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Maria da Paz, Chiclete... é comum encontrar amor quando menos esperamos?

Régis (Reynaldo Gianecchini) e Maria da Paz (Juliana Paes) em A Dona do Pedaço: o amor vem sem querer? - Reprodução/Globo
Régis (Reynaldo Gianecchini) e Maria da Paz (Juliana Paes) em A Dona do Pedaço: o amor vem sem querer? Imagem: Reprodução/Globo

Heloísa Noronha

Colaboração com Universa

24/09/2019 04h00

Maria da Paz (Juliana Paes) estava totalmente focada na reconstrução de sua vida, após a presepada que Jô (Ághata Moreira) armou em A Dona do Pedaço. Ela nem imaginava que pudesse se apaixonar de novo — muito menos que fosse justamente por Régis (Reynaldo Gianecchini), o cara que contribuiu para sua ruína. Chiclete (Sérgio Guizé) também não imaginava que iria se apaixonar por Vivi (Paolla Oliveira), mulher que ele deveria matar. Acontece.

Se você ainda não passou por isso, é possível que conheça alguém que tenha vivido uma experiência parecida. Quando uma pessoa quer muito namorar, nenhum crush aparece pelo caminho -- ou, quando surge, logo se revela um verdadeiro embuste (vide o próprio Régis). Porém, quando desencana de arrumar um envolvimento e deixa a vida seguir seu curso natural, não demora para se deparar com uma (ou até mais!) possibilidade de relacionamento.

Para Carmen Cerqueira Cesar, psicoterapeuta e terapeuta de casais, de São Paulo (SP), a principal explicação para esse "fenômeno" é muito simples: sem a preocupação excessiva de encontrar um par, a mulher acaba vivendo mais feliz e sintonizada com sua vida real, como ela é, de fato, sem fantasias. "E obtém prazer também de outras fontes. Tem muita gente feliz e sozinha, da mesma forma que existe muita gente infeliz com alguém. É preciso primeiro ter sustentabilidade emocional, gostar de si mesma e da própria companhia, para poder estar bem com alguém", comenta.

Deseja demais, aceita qualquer coisa

Segundo a psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental Ellen Moraes Senra, do Rio de Janeiro (RJ), é comum que ao desejarmos muito algo, acabamos aceitando qualquer coisa. "Se estou desesperada para arrumar um amor, não importa o que essa pessoa tem a me oferecer. Vou focar muito mais no fato de que há um alguém do que em quem é esse alguém. E isso, claro, só pode resultar num mau negócio", afirma.

É a ansiedade o principal gatilho. Conforme Carmen, quem age sob o domínio da ansiedade "precisa" de alguém de uma tal forma que parece até uma questão de sobrevivência. "O outro percebe isso. E ou cai fora ou entra de cabeça achando que pode deitar e rolar. A pessoa fica em suas mãos, o que prepara o terreno onde acontecem os relacionamentos abusivos e tóxicos nos quais se paga qualquer preço para manter o romance e se abre mão de muita coisa logo de cara. A ansiedade nubla a percepção, não permite que se possa perceber a situação com calma e aumenta a chance de se decepcionar, explica a psicoterapeuta.

A ânsia de conquistar uma companhia também conduz à perda da espontaneidade. Em outras palavras, para impressionar a pessoa acaba forçando a barra e até fingindo ser quem não é. É por isso que quando não há pouca ou nenhuma esperança, tudo flui melhor. Por se concentrar em outros interesses, e não apenas na conquista, a pessoa soa mais interessante e verdadeira, pois não está se esforçando para agradar. "A expectativa vem junto com a ansiedade e leva a pessoa a ficar impulsiva, sem controle, e até a fazer algumas coisas que não faria normalmente", observa a psicóloga Livia Marques, do Rio de Janeiro (RJ).

Felicidade nas suas mãos

Outro ponto importante é que, sozinha, a mulher volta a atenção para si mesma e para sua autoestima e não coloca a felicidade nas mãos alheias, pois sabe que não depende disso para se sentir bem. "Isso é resultado de um profundo autoconhecimento", conta Raquel Fernandes Marques, psicóloga da Clínica Anime, na capital paulista. "Antes de descobrir o amor é necessário descobrir a si mesma, aprender a viver bem sozinha, a se valorizar e a curtir a própria companhia. Quem não se aceita, está sempre se criticando e desejando ser diferente do que é, vive com medo de não receber amor e aceitação. É preciso lembrar que pensamentos geram emoções que geram comportamentos", explica Raquel.

A terapeuta de casais Carmen lembra que, a não ser em casos patológicos, ninguém deseja ser para o outro um apoio imprescindível, uma fortaleza inabalável, a razão para viver. Essa sofreguidão toda acaba por minar um relacionamento iniciante e que poderia até dar certo, caso houvesse o tempo necessário para as coisas e os desejos se constituírem. "O desejo de ter alguém pode e deve estar aí dentro de você, mas sem desespero", diz a especialista. "Aí certamente as chances de encontrar um amor, quando estiver beeemm despreocupada, serão muito maiores. Por que você será para o outro uma pessoa interessante, realista e conectada com a vida", completa.