Robôs gigantes são tendência em baile de debutante e festa da firma
Um robô de 2m50 passeia por uma rua pouco iluminada, rodeada por casas. Assim que dá os primeiros passos, as luzes emanam das lâmpadas de LED e refletem nas fachadas das casas ao redor. Janelas se abrem. Carros param. A via, até então deserta, transforma-se em um espetáculo com plateia. Crianças montadas em bicicletas rodeiam o robô. Pais saem de veículos e seguram filhos nos braços para selfies. "As pessoas ficam paralisadas quando meus robôs chegam", diz Meire Faria, 45.
A empresária é dona de uma produtora que confecciona os robôs, no bairro da Mooca, zona leste de São Paulo. Os artefatos viraram sensação em eventos, de aniversários a casamentos, pelo país.
Na empresa de Meire, a produção dos robôs leva cerca de três meses e custa R$ 18 mil. São feitos a partir de EVA, um tipo espuma sintética, com lâmpadas de LED, articulações de alumínio, tinta e dezenas de fios e peças eletrônicas. Prontos, os robôs são vestidos por "pilotos", jovens de 17 a 18 anos que ganham até R$ 150 por noite para dançar, distribuir bebidas e agitar a noite com um canhão de fumaça CO2 (igual a um extintor).
Cada armadura pesa cerca de 30 kg e é rodeada por baterias para ligar as lâmpadas de LED. Para vesti-las, é preciso cerca de 30 minutos. Os garotos, franzinos, põem um capacete, uma espécie de roupa de astronauta por baixo e um suporte similar a pernas-de-pau. Por cima de tudo, colocam a couraça que os transforma nos seres robóticos cujos passos emitem uma breve onda de impacto por onde pisam.
"Quando apareço como robô, muita gente fica pensando: 'É um ser humano ou um robô de verdade?", brinca João Victor, 18, piloto do Robozão. Uma das etapas mais difíceis que enfrentou no treinamento para virar robô foi a adaptação a mudanças repentinas de terreno, como escadas ou chão escorregadio. É preciso ter cuidado para não pisar em pés incautos ou em crianças eufóricas, que insistem em passar pelo meio das pernas dos robôs. "Também tem gente que bebe e vem agarrar a gente."
Além da receptividade para tirar muitas selfies, por trás da máquina é preciso haver gingado. Em uma mesma noite, os robôs podem ser a atração de uma festa de debutantes repleta de adolescentes e animar um evento corporativo, povoado por engravatados. "Nós vivemos na contramão. Quando todos saem para relaxar, nós saímos para o trabalho", diz Meire.
A produtora da empresária fabrica e aluga robôs para eventos há cerca de um ano e meio, quando outras empresas de eventos também decidiram investir no segmento. É, hoje, uma das principais do estado a oferecer o serviço, atendendo em dias da semana e aos sábados e domingos. "Vimos os robôs que têm por aí e investimos em material para que eles fossem mais seguros", explica, referindo-se ao extintor que libera fumaça. Em modelos de outras produtoras, o artefato fica pendurado nas costas do robô, intensificando o peso e tirando o equilíbrio do piloto. Neste caso, o "canhão" pode ser utilizado por quem o rodeia.
Os robôs gigantes, diz Meire, estavam no imaginário popular com o sucesso da franquia de filmes "Transformers" nos cinemas. Na música, fez sucesso o funk "Beat do Megatron", robô e vilão dos filmes. Hoje, a música de MC Kitinho tem mais de 16 milhões de visualizações no YouTube.
Devido ao sucesso das máquinas de animar festas, a concorrência não é pequena. Na internet, diversas produtoras de evento oferecem o serviço dos robôs festivos. Há, inclusive, promoções e cupons de desconto em sites de compras coletivas. O aluguel de um robô de Meire custa cerca de R$ 1.000 por uma hora de evento. O preço é parte de um pacote com outros atrativos, como barman ou animadores para crianças.
A fabricação dos robôs é feita por Carlos de Paulo, 47, marido de Meire. "É uma manutenção constante", ele explica. "Mas, quando olhamos para cima e vimos o que criamos, a sensação é de missão cumprida."
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