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Caseiro é preso por engravidar enteada de 11 anos; mãe encobertou abusos

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Imagem: iStock

Daniel Leite

Colaboração para Universa

12/10/2019 04h00Atualizada em 12/10/2019 12h56

Um caseiro foi preso nesta semana acusado de engravidar sua enteada, uma garota de 11 anos. De acordo com a polícia, a mãe dela também foi presa porque sabia dos abusos e nada fez para contê-los.

A prisão do casal ocorreu no último dia 8, em Corumbá, a 427 km da capital Campo Grande, na casa da mãe dele.

O homem também é investigado, em Mato Grosso do Sul, pelo estupro de três menores, de 5, 8 e 13 anos.

Os dois estavam foragidos desde junho do ano passado, quando souberam que eram procurados pela polícia. Nesse período, chegaram a se esconder na Bolívia, de acordo com o delegado Luca Vendito Basso, responsável pelo caso, e em fazendas mato-grossenses, onde o homem trabalhava como caseiro.

O nome do casal não é revelado para que a identidade da garota, vítima de violência, seja preservada.

Abusos contra a enteada aconteceram durante dois anos

A menina, hoje com 15 anos, morava com a mãe, de 28 anos, e com o padrasto, de 47, em Ladário, cidade de 23 mil habitantes, próxima a Corumbá.

Os abusos ocorreram entre 2015 e 2016, segundo o delegado, e a menina tinha medo de contar o que acontecia para alguém. "A criança estava sofrendo, só que ele a ameaçava de morte caso contasse. Como ele morava na mesma casa que ela, cometia esses abusos quase diariamente", diz Basso.

De acordo com o delegado, era comum o padrasto tocar a menina à noite, até que um dia o abuso chegou à relação sexual. "Aconteceu a conjunção carnal, que resultou na gravidez. Aí ela resolveu contar para a mãe."

Mãe não tomou providências, mas familiares acionaram o Conselho Tutelar

Ao saber dos estupros, a mãe da garota não tomou providências, mas familiares dela ficaram sabendo e comunicaram o Conselho Tutelar, responsável por acionar a polícia. "A mãe tinha consciência dos abusos e nada fez", diz Basso.

O casal foi denunciado pelo Ministério Público Estadual, em 2018, por estupro de vulnerável resultando em gravidez, e a mãe denunciada com o agravante de omissão. O casal, então, abandonou a menina e fugiu. "Assim que foram denunciados, a Justiça decretou a prisão. Eles fugiram e passaram a ficar em fazendas da Bolívia e na fronteira", diz o delegado.

Durante as buscas, a polícia ficou sabendo que a mulher havia acabado de ter um bebê e, por esse motivo, o casal retornaria para a casa da mãe do suspeito, em Corumbá. Os dois foram presos cinco dias depois.

O suspeito assumiu ter engravidado a enteada e alegou que a menina o procurava, se "engraçando" para ele, de acordo com Basso. "Ele fala que foi consentido, o que não faz diferença para o crime de estupro de vulnerável. E a gente sabe que não foi consentido porque a criança reclamava", diz.

"Ele falava também que era pai de santo e que não era ele que fazia aquilo, mas um exu. A mãe dela disse que não sabia dos abusos, mas a própria criança já tinha contado. Ela tinha ciência."

Menina foi acolhida por tia

Como os pais fugiram para escapar da polícia, a menor, grávida, foi levada para a casa de acolhimento Amparo da Juventude, em Ladário.

A coordenadora do local lembra o quanto o comportamento da menor chamou a atenção. "A gravidez foi acompanhada, mas ela era um pouco rebelde. Não era quieta, talvez pelo histórico familiar e pelo trauma que passou", diz Sibele Bezerra.

Antes de dar à luz, a menina foi acolhida pela família de um tio materno. A mulher dele esteve no abrigo para oferecer sua casa à sobrinha. "Ela tem um apego muito grande por essa tia", afirma Sibele.

De acordo com a coordenadora, a hoje adolescente, a filhinha e os familiares com quem convivem são acompanhados por dois centros de referência de assistência social no município, um focado na prevenção e outro no tratamento de situações de vulnerabilidade social e risco. Os dois programas são ligados ao Ministério da Cidadania.

A filhinha da menor tem hoje três anos e está bem de saúde. A família participa do programa Criança Feliz, que faz visitas domiciliares para dar orientações sobre desenvolvimento infantil e a importância do vínculo familiar. "É feito acompanhamento por conta do histórico dela e da criança também", diz Sibele. "Eles sempre mandam relatório para sabermos como estão a criança e a mãe. Elas estão bem."

Suspeito teria abusado de outros menores

Enquanto estavam foragidos, o suspeito estuprou outra menina, de oito anos e parente dele, afirma o delegado. Essa garota contou que o homem abusava do próprio filho, de cinco anos. A polícia apura também o mesmo crime que teria sido cometido por ele contra uma adolescente de 13 anos. "Solto, ele, fatalmente, iria fazer outras vítimas. Prendendo esse homem, a gente evita que outras crianças tenham sua dignidade aviltada", diz Basso.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado, a vítima de abusos, que hoje é adolescente, ainda era criança quando engravidou do padrasto.