Existe traição em relacionamento aberto? Elas revelam limites de cada casal
O funk brasileiro já nos ensinou que "traição é traição, romance é romance, amor é amor e um lance é um lance". Acontece que, com a pluralidade de formas de relacionamento, nem sempre os critérios para definir cada situação são parecidos. Em relacionamentos abertos, por exemplo: existe traição?
A professora Fernanda*, 31 anos, vivia um relacionamento aberto com o correspondente bancário Marcio*, 36 anos, e conta que, sim, foi traída.
Para ela, isso se deu quando o parceiro "quebrou o combinado" estabelecido antes de a relação amorosa se tornar aberta. "Colocamos algumas regras: não podia ser ninguém conhecido, não podia criar uma relação com a pessoa, ficar amigo demais e tal, e não podia ser com prostituição. E ele quebrou essa última regra", explicou.
O casal, que permanece junto, tinha um relacionamento fechado de sete anos e resolveu abrir a relação após o nascimento de dois filhos, quando "a coisa deu uma esfriada", conta a professora. "Nós topamos abrir a relação pra ver se melhorava um pouco a relação e a quebra do combinado foi com apenas 2 meses de relacionamento aberto".
Para especialistas, abrir o relacionamento para tentar salvá-lo pode ser um motivo errado proposto pelo casal. Entre outras razões problemáticas, avaliam, estão querer gerar ciúme, ter o "melhor dos dois mundos" ou por pressão de apenas um lado dos envolvidos.
Fernanda diz que a descoberta da traição se deu "por acaso". "Ele me pediu pra pegar uma informação no celular dele e a conversa com a moça foi a primeira coisa que apareceu ao desbloquear o aparelho. Eu nem fui atrás, simplesmente veio na minha cara. Aí eu questionei e ele admitiu".
"Seu marido está te corneando comigo"
Já a estudante de medicina veterinária Ana Paula Marques Ahrens, 26 anos, conta que decretou "traição" quando seu marido, o engenheiro alemão Marcell Cord Ahrens, também com 26 anos, passou de um limite que eles haviam acordado: era proibido ficar com pessoas do círculo de amizades do casal.
"Nossas regras eram: 'Não quero saber da outra pessoa que você está saindo, não pode ser do círculo de amizade e não se apaixone, não faça nada além de sexo'. Porém, eu soube que ele saiu no nosso círculo de amizades, e até a pessoa veio me contar que meu marido estava me 'corneando' com ela, sem saber que tínhamos relacionamento aberto", conta Ana Paula.
O casal está junto há quase três anos e tentou a configuração aberta por noves meses. Depois do episódio da traição, eles se separaram por quatro meses. Retomaram o relacionamento, mas, desta vez, fechado.
"Eu acho que ele ficou mexido com a relação, e eu fiquei muito magoada. Preferi terminar. Aí, ele decidiu que queria ficar comigo. Depois de algum tempo, eu acabei o perdoando. Mas sempre tenho um pé atrás. Não teria um relacionamento aberto com ele de novo".
Cada casal, suas regras
Fato é que cada casal que vive o amor de forma aberta tem suas regras. E esse é o principal fator para manter a relação saudável, explica a redatora Isadora Santos, 29 anos, que namora o músico Flávio Fachini, 32, em uma modalidade aberta.
Os dois ficaram por dois anos e, no final do ano passado, resolveram morar juntos. Aí, colocaram as cartas na mesa para entender como seria o relacionamento. Flávio propôs a relação aberta e Isadora topou, por ter criado uma nova visão de outros modelos de estar com o outro romanticamente.
Na combinação feita por eles, os dois são liberados para sair com outras pessoas, mas os terceiros devem saber que o casal tem um relacionamento. Também não fazem atividades "de casal" com outras pessoas. Qualquer relação extra deve acontecer casualmente.
Sinceridade a toda prova
Para Isadora, mentir sobre qualquer coisa e fugir do que foi combinado é considerado traição, mesmo que a omissão ou a mentira não tenha a ver com ficar com outra pessoa.
"Cada casal tem seus acordos e lida com a relação de uma maneira. Eu aprendi a lidar com coisas que existem em muitas relações monogâmicas e que se esconde, como sentir atração por outra pessoa. Isso é absolutamente normal e humano, o que vale é você respeitar o acordo que tem com seu parceiro. E pra isso, tem que ter muita conversa, ser sincero sobre o que sente e sobre o que faz".
*Os nomes da entrevistada e do parceiro foram trocados por nomes fictícios, a pedido da fonte
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