Era ele quem cozinhava, limpava a casa e quem dava banho na Maya todos os dias. Era nesse momento que eu conseguia tomar banho também", conta.

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Imagem: Arquivo Pessoal

"A rotina de mamadas era muito cansativa, eu não tinha disposição para nada. Por isso, tê-lo em casa era fundamental. Sem ele, eu não conseguia nem mesmo almoçar. Meu parto foi cesárea e, por isso, eu tinha uma limitação física: não podia pegar peso, me abaixar ou subir escadas. Quando ele teve de voltar ao trabalho, me vi muito desamparada", complementa.

Mães já podem ficar em casa por mais de 4 meses em quase 1/3 das empresas

O aumento no número de companhias que oferecem mais dias em casa para a mãe, a licença-maternidade estendida, chegou a 142% em dois anos. Em 2017, apenas 12% das empresas possibilitavam que as mães ficassem mais de quatro meses em casa. Em 2019, segundo os dados, já são 29% delas que oferecem o benefício.

E, nesses casos, a licença-maternidade pode ser estendida por até dois meses. Isso significa que, em 91% das empresas que oferecem o benefício, as mães têm direito de ficar até seis meses em casa.

Para Carol, o mundo ideal seria um ano de licença-maternidade e, pelo menos, seis meses de licença-paternidade. "Eu precisava de um apoio emocional porque o puerpério me causou uma grande variação hormonal. Era meu marido quem me dava apoio psicológico para que eu superasse meus momentos de tristeza. Eu ficava tão focada em cuidar do bebê que acabava não cuidando de mim mesma. Ele cuidava de nós duas".

Auxílio-creche existe em 59% das empresas

O principal benefício que as companhias oferecem para os pais é o auxílio-creche: 59% delas contribuem com um subsídio. O benefício menos presente nas empresas é um o auxílio-educação para os filhos, ou seja, um valor de desconto na mensalidade de escolas.

Apesar de apenas 6% das empresas oferecerem auxílio-educação para as crianças, o número foi o que mais cresceu entre 2017 e 2019. Há dois anos, 1% das empresas ofereciam o benefício. O aumento, nesse caso, foi de 500%.

Segundo a diretora de saúde e soluções trabalhistas da Aon, Rafaella Matioli, tanto o aumento no auxílio-creche quanto as licenças estendidas são reflexo do aumento do número de mulheres em cargos de liderança nas empresas. "Com isso, temas que envolvem as mulheres têm sido tratados com mais intensidade. Não tem como pensar em bem-estar sem falar de filhos", explica.

Ela garante, ainda, que as empresas estão aprendendo que o bem-estar dos funcionários está diretamente relacionado à produtividade. "Esses benefícios são eficazes na retenção de talentos".