Licença só para mulheres gera desigualdade de oportunidade, diz empresária
A americana Nicole Sahin criou uma empresa com um conceito inovador: quebrar as barreiras para que as empresas possam caminhar rumo à internacionalização. A Globalization Partners Inc. possibilita que empresas contratem talentos em mais de 170 países sem a necessidade da instalação de subsidiárias internacionais -- o que reduz o custo e facilita a burocracia, simplificando a expansão das companhias.
Como Nicole e outras líderes que convivem com empresas e culturas tão diversas lidam com as barreiras impostas pelas estruturas conservadoras tradicionais? A empresária vai abordar essa e outras questões no Fórum Women in Leadership, promovido pela Harvard Business Review Brasil, que será realizado no dia 27 de agosto, em São Paulo.
Em entrevista a Universa, Nicole fala sobre os desafios de gerir uma empresa que tem como objetivo ter clientes, acionistas e empregados felizes.
Universa: Sua empresa está presente em 60 países - o que já implica trabalhar com uma grande diversidade de pessoas e culturas. Ter um time diverso é também uma meta nos escritórios dos Estados Unidos?
Nicole Sahin: Certamente. Apesar de não termos metas específicas, estamos atentos a isso o tempo todo. Para qualquer posição que se abre na empresa, temos a comprometimento de entrevistar uma base diversa de pessoas. Se percebo que um determinado gerente tem contratado sempre o mesmo tipo de gente, eu chamo a atenção. Não queremos um departamento com um monte de pessoas iguais. A mesma preocupação existe no momento de promover funcionários. Se já há dois gerentes homens, a próxima deve ser uma mulher. Nem sempre é fácil, mas equilíbrio e diversidade são objetivos constantes. E todos - de clientes à própria equipe - percebem e valorizam isso.
Como você faz para garantir a presença e a liderança feminina em culturas conservadoras e patriarcais, como as do Oriente Médio?
Apesar das dificuldades culturais, sabemos que algumas das melhores líderes em sociedades patriarcais são mulheres. Em países em que a mulher vive em uma situação mais vulnerável, tentamos garantir que ela se sinta segura. Mulheres têm um jeito diferente de liderar, mas elas são excelentes líderes.
Em que a liderança feminina difere da masculina?
Em geral, as líderes femininas são inspiradoras, sabem treinar pessoas, são claras sobre o que querem, conseguem comunicar uma mensagem difícil sem que as pessoas deixem de se sentir cuidadas. Nós mulheres temos a capacidade de fazer a empresa funcionar bem, ter todo mundo andando na mesma direção, de forma organizada e altamente disciplinada.
O que é o mais difícil em ser uma mulher em posição de liderança?
É comum que as pessoas me subestimem por ser mulher. Venho construindo uma empresa que tem uma cultura muito positiva e que gera impacto positivo no planeta. Muitas vezes, meus concorrentes não acreditam que fazemos tudo o que fazemos. Fico bem orgulhosa disso. Somos muito eficientes, muito lucrativos e crescemos demonstrando cuidado por nossos clientes e empregados. É possível ser uma grande líder sem criar inimigos por onde você passa.
O que é mais difícil, quebrar as barreiras para ser global ou construir uma empresa que as pessoas amam?
Acho que essas coisas caminham lado a lado. Colocamos pessoas muito diferentes para trabalhar juntas todos os dias. No momento em que desfazemos o medo que muita gente tem de conviver com o diferente, aproximamos essas pessoas e construímos uma experiência humana positiva. Isso tem tudo a ver com o sucesso do nosso negócio e também com o nosso bom ambiente de trabalho. Construir a empresa é divertido, mas as pessoas são indispensáveis. A coisa mais interessante no nosso negócio está sempre relacionada às pessoas que estão nele.
Quais são as políticas de licença a maternidade e direitos para mulheres grávidas na sua empresa?
Nos EUA, não somos obrigados a dar nenhuma licença à maternidade, mas a Globalization Partners oferece dois meses de licença para a mulher e para o homem. E nós encorajamos fortemente que os homens tirem a licença. As mulheres ficam em uma situação clara de desvantagem quando elas são as únicas a tirarem licença parental. Veja o exemplo da Alemanha. Lá as mulheres têm garantido por lei o direito de ficar um ano afastada para cuidar do bebê. Parece ótimo. Mas com o tempo, muitas empresas têm deixado de contratar mulheres em idade reprodutiva porque sabem que, eventualmente, elas vão se ausentar do trabalho e eles terão que manter a vaga dela. Pouco a pouco, só homens vão sendo contratados e promovidos. Minha crença particular é que, quando se dá direitos -- e obrigações -- iguais para homens e mulheres, você tem uma sociedade mais justa e igualitária. E é isso que eu tento empregar na minha empresa.
Fórum Women in Leadership
A quarta edição do Fórum Women in Leadership vai promover palestras e debates sobre o tema empreendedorismo corporativo liderado por mulheres. Universa estará presente no evento, mediando o painel "Atitude empreendedora e os paradigmas que ainda existem em relação à atuação da mulher na área de tecnologia".
As inscrições para o evento ainda estão abertas. Veja a agenda completa do evento e saiba como participar.
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