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Estudante denuncia agressão com barra de ferro e estupro após Parada LGBTQ+

Vinicius Rafael Reis levou seis pontos na testa - Acervo pessoal
Vinicius Rafael Reis levou seis pontos na testa Imagem: Acervo pessoal

Bruna Barbosa Pereira

Colaboração para o UOL, em Cuiabá

13/09/2019 19h36Atualizada em 16/09/2019 17h13

Vinícius Rafael Reis, estudante do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), registrou um Boletim de Ocorrência em que diz que sofreu agressão e abuso sexual enquanto voltava da 24º Parada LGBTQI+, em Goiânia, no domingo (8). Vinícius, de 30 anos, teria apanhado com uma barra de ferro e levou seis pontos na testa.

"Sobrevivi. Ainda sinto muita dor muscular, estou tomando remédios e vou ficar com uma cicatriz que vou levar para o resto da minha vida", disse.

O delegado titular do 1° Distrito Policial de Goiânia, Glaydson Carvalho, informou que o caso está sob investigação. De acordo com o depoimento, imagens das câmeras de segurança de estabelecimentos e residências próximas do local do crime estão sendo analisadas para identificar o suspeito.

Porém, o delegado afirmou que, até o momento, nenhuma das filmagens deu pistas que podem ajudar nas investigações.

Vinícius se identifica como não-binário, termo associado a pessoas cuja identidade ou expressão de gênero não se limita às categorias "masculino" ou "feminino".

No dia do crime, Vinicius contou que estava bebendo em um bar na companhia de amigos após o evento e ressaltou como estava se divertindo. Depois de perder a carona, resolveu caminhar até a Casa do Estudante da UFG, onde tem amigos.

"Na hora, a gente tem nem noção se vai morrer ou não. Eu estava alcoolizado e vulnerável, não tinha muita noção do que estava acontecendo no momento", disse.

No meio do caminho, ele foi abordado por um homem. Vinicius lembra que, imediatamente, foi levado para um canto escuro da rua, onde começaram as agressões e o estupro. Em seguida, conseguiu fugir e foi encontrado por um amigo.

"Me levou para a casa dele, me deu banho e roupas. Em seguida contei para a minha mãe e fomos até o Centro de Atendimento Integral à Saúde (Cais), onde fizeram a sutura e tomei injeção antitetânica", lembrou.

Vinícius também foi submetido à Profilaxia Pós-Exposição (PEP) de risco à infecção pelo vírus HIV. No dia seguinte, contou que já estava mais calmo e, orientado por amigos, resolveu procurar uma delegacia para denunciar a agressão.

"Já tinha sofrido outra agressão e resolvi não denunciar, mas dessa vez achei importante. O Estado precisa de estatísticas para criar políticas públicas. Isso não acontece só comigo, acontece com mulheres e crianças. A cada quatro horas, uma mulher é estuprada", comentou.

Nessa quinta-feira (12), Vinicius retornou à delegacia e afirmou que não tem esperanças que o agressor seja encontrado.Junto da polícia, retornou ao ponto onde foi agredido. No local, encontrou uma bandeira símbolo da luta LGBTQI+, que estava amarrada em sua cabeça.

Vinicius afirmou que foi muito acolhido por amigos e familiares. Nesta semana, recebeu uma homenagem no Mercado da Rua 74, em Goiânia, onde costuma frequentar. Sobre o som de "O show tem que continuar", do grupo Fundo de Quintal, recebeu rosas brancas e abraços.

"Como sempre vou lá, as pessoas ficaram sabendo do ocorrido e combinaram de fazer essa homenagem. Foi muito simbólico. Agora está tudo se acalmando, estão organizando uma festa também. Tenho sido procurado por muitas pessoas que já foram vítimas de estupro e violência. Decidi não ficar calado para que outras pessoas também denunciem", disse.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, a UFG é a Universidade Federal de Goiás, e não de Goiânia. A informação foi corrigida.
Diferentemente do que informou o 10º parágrafo, o estudante foi submetido à PEP (Profilaxia Pós-Exposição), e não à PrEP (Profilaxia Pré-Exposição). A informação foi corrigida.