Débora Nascimento também é: bissexualidade virou "modinha"? Entenda
Em entrevista para o canal de Matheus Mazzafera, a atriz Débora Nascimento contou que já ficou com mulheres e não descartou a possibilidade de manter um relacionamento com alguém do mesmo gênero. "Eu me apaixono pelas pessoas", falou a artista. Débora não está sozinha no mundo das celebridades. Ludmilla e Anitta também assumiram que são bissexuais, ou seja, se relacionam com homens e mulheres.
Apesar de o assunto ter ganhado popularidade nos últimos tempos, a bissexualidade não é, de acordo com especialistas, uma "modinha". "Pessoas que conseguem estabelecer relacionamentos sem ter uma predileção por homens ou por mulheres sempre existiram", afirma o psicólogo Breno Rosostolato, de São Paulo (SP). O que está mudando é que, agora, as pessoas têm se sentido à vontade para falar de sua sexualidade. "Antes a bissexualidade era camuflada porque a sociedade pedia que a gente seguisse as normas pré-estabelecidas. No caso, que mantivéssemos relacionamentos heterossexuais", diz psicóloga Adriana Severine, de São Paulo (SP).
A especialista diz que é comum casos em que a pessoa nem sabia que tinha atração por pessoas do mesmo gênero porque, até então, não havia tido a possibilidade de "experimentar". "O que faz você entender como o seu desejo e afetividade se manifestam é o autoconhecimento. E esse processo de olhar para dentro pode acontecer em qualquer idade", afirma Adriana. Assim, é possível que mulheres que sempre se relacionaram com homens descubram, já adultas, que teriam relações também com outras mulheres. "Os mais jovens sentem uma abertura maior para experimentar e se entender logo cedo, mas muita gente passou anos entrando no que é visto como 'normal' pela sociedade e reprimia esse sentimento", diz a psicóloga.
Outro fator que "dificulta" a descoberta da bissexualidade é o fato de que o afeto e a atração dessa orientação não está escrito em pedra. "Não existe um padrão ou uma lógica de como esse desejo vai se manifestar. Você pode se relacionar por muitos e muitos anos com uma pessoa do mesmo gênero e, no momento seguinte, começar um namoro com alguém do sexo oposto", fala Breno Rosostolato. Essa fluidez pode dar um nó na cabeça dos indivíduos mais "quadrados". "Temos a tendência de colocar as pessoas em caixinhas. Ou é heterossexual ou é homossexual. A sexualidade não é, no entanto, preto no branco, mas uma aquarela de cores e de possibilidades", diz o psicólogo.
Para o especialista, os seres humanos, em geral, têm um olhar "bissexual". "A psicologia fala disso há muito tempo. Claro que existem os extremos, mas temos que compreender também que há múltiplas sexualidades entre esses dois polos. Seríamos muito mais felizes se não fossemos forçados a nos encaixar em uma nomenclatura", afirma Rosostolato.
O B de LGBT não é de "biscoito"
"Ex-gay não existe." "Bissexuais são pessoas confusas." Essas são, de acordo com os especialistas, frases que entregam o preconceito que muita gente tem em relação aos bissexuais. E elas podem vir tanto das pessoas heterossexuais como de homossexuais.
"Podemos dizer que é mais difícil se assumir bi do que homossexual porque esse grupo fica um tanto isolado. Os héteros dizem que eles são gays que não querem se assumir. Gays e lésbicas mais antigos dizem que os bis são 'traidores do movimento'", fala Adriana Severine. "Eles são cobrados de ambos os lados, não se sentem compreendidos por nenhum grupo." A psicóloga diz que essa confusão e sensação de inadequação, de que deveria escolher "um time", é uma das principais queixas de seus pacientes bissexuais. "Costumo dizer que eles não deveriam ser um ou o outro. Eles são do grupo dos seres humanos."
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