Por like, influenciadores divulgam roupas falsas; entenda o que é fake flex
Resumo da notícia
- Nas redes sociais, influenciadores indicam lojas de roupa sem revelar que peças não são originais
- Por likes, tornou-se comum posar com produtos que são falsos ou não pertencem a quem está na foto
- Essa cultura tem até nome: fake flex.
"É muito ruim ser enganado", relata um perfil no YouTube que atende pelo nome de Gustavo. O rapaz diz que foi influenciado por famosos na internet a investir R$ 520 em dois pares de Nike Air Max. Não foi fácil para ele. "Trabalho em buffet e ganho R$ 50 por dia durante os fins de semana." E continua: "Sempre quis um Air Max e comprei como se fossem originais [o vendedor me confirmou que era original]", lamenta. Relatos como o dele são cada vez mais comuns na rede.
Há poucos dias, um vídeo publicado pelo canal "HypedContent" no YouTube tem gerado debate sobre influenciadores que publicam seus "recebidos" de moda sem explicar que os produtos não são originais. Em um dos casos apresentados pelo vídeo, um influenciador brasileiro, com mais de 3 milhões de seguidores no Instagram, indica uma loja que lhe presenteou com uma suposta bermuda da Louis Vuitton em colaboração com a Supreme. A peça, porém, é falsa. O modelo sequer existe.
"Não estou julgando por não conhecer [as marcas Supreme e Louis Vuitton]. Pelo que estou vendo, ele é um menino famoso na internet. Todo mundo que vê ele postando isso não vai imaginar que é um produto falsificado", explica Felipe Escudero, dono do canal que divulgou o vídeo "Influencers de roupas falsas".
Universa tentou entrar em contato por e-mail com o influenciador citado no vídeo por duas vezes, mas não obteve retorno. Os Stories de 'recebidos' ficam disponíveis no Instagram, mas as publicações com as peças não estão mais públicas no perfil.
O fenômeno é global e não se restringe a influenciadores brasileiros. Há vídeos de ao menos uma dezena de estrangeiros no YouTube com acusações contra influenciadores que vestem peças que copiam marcas luxuosas, como Gucci, relógios Rolex e, especialmente, a Supreme.
O que é fake flex?
A realidade demonstrada no vídeo tem até nome: o 'fake flex'. O termo em inglês significa, a grosso modo, posar com roupas falsas ou que não pertencem à própria pessoa para ganhar prestígio nas redes sociais. Vale tudo: de relógios às roupas.
Na era das selfies não é tão difícil de entender por que isso acontece: todo mundo quer ficar (ainda mais) bonito na foto diante de uma plateia de milhares de pessoas.
"Os influenciadores são os novos globais, recebem produtos de graça e têm acesso ao que os outros não têm", diz Arthur Igreja, especialista pela Fundação Getúlio Vargas em inovação e comportamento nas redes sociais. "Os influenciadores viraram os novos arquétipos de sucesso e estimulam o desejo do público."
A questão é que quem recebe esse tipo de influência nem sempre sabe que está sob influência de um versão falsa de um produto. E isso pode sair caro: peça falsa não é sinônimo, necessariamente, de peça barata. Há lojas online com páginas no Instagram que vendem cópias de bolsas Gucci Marmont por cerca de R$ 1.500, mais barato do que os quase R$ 7.000 da peça original.
A professora de moda Sandra Franchini, mestre no estudo sobre consumo de moda nas redes sociais, explica que as marcas de luxo emanam poder. "Quem tem uma Gucci, demonstra poder aos outros", diz. Para ela, o varejo brasileiro chegou a criar até uma "divisão de elite" de produtos falsificados.
"Aqui, há até o conceito de produto pirata que é chamado de réplica: o vendedor não fala nada ao consumidor. Mas, se questionado, o vendedor diz que não é 'pirata' mas, na verdade, uma réplica", diz a professora da Unicesumar.
Segundo ela, a peça pirata costuma ter menor durabilidade e afeta negativamente a economia do país, já que são importados de países como a China e driblam a tributação. Para ela, uma busca na internet nos catálogos oficiais de cada marca pode evitar a compra de uma "réplica". "Desconfie do preço e até da textura", recomenda.
Comprei roupa falsa. O que fazer?
Segundo o diretor de fiscalização do Procon de São Paulo, o consumidor pode negociar com as lojas para tentar restituir o investimento. Ele também sugere que a loja seja denunciada. "Se ele se sentiu lesado, pode pedir a quantia a paga de volta, entrando em contato com o fornecedor onde adquiriu o produto", sugere.
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