Câncer: "Entendi que tinha o poder de mudar a realidade", diz Ana Furtado
No primeiro Outubro Rosa após a cura do câncer de mama, a apresentadora e atriz Ana Furtado, 45 anos, participou de evento da Piccadilly em parceria com o Instituto do Câncer do Estado de SP, e falou sobre o diagnóstico inicial da doença, o apoio da família e como a forma de compartilhar com seus fãs nas redes sociais a ajudou a ressignificar sua luta e o tratamento — que chamou de "vitória" durante o processo.
Ela fez quimio, radioterapia e, pelo fato de o câncer ser "hormônio-dependente", agora faz tratamento anti-hormonal, que terá duração de cinco anos. Essa terceira etapa antecipou a menopausa. "Mas, até os calores que estou sentindo. Eu dou outro sentido a isso: significa que estou viva"
Revolta no início
"Durante muito tempo me revoltei. Eu tinha essa energia ruim e de confronto: como é que essa doença desgraçada está dentro de mim? Aí, depois do meu diagnostico, uma amiga também descobriu o câncer de mama e mandou mensagem: enquanto a gente olhar pro câncer como grande inimigo, a gente vai dar um poder muito maior do que ele tem. Quando entendi que eu tinha o poder de transformar essa realidade na vida, tudo mudou. Porque a gente se enche de fé e coragem que nem sabemos que temos"
Contar pra filha e pra família sobre o diagnóstico
"Pra todas as pessoas que eu falei depois da cirurgia para a retirada do tumor, eu dizia: tenho uma boa notícia para te contar — 'eu tive um câncer, mas agora não tenho mais', como uma projeção. A palavra tem muito poder. A minha mãe só chorou depois do meu tratamento, ela olhou nos meus olhos e confiou na minha verdade. Ela estava segura da minha cura".
Compartilhar nas redes sociais
"Contar sobre o diagnóstico é o segundo momento mais difícil, principalmente para quem você ama e para quem te quer bem. Pensei muito, porque a doença te torna vulnerável, são tantos processos, perdas, aceitação, tratamento, vitória...Eu não queria que as pessoas se preocupassem. Pensei: será que as pessoas me veriam como uma vítima fraca e triste? Porque eu não sou nada disso, sou uma mulher forte, para cima. Mas eu não saberia contar só no final da história.
Quando eu encontrava pessoas na rua, ficava pensando: será que ela não está passando pela mesma coisa que eu? Será que não precisa de mais um apoio, de um abraço? Aí, pensei que se elas soubessem o que eu estava passando, também iam passar mensagem positiva pra mim, também iam me abraçar. E outra, eu entrava pela porta principal do hospital, minha atitude de verdade era ser uma paciente oncológica normal. Alguém vai descobrir e alguém vai divulgar. Então, no dia 21 de maio, pensei em abrir meu coração é contar minha história, porque eu quero ser a dona dela."
Período do silêncio e como se preparar para contar
"Uma das pessoas que mais me abraçou foi minha grande amiga Ana Maria Braga. Ela viveu esse processo mais de uma vez. A primeira pessoa em quem eu pensei foi ela. E ela me deu uma injeção de ânimo tão grande! É a personificação da mulher vitoriosa. E ela me disse que contar (para o público) ia me fazer muito bem. E fez. Eu tinha certeza que ali, naquele núcleo, a maioria das pessoas me queria bem, torcia por mim. Eu não tinha ideia do alcance que a minha história teria".
Positividade na rede
"Não fui criticada por isso. Eu sou uma pessoa feliz. Nas redes, eu sempre fui muito verdadeira, eu não mostrei só os dias bons, eu também mostrei dias ruins, nublados, mas sempre com a certeza de que o sol renasceria. Inevitavelmente, eu sempre vejo o copo mais cheio do que meio vazio. Não seria diferente nesse processo, apesar da dor, das perdas, eu caminhava com fé, força e coragem para cura e ela chegou".
Força da família
"Eu tinha certeza que o comportamento do meu marido seria excepcional. Porque é um percentual muito grande de mulheres abandonadas pelos parceiros.
O meu ficou do meu lado desde o dia do diagnóstico até agora. Meu grande amigo, incentivador, me apoiou quando eu perdia cabelo, ele dizia: 'Imagina, você continua sendo minha mulher linda, maravilhosa, guerreira, que está vivendo e ensinando tanta coisa pra mim'. Ele nunca me deixou cair. E tive amparo dos meus pais, dos meus irmãos...Mas eu preciso dar esse mérito, o Boninho foi fundamental para minha vitória. O nosso amor agora é muito maior.
Ganhei mais do que perdi
"Por isso, eu falo que ganhei mais do que perdi com o câncer. Ganhei mais vida, mais significado para a minha vida, mais tempo. Aprendi muito sobre o tempo, o que cada dia representa na nossa vida. Eu era muito ansiosa, só pensava no amanhã. E a doença me ensinou que o amanhã só vale se a gente viver o hoje".
Tratamento anti-hormonal
"Continuo tendo alimentação saudável, mas agora eu cortei qualquer tipo de açúcar, enlatadas, frituras, sendo mais radical...O açúcar, bani, porque as células de câncer se alimentam de açúcar. Elas 'brilham'. O tumor que apareceu na minha mama era hormônio-dependente. Para não ter a chance de voltar, antecipei a menopausa, mas já estava praticamente lá. Aí sinto o calor...Mas me dá um prazer tão grande, porque se sinto, é porque estou viva".
Ambição de vida
"Minha maior ambição de vida é tempo. Meu maior sonho é ser bisavó. Quero viver muito pra ver meus bisnetos, no meu tratamento eu pensava isso: vou viver muito ainda. Quando o câncer aparece pra pessoa, é um último chamado. Se no primeiro momento eu perguntei por que eu, depois eu pensei por que não eu? Se ele veio, veio para me dar algum ensinamento".
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