Noiva grávida de sete meses morre momentos antes do casamento em SP
Um sonho que se transformou em tragédia. Assim o policial militar Flávio Gonçalves da Costa define o que deveria ser um dos mais especiais dias de sua vida. Ele se casaria no último domingo (15), em São Paulo, com a enfermeira Jéssica Victor Guedes, 30, com quem já vivia e que estava grávida de sete meses. Mas ela passou mal momentos antes do casamento, teve um AVC e acabou morrendo.
Jéssica chegou a ser socorrida e a filha do casal, Sofia, nasceu graças a uma cesárea de emergência. O corpo da enfermeira será velado a partir das 15h de hoje no Cemitério Parque dos Pinheiros. O sepultamento será 17h.
Jéssica começou a se sentir mal no caminho para a igreja. Ao chegar ao local, desmaiou e foi socorrida por familiares. O próprio noivo, que é tenente da PM mas trabalhou como bombeiro por sete anos, prestou os primeiros socorros. "Ela estava bem, teve o dia de noiva, estava feliz. Cheguei a conversar com ela logo depois que ela começou a se sentir mal. E aí tudo ocorreu. Eu pedi para chegar na igreja no caminhão de bombeiros, e saí de lá uma unidade de emergência", contou.
Cientes da gravidade, familiares acionaram o resgate. Gonçalves foi dentro da ambulância com a noiva. "Eu estava esperando a mulher da minha vida e prestei o socorro, não como noivo, mas socorrista. Fui com ela, ela tinha convulsões e eu lá, tentando ajudar", diz.
Jéssica foi levada ao hospital São Camilo, onde foi estabilizada. De lá, foi imediatamente enviada para o Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista. "A gente ficou sabendo que o caso era grave e que só restava salvar nossa filha. O parto foi muito rápido. Foi uma coisa dividida, porque entrei na sala e vi a operação, minha filha viva e, ao mesmo tempo, a equipe retirando o útero da Jéssica, aquela hemorragia, tudo aberto. O diagnóstico foi devastador. Jéssica teve um AVC hemorrágico, causado por uma eclampsia", disse.
O que se seguiu foi uma verdadeira batalha pela vida da bebê Sofia. Prematura de 29 semanas, ela nasceu com apenas um quilo e está internada numa Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal. "Ela foi uma supermãe, deu a vida para a filha. Eu estava com ela agora, cantando a música que ela sempre cantava. Está sendo difícil, me sinto saindo de um pesadelo a cada minuto. Vai ser difícil, vou ter que ser pai e mãe, mas a Sofia sempre vai simbolizar o nosso amor", contou, emocionado.
Em nota, a Pro Matre Paulista confirmou o atendimento, mas não deu detalhes sobre o estado de saúde da bebê ou a situação clinica de Jéssica ao chegar ao local. "No momento, toda a equipe da Maternidade está priorizando o apoio, conforto e atenção às famílias do Tenente Gonçalves e da paciente, ajudando-as com todas as providências necessárias".
Segundo Gonçalves, a situação foi ainda mais surpreendente pelo fato de, durante a gestação, Jéssica, que era enfermeira, não ter apresentado nenhum sintoma que indicasse uma probabilidade de a gravidez ser de risco ou apresentar problemas. "Ela fez todo o pré-Natal e não registrou nenhuma ocorrência fora do normal, pressão alta, nada. Ela fazia atividade física, se alimentava bem, tudo corrida perfeitamente", contou Gonçalves.
Depois de constatar a morte cerebral, a família de Jéssica resolveu doar os seus órgãos, como era desejo da enfermeira. "A Jéssica foi guerreira, deu a vida dela pela nossa filha. Ela é o ser mais iluminado que já conheci. Sei que essa demora foi terrível para a família, mas ela ajudou muitas pessoas, era um desejo dela doar os órgãos", disse.
Campanha
Além de enfrentar a perda da mulher, Gonçalves passou a ter que lidar com outro assunto delicado: as parcas economias que conseguiu juntar, ao lado de Jéssica, foram gastas para planejar e executar o casamento. Apesar de ter plano de saúde, o hospital para o qual ela foi enviada não está na lista de cobertura do plano de saúde. "A verdade é que eles salvaram a minha filha, mas no momento não sei como vou pagar por isso", conta. "Alguns falam que o tratamento todo vai superar os R$ 350 mil, mas eu não sei, não fui atrás disso. São estimativas que alguns amigos da gente fizeram, mas nem sei se estão corretas", conta.
Incomodados com a situação, amigos realizaram uma vaquinha virtual para bancar os custos da cesárea e o tempo de internação necessário para manter a pequena Sofia viva. A meta é conseguir R$ 100 mil e, até o momento, perto de R$ 60 mil foram conseguidos. Os recursos serão utilizados para pagar as despesas. O site é https://www.vakinha.com.br/vaquinha/tenente-goncalves.
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