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"Estou madura para ter esse corpo": cirugias plásticas aumentam após os 50

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Imagem: iStock

Marcos Candido

De Universa

28/08/2019 04h00

A terapeuta Maria Bernadete, 61, sente que voltou a ser quem era antes de da menopausa. Assim que a menstruação cessou, ela e o médico decidiram que o DIU seria a melhor maneira para repor os hormônios e amenizar os efeitos dessa nova etapa na vida. Apesar disso, aconteceu o que ela receava: ganhou cerca de 25 kg. Aos 55, então, submeteu-se a uma cirurgia bariátrica para evitar o histórico familiar de diabetes e problemas cardíacos. Funcionou, mas também sobrou pele.

Há um mês, Bernadete passou por um procedimento estético. Tirou o excesso de pele deixado pela bariátrica no abdômen, mamas, pálpebras e fez um mini lifting facial. "Até antes [dessa idade], eu não tinha aderido a nada da moda. Nem botox. Usava só um rímel, um batonzinho", explica. "Não queria parecer outra pessoa. Queria voltar a ser parecida comigo".

A paciente de Belo Horizonte, Minas Gerais, não é um caso isolado. O interesse por cirurgias plásticas aumentou entre quem tem mais de 50 anos no Brasil. Em 2014, 14,8% dos procedimentos no País foram feitos entre pessoas de 51 a 64 anos. Em 2018, o número foi de 15,9%. Houve uma variação de 15% entre 2014 e 2018 para pessoas acima dos 65 anos.

Antes - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Antes: ela havia engordado 25kg e estava preocupada com doenças
Imagem: Reprodução/Facebook

Depois - Reprodução - Reprodução
Depois: uma bariátrica foi seguida de cirurgia para retirada do excesso de pele
Imagem: Reprodução

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, isso significa que cerca de 80 mil procedimentos foram feitos entre pessoas acima dos 65 anos de idade. Antes, a instituição afirma que a faixa etária era menos significativa para o setor. O número de procedimentos aumentou entre idosos, mas diminuiu entre os mais jovens: foi de 37,6% em 2014 para 34,7% em 2018.

"O despertar hoje da maioria das pessoas na minha idade é se dar ao direito de achar que a vida não acabou. É não continuar, como nossas mães fizeram, a cuidar dos outros até o final da vida e não se cuidar", explica Bernadete. O investimento completo foi de cerca de R$ 40 mil.

Intervenções estéticas continuam a todo vapor

Não à toa, os brasileiros continuam buscando 'mudar aqui e ali' no bisturi. Os números mostram. Só no ano passado, foram realizados 1.7 milhão de operações no País. Entre 2016 e 2018, houve um aumento de 25% no número de procedimentos.

O cirurgião plástico Alexandre Meira, presidente regional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, afirma que os procedimentos mais comuns são o de mama, retirada de pele e estética facial, como retirada de excesso de pele nas pálpebras. Segundo ele, a busca demonstra um aumento na expectativa de vida e bem-estar.

"A gente considera mais a idade biológica do que a cronológica. Podemos ter pacientes acima de 60, 70 anos com uma saúde melhor do que pacientes bem mais jovens, de 40 ou 50 anos", explica. "Mas cada década de vida também significa um risco maior. A partir dos 70 anos indicamos cirurgias mais rápidas e evitamos as em série, como colocar mamas e fazer lipoaspiração de uma vez, algo comum para quem tem abaixo de 60".

O médico acrescenta que esses procedimentos não são "uma prateleira" de produtos cosméticos. Segundo ele, o profissional pode negar uma cirurgia a partir do histórico do paciente. O pós operatório nessa idade é o mesmo de qualquer paciente: manter o médico atualizado e repousar durante a cicatrização.

Uma maneira para ter mais segurança é consultar o registro do médico no site do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

"Hoje, mais madura, passada a adolescência, posso dizer: estou pronta para ter esse corpo", diz Bernadete.