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Desconfortável na piscina, nadadora cria marca e fatura R$ 3,5 mi com maiôs

A ex-nadadora Fabíola Molina, que identificou um potencial de negócios e criou sua própria marca de maiôs  - Divulgação
A ex-nadadora Fabíola Molina, que identificou um potencial de negócios e criou sua própria marca de maiôs Imagem: Divulgação

Paulo Gratão

Colaboração para Universa

13/09/2019 04h00

A nadadora Fabíola Molina não se sentia confortável ao entrar na água com as opções de maiô que tinha à disposição. Como nadava em piscinas descobertas, a proteção dos maiôs a deixava com a barriga branca, além de serem feitos de tecidos muito apertados. As cores também não refletiam sua personalidade: ela podia escolher entre azul, preto ou vermelho.

O ano era de 1996, e, ao saber que os maiôs de uma colega eram feitos pela mãe, fez com que nascesse a vontade de criar seus próprios modelos.

Fabíola deu as coordenadas à costureira para a criação de uma vestimenta que ficasse entre o maiô e o biquíni, com um material mais confortável e que não prejudicasse os movimentos dentro da água. Depois de muitos testes, experimentos e ajustes, o sunquíni de Fabíola ficou pronto.

"Era parecido com o que existe no vôlei de praia, mas com algumas inovações para o nado, para parecer um biquíni", explica. Naquela época, a atleta estudava nos Estados Unidos e levava suas peças originais para treinar por lá. As amigas gostavam e pediam. Ela levava algumas peças e sempre vendia todas.

Com 13 medalhas de ouro em Copas do Mundo e 110 títulos brasileiros e três Olimpíadas, hoje ela fatura R$ 3,5 milhões vendendo roupas que criou a partir de um desconforto que sentia com o próprio uniforme.

Fabíola Molina na Olímpiada de Londres, em 2012 - Divulgação - Divulgação
Fabíola Molina na Olímpiada de Londres, em 2012
Imagem: Divulgação

Aposentadoria das piscinas x novo negócio

No começo dos anos 2000, após realizar o sonho de participar de sua primeira Olimpíada, em Sydney, Fabíola já ensaiava um término de carreira. Em 2003 conversou com a família sobre o que poderia fazer depois de dar o último mergulho.

Veio logo a ideia de começar a vender as peças de banho profissionalmente. A mãe, que nunca havia trabalhado fora, foi entusiasta da ideia, e o pai, que era médico, também apoiou. Nascia assim, a marca de moda praia Fabíola Molina. "A empresa foi crescendo bastante, porque eu ainda nadava e as pessoas viam meus produtos."

As peças começaram a ser revendidas em diversas partes do mundo, por meio das colegas de piscina. "Chegamos a ter 17 representantes internacionais, em países como Eslovênia, Rússia, África do Sul, Chile, Peru, Alemanha, Suécia. Isso também ajudou muito no começo da marca, porque no Brasil, mesmo fazendo calor o ano todo, a venda costuma cair no outono e inverno", diz.

Ao longo de 2003, Fabíola e a família desenvolveram e planejaram o negócio. Em 2004, alugaram a casa que seria a primeira confecção e contrataram a costureira, que hoje é gerente de produção da empresa. Em 2005 nasceu o e-commerce e a marca. O principal motor de divulgação era a própria atleta.

A gente não tinha experiência nenhuma, tudo era novidade, era um desafio. Minha mãe tem uma facilidade de organização, de gestão, muito grande e eu tenho os contatos. Isso ajudou a superar vários momentos difíceis da empresa

A carreira de Fabíola acabou se prolongando, pois ela conheceu o atual marido também nas piscinas, Diego Yabe. Ela ainda competiu em mais duas olímpiadas e encerrou a participação em jogos locais, em 2013, em São José dos Campos (SP), sua cidade, quando a empresa já tinha 28 funcionários e uma grande visibilidade.

Fabíola Molina comemora sua primeira Olimpíada, em Sydney, em 2000 - Divulgação - Divulgação
Fabíola Molina comemora sua primeira Olimpíada, em Sydney, em 2000
Imagem: Divulgação

Pós-carreira e futuro da empresa

Fabíola conta que, em 2012, conseguiu a façanha de cravar seu nome duas vezes nas Olimpíadas: como atleta, na modalidade feminina, e como peça de roupa, na masculina, ao presentear o americano Michael Phelps com uma de suas sungas.

Apesar de não estar nas piscinas, Fabíola conseguiu marcas presença, também, na Olimpíada de 2016, no Rio, como produto oficial licenciado. Ela conta que a demanda das nadadoras de hoje ainda é a mesma, com novos embrulhos ditados por tendências de moda.

"O que não existia na época eram as redes sociais, era influência de amiga para amiga mesmo. Hoje tem a alça neon, maiô com as costas abertas, mas a demanda ainda é conforto e beleza", afirma.

Atualmente, Fabíola exporta para nove países, produz cerca de 5.000 peças por mês e fatura em torno de R$ 3,5 milhões por ano. Os novos planos incluem ampliar o espaço físico e transformá-lo em uma loja conceito, com exposição de troféus e medalhas que resgatem a história da nadadora.