Mulher é morta na frente dos filhos no Capão Redondo, em SP; ex foi preso
Resumo da notícia
- Taynara Cristina dos Santos, de 31 anos, foi morta na frente dos filhos na casa onde morava, no Capão Redondo, em SP
- Ex-companheiro dela, o cabeleireiro Rafael Augusto de Souza Orgelio, de 28, foi preso. Ele vai responder por feminicídio
- Desde 2015, Taynara havia registrado três boletins de ocorrência contra o suspeito. Ela também tinha duas medidas protetivas
- A vítima deixa quatro filhos, de 13, 11, 5 e 4 anos. O suspeito é pai dos dois mais novos
O cabeleireiro Rafael Augusto de Souza Orgelio, 28 anos, foi preso após a ex-mulher, a promotora de eventos Taynara Cristina dos Santos, 31, ser morta na madrugada de hoje (10), na casa onde ela morava, na região do Capão Redondo, zona sul de São Paulo (SP).
Segundo apurado por Universa, o cabeleireiro perseguia a vítima pelo menos desde 2015. Na época, grávida de seis meses, ela teria sido agredida pelo companheiro pela primeira vez, após um ano de relacionamento. Além disso, ele teria invadido a casa onde Taynara morava anteriormente para atear fogo em seus pertences. Em julho, última vez que pediu ajuda, ela procurou a Polícia Civil para relatar uma ameaça.
Segundo a polícia, o crime desta madrugada aconteceu por volta das 0h30. Orgelio teria ido até a residência e, diante de mais uma recusa em reatar o relacionamento por parte da vítima, teria batido em Taynara antes de sacar um revólver calibre 38 e apontado em direção a um dos filhos da vítima, que tem 11 anos e é enteado de Orgelio.
Desesperada, Taynara teria se jogado na frente da criança. O crime foi cometido na frente dos quatro filhos da mulher, de 13, 11, 5 e 4 anos. Vizinhos escutaram os gritos vindos da residência e chamaram a Polícia Militar, que encontrou a vítima baleada no peito, mas ainda viva. Ela foi socorrida ao Hospital do M'Boi Mirim, onde morreu.
O cabeleireiro fugiu a pé. Policiais afirmaram que o homem foi reconhecido por parte de vizinhos e também que foram encontradas mensagens com ameaças dele no celular da vítima. Preso em flagrante na casa onde mora, ele disse, de acordo com a polícia, ter jogado a arma usada no crime em um córrego do bairro. Orgelio vai responder por feminicídio.
Ameaças eram rotina
A promotora de eventos sofria uma rotina de ameaças por WhatsApp e pelas redes sociais, de acordo com boletins de ocorrência. No mesmo 47º DP (Capão Redondo) onde o caso foi registrado, há dois BOs registrados por Taynara. Além disso, a promotora de eventos também registrou ocorrência na 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em Santo Amaro.
De acordo com ocorrência de 15 de dezembro de 2016, no dia anterior, Taynara teria sido ameaçada por Orgelio com mensagens e fotos de armas. Além disso, ele teria ido à casa dela, ateado fogo em um guarda-roupa e destruído eletrodomésticos.
A rotina de terror, porém, teria começado bem antes. Em outubro de 2015, quando estava grávida de seis meses do filho caçula, Taynara registrou uma agressão do ex: uma vassourada. Na época, o casal estava separado havia cerca de um mês e morava em casas diferentes no mesmo terreno do Jardim Independência, também na zona sul paulistana.
A última vez que Tayanara procurou a polícia foi em 16 de julho, quando encontrou o cabeleireiro na rua e, segundo a ocorrência, foi novamente alvo de ameaças.
Mulher tinha duas medidas protetivas
Taynara deixa quatro filhos, dois deles com o suspeito e outros dois, os mais velhos, de um relacionamento anterior.
O casal se conheceu em 2014 e ficou junto por um ano até que as agressões começaram. Desde a separação, ela obteve na Justiça de São Paulo pelo menos duas medidas protetivas contra o ex-companheiro. Mas precisou se mudar após ele descobrir o endereço.
Em julho, quando foi ao 47º DP, ela ressaltou que não sabia onde Orgelio morava e que inclusive a PM chegou a fazer rondas em sua casa após as ameaças recebidas.
Capão Redondo lidera ranking de violência contra a mulher em SP
Dados da Folha de S.Paulo mostram que a cada quatro minutos uma mulher é vítima de agressão no Brasil.
Os números apresentados pelo Ministério da Saúde são do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). Foram analisadas pela reportagem 1,4 milhão de notificações recebidas entre 2014 e 2018. São contabilizadas agressões físicas, sexual, psicológica e de outros tipos.
Segundo o levantamento, em São Paulo, a região do Capão Redondo, no extremo sul, é a que apresenta o maior número de denúncias de agressões contra mulheres. Foram 907 casos de agressão em ambiente doméstico, a maioria tendo mulheres como vítimas. Em média, um pedido de socorro é feito a cada 20 minutos na região.
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