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Rituais de beleza como os de Melody trazem risco para a saúde de crianças?

Melody: 12 anos, mas rituais de uma adulta - Reprodução/Facebook
Melody: 12 anos, mas rituais de uma adulta Imagem: Reprodução/Facebook

Lucas Vasconcellos

Colaboração para Universa

12/09/2019 04h00

Nesta semana, foi ao ar uma entrevista da cantora Melody, de 12 anos, para o canal no YouTube de Geisy Arruda. No vídeo, Melody fala um pouco sobre as coisas que gosta e afirma ser vaidosa -- explica sua rotina de malhação (vai ao menos três vezes por semana à musculação), pinta o cabelo (era morena e hoje está loira) e levanta 50 minutos antes de ir à escola para se maquiar --segundo a menina, o ritual básico inclui base e rímel.

Melody é apenas uma criança e não tem formação e vivência suficientes para entender algumas coisas. Mas investigar e alertar os pais que atividades típicas de adultos talvez podem apresentar riscos quando realizadas por crianças é importante.

Química no fios

A química capilar, seja ela para coloração, alisamento ou qualquer outra alteração na estrutura dos fios, sempre traz malefícios, tanto para adultos quanto para crianças. Os problemas incluem ressecamento e quebra. Também podem destruir as pontes de sulfeto, realizando alteração na forma do cabelo de maneira traumática, o que leva a desestruturação da fibra capilar ou mesmo a queda dos fios.

Contudo, como alerta o dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e do Hospital das Clínicas de São Paulo Caio Lamunier, tais danos são cumulativos e o prejuízo maior aparece com o passar do tempo. Por isso, quanto mais cedo uma pessoa começar a aplicar química no cabelo, maior será o dano ao longo da vida. Ainda de acordo com Lamunier, chapinha e utensílios do gênero, que agem sob o efeito de calor, também são desaconselhados.

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"O ideal é que os pais tentem entender o porquê da criança ou adolescente querer fazer um procedimento nos cabelos — pode ser por comportamento de grupo, dificuldade de relacionamento ou até mesmo indicar alguma depressão. Achar a motivação, questionando os filhos, é o caminho para que os pais compreendam melhor o que está acontecendo. É importante também que em casa haja a valorização da beleza natural e valorização das características da criança", alerta o especialista.

Maquiagem

Segundo Caio Lamunier, itens típicos de um estojo de maquiagem, como batom, sombra, base e esmalte (que é um pouco mais tóxico) oferecem baixos riscos dermatológicos, pois são relativamente seguros. Contudo, ele aponta que o uso precoce pode aumentar a chance de desenvolver alergias. "Na teoria, não há problema em usar. Mas as pessoas não nascem com alergias a um produto, elas se tornam alérgica conforme são expostas àquilo. Há também uma tendência natural de cada um, é verdade, mas se você coloca uma criança em contato com produtos do gênero desde cedo, aumenta a chance de sensibilização no futuro", diz.

Assim como no caso de mudanças químicas no cabelo, o dermatologista aponta que é necessário averiguar os motivos que levam uma criança ou adolescente a querer usar maquiagem com frequência: "É preciso ficar de olho quando é apenas uma brincadeira, o que é natural, já que a criança vê adultos fazendo isso, ou é um sinal de vontade de ser adulto. Hoje em dia, crianças são postas em contato com atividades de adultos muito cedo, seja na área estética ou mesmo intelectual, e isso gera uma cobrança intensa. Enquanto for uma brincadeira, é saudável, mas vale conversar e ver o que motiva tais ações. E também reforçar que o filho é bonito do jeito que é, sem o uso de aparatos.

Musculação

Esportes são sempre bem-vindos na vida de uma pessoa. A musculação citada por Melody, como aponta o pediatra e neonatologista e membro da Sociedade Americana de Pediatria Nelson Douglas Ejzenbaum, só é recomendada a partir dos 12 anos, mas com algumas ressalvas. "Nessa idade, a criança já está atingindo a puberdade (antes disso, o risco de lesões articulares é maior, pois o corpo ainda não está minimamente preparado para uma carga de exercícios). A musculação deve ser executada de maneira leve, no máximo três vezes por semana e ser acompanhada de perto por um profissional da área para que se evite sobrecarga e lesões. Se executada de maneira correta, essa modalidade não mexerá na estrutura nem no ganho de peso do adolescente, desde que ele não tenha nenhum problema ósseo ou muscular", explica.

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Ainda de acordo com Nelson Douglas Ejzenbaum, as séries não podem ser como as de adultos, com pesos e repetições em excesso — é preciso respeitar o tempo e limitação de peso, estatura, massa muscular e idade do jovem. E suplementação de forma alguma deve fazer parte dessa rotina. "Os benefícios do esporte são aumento da força muscular, da autoestima e melhora da coordenação em alguns casos, pois há ganhos para a consciência corporal".