Ipea: Violência doméstica é mais frequente contra mulheres que trabalham
Um novo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) concluiu que a porcentagem de mulheres economicamente ativas que sofrem violência doméstica é maior do que a porcentagem de mulheres fora do mercado de trabalho que passam pela mesma situação.
Segundo o levantamento do instituto, 52,2% das mulheres que trabalham sofrem violência doméstica, enquanto 24,9% das mulheres não inseridas no mercado enfrentam o mesmo.
A nova pesquisa constatou ainda que, entre os casais que continuam morando na mesma casa, a inclusão da mulher no mercado diminui a possibilidade de violência doméstica. No entanto, entre os casais que não mais coabitam, o efeito é contrário: se a mulher trabalha, a chance de ocorrer violência doméstica é maior.
Uma possível explicação é que o aumento da participação feminina na renda das famílias que vivem sob o mesmo teto eleva o poder de barganha das mulheres, reduzindo a probabilidade de sofrerem violência conjugal.
Em outros casos, porém, a presença feminina no mercado de trabalho, por contrariar o papel dado à mulher por uma sociedade machista, faz aumentar a tensão entre o casal, o que resulta em casos de agressões.
Uma das conclusões do texto da pesquisa é que o empoderamento econômico da mulher, a partir do trabalho fora de casa e da diminuição das discrepâncias salariais, não se mostra suficiente para superar a desigualdade de gênero geradora de violência no Brasil.
Outras políticas públicas, segundo o Ipea, se fazem necessárias: do investimento em produção e consolidação de bases de dados qualificados sobre a questão ao aperfeiçoamento da Lei Maria da Penha, além de intervenções no campo educacional para maior conscientização.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2009, cerca de 1,3 milhão de mulheres são agredidas no Brasil todos os anos.
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